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Maior lago artificial do mundo gera energia há quase 60 anos

O Lago Volta, localizado em Gana, na África Ocidental, é uma verdadeira obra-prima da engenharia. Considerado o maior lago artificial do mundo em termos de área, ele cobre impressionantes 8.482 km², equivalentes ao território de Porto Rico ou quase quatro vezes a Grande São Paulo. Desde sua criação, oficializada em 1965 com a construção da Barragem de Akosombo, o lago tem sido fundamental para a energia e a economia do país, beneficiando milhões de pessoas e moldando a vida social e econômica em Gana.

A ideia de criar o Lago Volta surgiu nos anos 1950, durante o período de independência de Gana. O então líder do país, Kwame Nkrumah, acreditava que para simbolizar a autonomia de Gana e fomentar a industrialização, era necessário um projeto grandioso de infraestrutura. Assim, o Projeto Volta River foi concebido, visando à construção de uma barragem no rio Volta e a formação de um vasto reservatório.

A construção começou em 1961, apoiada financeiramente por países como os Estados Unidos e o Reino Unido, e foi finalizada em 1965. A barragem de Akosombo, com 134 metros de altura e 660 metros de comprimento, represou uma quantidade imensa de água, inundando vales inteiros e criando o maior lago artificial do planeta.

Um projeto que mudou a história de Gana

O Lago Volta não foi uma simples obra civil; ele também promoveu uma das maiores realocações humanas da África. Para permitir a inundação, cerca de 80 mil pessoas de 700 vilarejos tiveram de ser deslocadas, resultando na formação de novas comunidades às margens do lago. Hoje, o Lago Volta se estende por 400 km, atravessando quase todo Gana, e suas margens somam impressionantes 5.200 km. Suas águas armazenam mais de 148 bilhões de metros cúbicos, influenciando o clima local, a agricultura e servindo como um importante meio de transporte.

A barragem de Akosombo: o coração energético de Gana

No centro desse vasto cenário está a Usina Hidrelétrica de Akosombo, uma das maiores da África. Com capacidade para gerar mais de 1.020 megawatts, ela abastece aproximadamente 60% da eletricidade de Gana e ainda exporta energia para países vizinhos como Togo e Benin. Além disso, a usina de Kpong, construída posteriormente, complementa a capacidade de geração de energia na região.

Esse impulso energético trouxe grandes avanços para Gana, permitindo o desenvolvimento de indústrias e centros tecnológicos. A partir de então, o país se destacou como um dos poucos na África com um sistema elétrico confiável.

Um ecossistema único e fonte de subsistência

Com o tempo, o Lago Volta também se tornou crucial para a subsistência local. A pesca artesanal emprega mais de 300 mil pessoas, contribuindo para uma parte significativa do peixe consumido no país. O lago abriga mais de 200 espécies aquáticas, incluindo tilápias e peixes-gato, e se tornou uma importante rota fluvial, conectando comunidades isoladas.

Com estradas escassas, a navegação pelo lago se transforma em uma “rodovia líquida”, onde barcos transportam mercadorias, alimentos e pessoas de modo a reduzir custos logísticos.

Turismo e beleza natural

Apesar de sua origem mais voltada para a indústria, o Lago Volta atrai muitos turistas. O cenário é de tirar o fôlego, com águas tranquilas rodeadas por colinas, florestas tropicais e pequenas ilhas. Cidades como Akosombo e Kete Krachi se tornaram destinos turísticos, oferecendo passeios de barco e hospedagens com vistas deslumbrantes. A represa conta ainda com um centro de interpretação, que educa visitantes sobre sua importância histórica e funcionamento.

Entretanto, o lago enfrenta sérios desafios. A pesca excessiva, o desmatamento nas margens e a sedimentação ameaçam seu ecossistema. O trabalho infantil na pesca é outro problema, e tanto ONGs quanto o governo se mobilizam para combatê-lo. Nos últimos anos, Gana tem investido em programas de sustentabilidade, monitoramento ambiental e incentivo ao turismo ecológico, buscando proteção para o Lago Volta e suas comunidades.

Um legado que ultrapassa gerações

Quase 60 anos depois de sua criação, o Lago Volta é um símbolo de avanço tecnológico e da visão política de Gana. Ele não apenas redefine a geografia do país, criando novas oportunidades, mas também traz à tona desafios sociais decorrentes de grandes obras.

Atualmente, em um contexto de busca por energias limpas, o Lago Volta se mantém relevante. Ele não apenas abre portas para o desenvolvimento econômico, mas também alimenta sonhos e histórias de diversas famílias que vivem à sua volta. Esse lago gigantesco é mais do que uma simples realização da engenharia; é uma demonstração da capacidade humana de adaptar a natureza e um símbolo da força de um país que decidiu se reinventar por meio de seus recursos hídricos.

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