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Mulher cria startup e pode pegar 30 anos de prisão por fraude

Uma história de sucesso que parecia promissora está se transformando em um pesadelo judicial. Charlie Javice, a fundadora de uma startup, vendeu sua empresa alegando ter dez vezes mais clientes do que a realidade. Agora, ela enfrenta um processo sério por fraude, o que pode resultar em uma sentença de até 30 anos de prisão, dependendo do que o tribunal decidir.

Charlie nasceu em 1993 em Nova York, em um lar que tinha bastante condição financeira. Filha de um gestor de fundos e uma professora, teve acesso a uma boa educação em escolas particulares. Desde jovem, mostrou-se interessada por negócios e inovação.

Aos 23 anos, decidiu fundar a Frank, uma startup com uma proposta ousada: facilitar o processo de inscrição no auxílio estudantil nos Estados Unidos, tornando tudo menos burocrático. A ideia era que os estudantes pudessem preencher os formulários do FAFSA em poucos minutos.

A startup que chamou a atenção do mercado

A Frank logo se destacou. Investidores de peso, como o bilionário Marc Rowan, injetaram milhões na empresa. Charlie ainda recebeu prêmios, incluindo uma menção na lista 30 Under 30 da Forbes, que destacou seu trabalho. Esse reconhecimento reforçou sua imagem como uma empreendedora promissora.

O crescimento da Frank fez com que, em 2021, a empresa despertasse o interesse da JPMorgan Chase. A venda, que foi fechada por nada menos que 175 milhões de dólares, foi baseada na expectativa de que a Frank tinha mais de 4 milhões de usuários cadastrados.

A descoberta da fraude

Após a compra, a verdade começou a vir à tona. A JPMorgan descobriu que a base real de usuários era de apenas cerca de 300 mil. As investigações mostraram que Charlie e seu sócio, Olivier Amar, contrataram um cientista de dados para criar uma lista falsa de clientes. Essa tática teve como objetivo inflar o valor da empresa na negociação.

Um detalhe importante foi que um engenheiro da Frank se recusou a fabricar dados falsos e, por isso, um especialista externo foi pago para gerar informações ilusórias. Essa estratégia se tornou crucial na acusação de fraude.

Processos e julgamento

Em dezembro de 2022, a JPMorgan processou Charlie. A plataforma Frank foi desligada logo depois, e as investigações criminais começaram, levando ao que estamos vendo agora.

Em abril de 2023, Javice foi formalmente acusada de quatro crimes: fraude bancária, eletrônica, fraude de valores mobiliários e conspiração. Ela acabou sendo liberada sob fiança de 2 milhões de dólares, mas com monitoramento eletrônico.

O julgamento teve início em fevereiro de 2025. A acusação argumentou que Charlie tinha enganado a JPMorgan intencionalmente, enquanto a defesa tentou mostrar que o banco estava mais interessado nela do que nos números propriamente ditos.

A condenação final

No dia 28 de março de 2025, um júri federal em Manhattan considerou Charlie culpada em todas as acusações. Agora, ela enfrenta a possibilidade de 30 anos de prisão, embora especialistas digam que a penalidade pode ser menor, dependendo de possíveis acordos legais.

Atualmente, Charlie permanece em liberdade com uma tornozeleira eletrônica enquanto aguarda a sentença final. Este caso se tornou um alerta sobre os riscos da cultura de "fake it till you make it", tão comum no mundo das startups. Além disso, a história dela evidencia como grandes empresas podem falhar na análise de dados durante aquisições que envolvem cifras altíssimas. A trajetória de Charlie, que antes era vista como exemplo de sucesso, agora é revisitada sob a luz da fraude corporativa.

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