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Fracasso imobiliário de US$ 100 bi se transforma em campus de startups

Um hotel abandonado em uma ilha da Malásia está passando por uma transformação bem interessante. Ele agora abriga um campus voltado para empreendedores de tecnologia e criptomoedas. Essa iniciativa é parte da Network School, uma escola idealizada por Balaji Srinivasan, que já foi executivo na Coinbase.

Esse projeto está acontecendo em Forest City, um empreendimento ambicioso que começou em 2016, fruto de uma parceria entre uma incorporadora chinesa e um fundo estatal malaio. A ideia era criar uma cidade futurista e sustentável, mas a pandemia e as dificuldades financeiras acabaram minando o sucesso do projeto. Hoje, a ocupação é bem baixa.

É nesse contexto que Srinivasan quer testar sua visão de “sociedades startups”. A proposta dele é que as pessoas escolham seus “países” da mesma forma que escolhem faculdades, focando mais em valores e interesses compartilhados do que em fronteiras tradicionais.

O conceito de novas nações

Srinivasan acredita que chegou a hora de repensar o conceito de Estado-nação. Durante uma palestra em Hong Kong, ele comentou que já podemos ver esse movimento nas pessoas buscando novas maneiras de se organizar. Ele pensa que Forest City pode ser o primeiro exemplo de um novo modelo global, mesmo que até agora essas ideias ainda estejam mais no plano teórico.

Por que Forest City?

Embora não tenha dado muitos detalhes sobre a escolha do local, a Bloomberg menciona algumas vantagens dessa região. O custo de vida é mais baixo, fica perto de Singapura e ainda conta com incentivos do governo malaio. Outra vantagem é a criação de uma zona de livre comércio, o que pode ser bem atraente para investidores.

Assim, o que antes era um projeto considerado um “elefante branco” se transforma em um espaço para inovação e novas formas de convivência.

Estrutura da escola

Até o momento, cerca de 400 estudantes passaram pelo campus. O custo para participar é de aproximadamente US$ 1.500 por mês, incluindo hospedagem e refeições em quartos compartilhados.

As manhãs são dedicadas a aulas de programação e desenvolvimento de produtos. Já nas tardes, as atividades incluem seminários sobre temas variados, como governança em Singapura e administração descentralizada. As palestras combinam prática técnica com questões ideológicas.

Além disso, a saúde e a longevidade são prioridades. Os alunos seguem uma dieta com alto teor proteico, inspirada em abordagens de saúde moderna. No restaurante do Marina Hotel, pratos como shakes de proteína e bifes estão sempre no cardápio.

O mentor por trás da ideia

Balaji Srinivasan tem uma história interessante no Vale do Silício. Ele cofundou a Counsyl em 2008, passou pela Andreessen Horowitz e foi CTO da Coinbase. Suas críticas ao modelo tradicional de empresas e governos são notórias. Em 2022, lançou o livro The Network State, onde discute a formação de comunidades que possam se estruturar de maneira descentralizada e buscar reconhecimento.

Srinivasan tem opiniões fortes sobre a política americana e acredita em uma nova “Tribo Cinza” de inovadores que pode revitalizar cidades como São Francisco.

Seleção e expansão

Um dos critérios curiosos para a seleção dos alunos é que quanto mais o candidato respeita instituições tradicionais, menor a chance de ser aceito. Para Srinivasan, a inovação exige um rompimento com o que já existe.

E ele não pretende parar por aí: o objetivo é construir um campus permanente em Forest City e depois replicar o modelo em cidades como Miami, Dubai e Tóquio.

Reflexos para Forest City

O que era um empreendimento imobiliário em crise agora se transforma em um espaço para novas ideias. Se esse modelo vai realmente funcionar, só o tempo dirá. Mas, com certeza, já trouxe uma nova perspectiva para essa parte da Malásia, atraindo atenção e movimentando a economia local.

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