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Lago artificial no Sudeste tem 2.250 km² e 1.540 MW de potência

O Sudeste brasileiro abriga uma das maiores obras de engenharia hídrica do país: o reservatório da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, mais conhecida como Porto Primavera. Localizada no Rio Paraná, na divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, essa usina é um verdadeiro gigante, com uma área de 2.250 km², tornando-se o maior lago artificial da região e um dos maiores do Brasil.

Inaugurada em 1999, a usina tem uma potência instalada de 1.540 megawatts (MW), suficiente para iluminar milhões de lares. Mais de duas décadas após o enchimento do lago, Porto Primavera continua sendo essencial para o Sistema Interligado Nacional (SIN), que distribui energia pelo país, ajudando a manter o equilíbrio entre oferta e demanda.

Uma barragem entre as maiores do mundo

O projeto de Porto Primavera nasceu na década de 1970, em um período em que o Brasil buscava expandir sua infraestrutura elétrica. A ideia de construir uma usina no Rio Paraná, o segundo maior do Brasil, visava aumentar de forma sustentável a oferta de energia no país.

A barragem impressiona com seus 10,2 quilômetros de comprimento, um dos maiores paredões de concreto e terra já erguido por aqui. Essa estrutura grandiosa permitiu a formação de um lago tão extenso que, em vários pontos, a paisagem lembra um mar interior.

Potência de 1.540 MW: energia para milhões

Embora Porto Primavera não esteja entre as maiores usinas do Brasil em termos de potência — Itaipu e Belo Monte são bem mais robustas —, sua localização da um papel crucial. O Rio Paraná, que atravessa setores do Sudeste e Centro-Oeste, abriga várias usinas que dependem de um controle hídrico eficiente. Nesse cenário, Porto Primavera atua como regulador de vazão, garantindo estabilidade para outras hidrelétricas, como Ilha Solteira e Jupiá.

Essa função confirma a usina como “menor em potência, mas gigante em importância” na matriz energética nacional.

A transformação da paisagem e da sociedade

A criação do lago de 2.250 km² trouxe mudanças profundas para a geografia da região. Muitas áreas foram alagadas, o que resultou na remoção de famílias e na necessidade de construir novos bairros e até rodovias. Um dos impactos mais tristes foi o desaparecimento das Sete Quedas, um famoso conjunto de cachoeiras em Guaíra (PR), que foi submerso na década de 1980 após o fechamento das comportas de Itaipu.

As comunidades ribeirinhas foram deslocadas, e cidades como Presidente Epitácio (SP) e Bataguassu (MS) tiveram seu entorno transformado pela presença do lago.

Desenvolvimento e novos usos do reservatório

Apesar das perdas sociais e culturais, o reservatório trouxe diversas oportunidades econômicas. O lago de Porto Primavera movimenta setores como:

  • Turismo náutico e esportes aquáticos, com um foco especial em pesca esportiva e competições de vela.
  • Agronegócio, usando o lago para irrigação de plantações.
  • Abastecimento urbano e industrial, aproveitando a regularização hídrica para consumo e atividades fabris.

O turismo, assim como em outros grandes reservatórios, se tornou uma fonte de renda, com a criação de pousadas, marinas e infraestrutura de lazer.

Impactos ambientais e programas de mitigação

O enchimento do reservatório afetou os ecossistemas aquáticos, prejudicando espécies migratórias que perderam parte de seus habitats. Isso levou à necessidade de programas de repovoamento. Também houve mudanças nas várzeas, que são importantes para a biodiversidade local.

Para minimizar os danos, foram iniciados projetos de compensação ambiental, como a criação de áreas de preservação e monitoramento da qualidade da água e da fauna aquática. Contudo, muitos ambientalistas destacam que a perda de biodiversidade é um legado negativo de Porto Primavera, ilustrando o dilema enfrentado em grandes obras hidrelétricas: como garantir energia e, ao mesmo tempo, preservar ecossistemas.

O maior lago artificial do Sudeste em números

  • Área alagada: 2.250 km² (mais de 20 vezes a área da cidade do Rio de Janeiro)
  • Potência instalada: 1.540 MW
  • Ano de início de operação: 1999
  • Barragem: 10,2 km de extensão
  • Estados impactados: São Paulo e Mato Grosso do Sul

Esses dados consolidam Porto Primavera como um dos maiores empreendimentos hidrelétricos da região e um marco na engenharia nacional.

Papel estratégico após mais de 20 anos

Após mais de duas décadas, Porto Primavera ainda desempenha funções essenciais:

  • Estabilidade do SIN: ajuda a equilibrar a matriz elétrica em momentos de alta demanda.
  • Controle hídrico: regula cheias e estiagens no Rio Paraná.
  • Energia limpa: gera eletricidade renovável, reduzindo a dependência de termelétricas.

Em um cenário onde o Brasil busca ampliar suas fontes renováveis, a hidrelétrica reforça a relevância de grandes reservatórios para manter o equilíbrio energético.

O legado de Porto Primavera

O reservatório de Porto Primavera é mais do que um simples lago artificial; é uma obra colossal que transformou o Sudeste, redesenhou comunidades e se firmou como um ativo estratégico na matriz elétrica do Brasil. Seu legado mixa grandeza, desenvolvimento e questões ambientais em debates que ainda perduram. Após mais de 20 anos, a usina permanece como um pilar fundamental para o abastecimento energético e hídrico do país, representando uma época em que a hidreletricidade se consolidava como motor do progresso nacional.

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