Charles Leclerc lembra Jules Bianchi após dez anos de sua morte

A Tragédia de Jules Bianchi e seu Legado no Automobilismo
Há exatamente dez anos, o mundo da Fórmula 1 foi marcado por um acidente trágico que mudaria a história do esporte. Em outubro de 2014, o Tufão Phanfone atingiu o Japão, causando fortes chuvas no Circuito de Suzuka, onde o Grande Prêmio do Japão estava prestes a acontecer. Apesar das condições adversas, a corrida continuou. Durante a prova, o piloto Adrian Sutil, da Sauber, perdeu o controle de seu carro e colidiu com as barreiras de pneus, o que acionou bandeiras amarelas, indicando aos outros corredores que havia um acidente à frente.
Na volta seguinte, o desastre ocorreu quando Jules Bianchi, da equipe Marussia, também perdeu o controle em uma curva similar e colidiu com um veículo de recuperação que estava na pista a 126 km/h. Ele foi imediatamente levado ao Hospital Geral de Mie, onde passou por cirurgia devido a uma grave lesão na cabeça. Infelizmente, Bianchi nunca recuperou a consciência e faleceu em 17 de julho de 2015, aos 25 anos. Sua morte foi a primeira de um piloto na Fórmula 1 desde a tragédia de Ayrton Senna em 1994.
Esse trágico acidente resultou em mudanças significativas nas regras de segurança da Fórmula 1. Entre as novas medidas estão a introdução do dispositivo de segurança chamado "halo", que protege a cabeça dos pilotos, e o sistema de virtual safety car, que controla a velocidade dos carros em situações de risco, tudo desenvolvido em resposta ao acidente de Bianchi.
Bianchi era um talentoso piloto francês que, em 2014, conquistou os primeiros pontos da equipe Marussia ao terminar em nono lugar no Grande Prêmio de Mônaco. Ele tinha uma forte conexão com a Ferrari, sendo considerado um prometedor futuro piloto para a equipe, segundo Luca di Montezemolo, ex-presidente da Ferrari.
Charles Leclerc, piloto atual da Ferrari, teve uma relação especial com Bianchi, que era não só um amigo de infância, mas também seu mentor. Leclerc destaca a importância de Bianchi em sua carreira, afirmando que sem ele, não estaria onde está hoje. Desde criança, os dois formaram um laço forte através do karting, compartilhando momentos e aprendizados no circuito de Brignoles, que era administrado pelo pai de Bianchi.
"Éramos praticamente uma família", lembrou Leclerc. A partir do momento em que conheceram-se, ele começou a acompanhar Bianchi em suas conquistas e a aprender com suas habilidades. Leclerc descreve como aprendeu a fazer curvas e a usar os freios de maneira adequada, características que ele utiliza até hoje em sua carreira na Fórmula 1.
À medida que Bianchi progredia em sua carreira, Leclerc sempre o admirava e tentava reproduzir seus bons hábitos dentro e fora da pista. Bianchi foi um dos pilotos que contribuíram para o sucesso de Leclerc em sua jornada no automobilismo, investindo em seu futuro quando a família de Leclerc enfrentava dificuldades financeiras para manter sua carreira em karting.
Após a morte de Bianchi, Leclerc não esqueceu de seu amigo. Em sua homenagem, um evento de karting que eles costumavam participar foi reativado, conhecido como o "Maratona de Karting Jules Bianchi". O evento arrecada fundos para a Associação Jules Bianchi, que ajuda o hospital onde Bianchi foi tratado.
Nas corridas da Fórmula 1, o legado de Bianchi é constante. Desde 2018, os carros da categoria contam com o dispositivo halo, que ajudou a salvar vidas em acidentes, e o sistema de virtual safety car, que foi implementado após seu acidente. Quando Leclerc entra na pista, ele carrega a memória de Bianchi em seu coração, com o nome e as datas importantes de sua vida gravadas em seu capacete.
"Infelizmente, nunca corremos juntos na Fórmula 1, mas ambos realizamos o sonho de sermos pilotos. Tenho certeza de que ele estaria orgulhoso", finalizou Leclerc. A memória de Jules Bianchi continua viva no automobilismo, lembrando e inspirando novas gerações de pilotos.