CCE, Toshiba, Gradiente e Sharp: a queda das grandes marcas de eletrônicos

O Brasil passou por uma revolução nos anos 70 a 90 quando se fala em eletroeletrônicos. Foi um período marcado pela substituição de importações, a ascensão da classe média e o fortalecimento de áreas como a Zona Franca de Manaus. Nesse cenário vibrante, marcas como CCE, Toshiba, Gradiente e Sharp se tornaram muito populares, oferecendo produtos que estavam nas casas de muitos brasileiros.
Cada uma delas teve seu auge com inovações e preços mais acessíveis. Porém, assim como estrelas que apagam, essas marcas também enfrentaram crises e algumas até saíram do mercado. Vamos entender o que aconteceu com cada uma delas.
CCE: da popularidade às dificuldades
A CCE (Comércio de Componentes Eletrônicos) começou sua trajetória em 1964, fundada por Isaac Sverner. Inicialmente, a empresa importava peças eletrônicas, mas logo passou a fabricar produtos próprios, trazendo opções mais acessíveis para um mercado que ainda era elitizado. Com rádios, aparelhos de som, TVs e computadores, a CCE se destacou por preços inferiores aos da concorrência.
Nos anos 80, a CCE mergulhou no mundo dos videogames com modelos compatíveis com o Atari 2600. E nos anos 90 e 2000, também investiu em computadores e eletrodomésticos populares. Embora a marca não tenha a mesma reputação técnica que outras gigantes como Gradiente ou Toshiba, tornou-se uma das mais famosas do Brasil, apesar de piadas como “CCE: Comprei, Chorei, Entreguei”.
O que aconteceu com a CCE?
Nos anos 2010, a Lenovo adquiriu a CCE, visando aumentar sua presença no mercado nacional. Porém, em 2015, a gigante chinesa devolveu o controle à família Sverner devido a resultados abaixo do esperado. Desde então, a CCE desapareceu das grandes lojas, atuando agora em nichos, como o setor educacional. A produção diminuiu, mas a marca ainda sobrevive, longe do glamour de antes.
Toshiba: a gigante japonesa que virou sombra
Fundada em 1939 no Japão, a Toshiba fez história com inovações como o primeiro notebook comercial e o primeiro vídeo phone a cores. No Brasil, chegou em 1968 e se destacou a partir de 1977, com a criação da joint venture SEMP Toshiba, que produziu TVs com videocassete embutido.
O que aconteceu com a Toshiba?
Os problemas começaram com decisões estratégicas equivocadas. Em 2015, um escândalo contábil manchou a reputação da empresa, revelando fraudes nos lucros. Para piorar, perdas bilionárias com a falência de sua subsidiária de energia nuclear também afetaram a Toshiba. A marca se desfez de várias divisões e, após encerrar a parceria com a SEMP, deixou o mercado de varejo no Brasil.
Como está a Toshiba atualmente?
A Toshiba ainda existe, mas mudou de rumo. Hoje, atua em áreas como infraestrutura energética e industrial. Privatizada em 2023, a empresa busca se reerguer, longe dos holofotes do consumo popular.
Gradiente: a pioneira brasileira que ainda resiste
A Gradiente foi criada em 1964 em São Paulo por Luis Alberto Salvatore e Nelson Bastos. Começou fazendo rádios e amplificadores e, logo, se destacou com sistemas de som sofisticados. Nos anos 70, popularizou o conceito de “system” de som e lançou oficialmente o Atari 2600 no Brasil, além de parcerias com a Estrela para trazer consoles como Super Nintendo.
O que aconteceu com a Gradiente?
Após alguns altos e baixos financeiros, a Gradiente entrou em recuperação judicial em 2007. A concorrência intensa e a abertura do mercado na década de 90 acabaram com seu império. Em 2012, a empresa voltou como IGB Eletrônica, tentando se reinventar com celulares e reedições nostálgicas como o “Meu Primeiro Gradiente”, mas sem conseguir reconquistar seu espaço.
Como está a Gradiente atualmente?
Atualmente, a Gradiente se concentra em nichos, como produtos para a terceira idade e iniciativas nostálgicas. É a única das quatro marcas mencionadas que ainda permanece 100% nacional nos eletrônicos, mesmo com uma presença bem reduzida.
Sharp: da revolução japonesa ao fim da operação no Brasil
A Sharp foi criada em 1912 no Japão e contribuiu significativamente para a tecnologia, sendo conhecida por seus avanços em TVs, rádios e outros eletrônicos. No Brasil, entrou em 1972 e ganhou destaque nos anos 80 com seus produtos voltados à classe média.
O que aconteceu com a Sharp?
A Sharp enfrentou problemas no início dos anos 90, especialmente após a morte do empresário que liderava suas operações no Brasil, Matias Machline. Com dificuldades financeiras, a empresa declarou falência em 2002. Embora tenha retornado em 2011 com uma atuação focada em soluções para empresas, a marca não voltou a brilhar como antes.
Como está a Sharp atualmente?
Em nível global, a Sharp agora faz parte da Foxconn, que fabrica produtos para a Apple. Sua operação de consumo vem crescendo em algumas partes do mundo, mas no Brasil, a presença é quase invisível, atuando apenas por meio de parceiros licenciados.
O que restou de CCE, Toshiba, Gradiente e Sharp?
Essas marcas icônicas moldaram o que entendemos de eletrônicos no Brasil, mas atualmente poucas mantém uma presença relevante no mercado.
O fim de uma era — e a memória de marcas que marcaram gerações
O que aconteceu com CCE, Toshiba, Gradiente e Sharp é um reflexo das mudanças no mercado global de eletrônicos. Essas empresas foram sinônimo de inovação e modernidade. Elas não só marcaram a vida de diversas gerações, como também deixaram um legado importante sobre a importância de se adaptar e inovar continuamente.



