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Ferrovia Centro-Atlântica: disputa de R$ 17 bilhões entre VLI e Rumo

No coração do Brasil, uma disputa de cifras impressionantes está tomando forma nas ferrovias. De um lado, temos a VLI Logística, que conta com o apoio da famosa mineradora Vale. Do outro, a Rumo Logística, a maior operadora ferroviária do país. A briga pela renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) não é só uma simples negociação, mas um movimento de R$ 17 bilhões que pode moldar o transporte de cargas e a competitividade do agronegócio nacional nas próximas décadas.

A concessão da FCA, que está sob a gestão da VLI e expira em 2026, se tornou um ponto crucial neste embate. O resultado dessa negociação pode reforçar a posição da VLI ou abrir portas para que a Rumo amplie sua influência sobre os corredores de exportação do Brasil.

O que é a Ferrovia Centro-Atlântica?

Para entender essa rivalidade, é fundamental saber o que é a FCA. Criada durante a privatização da antiga malha estatal em 1996, ela é a maior ferrovia do Brasil em extensão, com cerca de 7.200 km de trilhos. Ao conectar sete estados essenciais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além do Distrito Federal, a FCA é a principal rota que liga a produção do agronegócio do Centro-Oeste aos maiores portos do Sudeste, como o Porto de Santos. Por isso, controlar esta ferrovia é tão valioso.

O impasse de 2025: A VLI briga para renovar a concessão

A negociação para renovar a concessão da FCA já se arrasta por uma década. Com o contrato original prestes a expirar em 2026, o governo federal vem utilizando a renovação como uma forma de exigir novos e significativos investimentos.

Os valores envolvidos são astronômicos. A proposta de renovação, que atingiu um ponto crítico neste ano, exige que a VLI faça um investimento de R$ 13,8 bilhões na modernização da ferrovia, além de pagar uma outorga de R$ 3,3 bilhões ao governo. É um custo bastante elevado, mas que a VLI pode precisar encarar para garantir sua posição estratégica.

A rival Rumo e a disputa pelo agronegócio

No setor ferroviário de cargas no Brasil, estamos diante de um duopólio. A Rumo Logística se destaca como uma potência no transporte de grãos, focando em eficiência no agronegócio. Já a VLI apresenta uma operação mais diversificada, movimentando desde soja e açúcar até minério de ferro e combustíveis.

A concorrência entre ambas é acirrada, especialmente no Centro-Oeste. Enquanto a Rumo investe bilhões para expandir seus trilhos em Mato Grosso para levar a carga ao Porto de Santos, a VLI aposta no corredor Fiol, que promete conectar a produção de grãos aos portos do Nordeste. E a briga pela FCA é um capítulo central nessa disputa.

VLI vs. Rumo: Um comparativo financeiro dos gigantes em 2024

Os números da competição são reveladores. Em 2024, a Rumo reportou uma receita líquida de R$ 13,9 bilhões, 42% superior à da VLI. Além disso, sua capacidade de investimento foi maior, com R$ 5,5 bilhões em CAPEX, enquanto a VLI ficou com R$ 3,5 bilhões.

Essa vantagem financeira proporciona à Rumo mais força para seus projetos de expansão. A VLI, por outro lado, se sustenta pela diversidade das cargas que transporta. Portanto, a renovação da Ferrovia Centro-Atlântica é crucial para que a VLI continue competitiva e consiga responder aos avanços da Rumo.

O futuro dos trilhos: A renovação da FCA como um divisor de águas

A negociação sobre a renovação da concessão da FCA tem dois caminhos. Se a VLI ceder aos termos do governo, ela garante seu futuro, mas isso poderia comprometer sua capacidade de investimento em outros projetos.

Caso o acordo não avance, o governo pode optar por relicitar a malha ferroviária, fragmentando-a em trechos. Isso abriria uma oportunidade valiosa para a Rumo conquistar partes estratégicas da rede da VLI, alterando completamente o mapa logístico do Brasil e solidificando seu domínio de forma decisiva.

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