Feriado de 28 de julho no Maranhão: entenda a razão

No dia 28 de julho, o Maranhão comemora sua adesão à independência do Brasil, que ocorreu em 1823, quase um ano após a declaração oficial da independência. Essa data é um feriado exclusivamente estadual, pois o Maranhão foi um dos últimos estados a reconhecer a autonomia do país. O último a fazer isso foi o Pará, que se juntou à independência em 15 de agosto do mesmo ano.
Esse feriado foi instituído em 2 de outubro de 1964, pelo então governador Newton de Barros Bello, através da Lei nº 2457, que declara: “é feriado estadual o dia 28 de julho, data que assinala a adesão do Maranhão à independência”.
Historicamente, a adesão do Maranhão à independência não foi um processo simples. O estado tinha vínculos fortes com Portugal, o que dificultou a aceitação da separação. Entre 1751 e 1778, o Maranhão foi parte do Estado do Grão-Pará, subordinado diretamente à Coroa Portuguesa. Essa proximidade geográfica e a facilidade de comunicação marítima com Lisboa eram muito maiores do que com o Rio de Janeiro, a nova capital do Brasil.
Além disso, o Maranhão mantinha um intenso comércio e relações políticas com Portugal. Essas conexões influenciaram a resistência das elites maranhenses em apoiar a independência, levando até a movimentos que defendiam a manutenção do estado sob o Império português durante o processo de separação política do Brasil.
Foi somente em 1823 que surgiu a ideia de adesão à independência no Maranhão, impulsionada pela presença de tropas independentistas que vieram dos estados vizinhos, Piauí e Ceará. Houve conflitos no interior do estado, especialmente nas regiões de Caxias e São José dos Matões, onde as tropas leais a Portugal enfrentaram os independentistas. Essa situação causou isolamento e desabastecimento na capital, São Luís, que estava resistindo.
O desfecho da resistência aconteceu por mar, quando se esperava que reforços portugueses chegassem, mas eles nunca apareceram. O comando desse cerco ficou a cargo de Lord Thomas Cochrane, um mercenário escocês que ajudou a organizar a Marinha brasileira a pedido de Dom Pedro I. Em 26 de julho, Cochrane chegou à fortaleza de Santo Antônio da Barra, controlando o canal de acesso ao porto de São Luís.
Para enganar as forças portuguesas, Cochrane trocou a bandeira do Império brasileiro pela bandeira inglesa em seu navio, criando a impressão de que era um aliado. Com o cerco completo, ele exigiu a rendição do governo do Maranhão e o juramento de lealdade a Dom Pedro.
Dois dias depois, em 28 de julho de 1823, o Maranhão reconheceu a independência do Brasil, sem que fosse efetuado um disparo. Como reconhecimento por sua contribuição nessa conquista, Cochrane recebeu o título de marquês do Maranhão.
A adesão do Maranhão à independência é, portanto, um evento significativo na história do Brasil, marcado por fortes contradições e um processo que demorou para se concretizar.