O chuveiro elétrico: invenção brasileira que não emplacou no mundo

O chuveiro elétrico, aquele queridinho do banho brasileiro, conquistou mais de 70% das casas do país. Essa inovação, criada pelo engenheiro Francisco Canho em Jaú, São Paulo, surgiu como uma alternativa prática em um momento de escassez de gás. O chuveiro não só facilitou a vida, mas se tornou um símbolo da adaptação dos brasileiros às suas condições.
A popularização do chuveiro elétrico aconteceu na década de 1950, quando a Lorenzetti adquiriu a patente e começou a produzir em larga escala. Com a chegada do plástico nos anos 60, o preço caiu e a segurança aumentou. Hoje em dia, é uma questão de conectar dois fios e uma resistência, sem precisar de caldeiras ou encanamentos. Essa simplicidade faz com que a instalação seja rápida e barata, sem necessidade de profissionais.
O clima tropical do Brasil também ajudou muito na aceitação do chuveiro elétrico. Com a água raramente em temperaturas extremas, não é necessário muito poder de aquecimento. Além disso, as casas menores, muitas vezes com um único banheiro, favorecem o uso descentralizado de aquecimento, evitando o desperdício.
Cultura vai além de simples hábitos; o banho quente é considerado um essencial de conforto. Muitos brasileiros chegam a tomar dois ou três banhos por dia, o que contrasta com culturas que preferem banhos mais rápidos e mornos. O uso de chinelos no box é outra marca desse costume. Originou-se em construções mais antigas, onde a falta de aterramento exigiu cuidados extras.
Embora o chuveiro elétrico tenha sido exportado para países com climas semelhantes, como Peru e Colômbia, ele ainda é visto como uma solução alternativa fora do Brasil. Em termos de infraestrutura, poucos lugares adotaram esse modelo como padrão, destacando a singularidade brasileira.
Aqui dentro, aquecedores a gás e sistemas solares têm atraído mais atenção dos consumidores com um poder aquisitivo maior. Entretanto, com os preços do gás e da energia elétrica em alta, o chuveiro elétrico continua sendo a opção mais acessível e prática.
Recentemente, chegou ao mercado uma novidade promissora: o chuveiro híbrido. Esse modelo combina eletricidade, energia solar e gás, podendo reduzir a conta de luz em até 74%. Segundo estudos, essa abordagem é mais eficiente que o aquecimento solar isolado, uma vez que mantém a temperatura da água estável mesmo em dias nublados.
As vantagens do chuveiro híbrido são atrativas:
- Economia de até 74% no consumo de energia
- Uso combinado de eletricidade, energia solar e gás
- Maior sustentabilidade ao reduzir emissões
- Modelos modernos com opções digitais e multitemperatura
- Retorno financeiro a médio prazo, especialmente para famílias que consomem muito
Embora as novas opções sustentáveis estejam surgindo, o chuveiro elétrico ainda se destaca pelo seu fácil acesso e custo inicial baixo, continuando a ser parte fundamental da rotina diária dos brasileiros. O desafio fica por conta de equilibrar tradição e inovação. Por enquanto, o chuveiro elétrico reina, mas as pressões por eficiência e sustentabilidade podem abrir espaço para os modelos híbridos nos próximos anos.