Óleos vegetais estão prejudicando a saúde dos americanos?

O perigo dos óleos de sementes: o que você precisa saber
Nos últimos tempos, uma polêmica tem rondado o mundo da alimentação: seriam os óleos de sementes prejudiciais à saúde? Essa discussão ganhou destaque quando o Secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., fez declarações fortes sobre esses óleos, como os de soja, canola e girassol, afirmando que eles estariam contribuindo para a obesidade nos Estados Unidos. Segundo Kennedy, a taxa de obesidade começou a aumentar quando esses óleos se tornaram mais comuns na dieta americana.
Especialistas em nutrição e saúde, no entanto, têm uma visão diferente. Muitos afirmam que, embora esses óleos não sejam tão benéficos quanto o azeite de oliva, as alegações de que eles são prejudiciais à saúde são exageradas. Christopher Gardner, cientista da nutrição e professor de medicina em Stanford, observa que pesquisas consistentes mostram que substituir gorduras saturadas, como as de carnes, por óleos vegetais pode levar a melhores resultados de saúde.
Recentemente, o fast-food Steak ‘n Shake anunciou que deixará de usar óleos de sementes para fritar suas batatas, optando pelo sebo bovino, o que foi celebrado por Kennedy. No entanto, estudiosos destacam que essa mudança não reflete consenso científico sobre os óleos de sementes. O relatório mencionado pela equipe de Kennedy sugere que esses óleos podem causar desequilíbrios nos ácidos graxos, contribuindo para inflamações.
Como são produzidos os óleos de sementes?
Os óleos de sementes, conhecidos como óleos vegetais, são extraídos das sementes de diversas plantas. Os críticos geralmente se concentram em oito tipos, como soja e canola, e argumentam que o processo de produção envolve o uso de calor e produtos químicos, como o hexano, que pode ser prejudicial. Esse solvente é removido durante o processamento, mas pequenas quantidades podem permanecer. Os especialistas, no entanto, afirmam que essas quantidades são muito baixas para causar efeitos tóxicos.
Os óleos de sementes e a inflamação
Uma preocupação comum em relação aos óleos de sementes é sua suposta contribuição para a inflamação no corpo. Dr. Casey Means, indicado como cirurgião geral por Donald Trump, afirmou que esses óleos aumentam a inflamação. A justificativa está nas quantidades mais elevadas de ácidos graxos ômega-6 e menores de ômega-3 encontrados nesses óleos, que podem influenciar os processos inflamatórios do organismo.
Entretanto, especialistas como Sarah Berry, da King’s College London, apontam que a evidência de que os ômega-6 promovem inflamação crônica não é consistente. Estudos controlados mostraram que aumentar a ingestão de óleos de sementes não está relacionado a níveis mais altos de inflamação no corpo.
Além disso, os ômega-6, presentes nesses óleos, são reconhecidos por ajudar a reduzir o colesterol LDL, o que diminui o risco de doenças cardíacas. A American Heart Association recomenda seu consumo como parte de uma dieta saudável.
O equilíbrio entre ômega-6 e ômega-3
Atualmente, a dieta americana é composta em média por dez vezes mais ômega-6 do que ômega-3. Especialistas concordam que é importante encontrar um equilíbrio melhor entre esses dois tipos de ácidos graxos. Para isso, recomenda-se aumentar a ingestão de ômega-3 por meio de peixes como salmão e sardinha, além de nozes e sementes de linhaça.
Os cientistas também alertam contra a ideia de eliminar completamente os ômega-6 da dieta, lembrando que eles são essenciais e necessários em quantidades adequadas.
Os riscos dos alimentos ultraprocessados
Um ponto comum entre os especialistas é que a crescente presença de óleos de sementes é um reflexo da alta quantidade de alimentos ultraprocessados na dieta dos americanos, que costumam ser ricos em açúcares e gorduras não saudáveis. Estes alimentos têm mostrado estar relacionados a piores resultados de saúde.
Pesquisadores como Berry e Gardner sugerem que não se pode responsabilizar apenas os óleos de sementes pela correlação entre seu consumo e o aumento de doenças crônicas. Eles acreditam que o foco deve estar em reduzir a ingestão de alimentos ultraprocessados e aumentar o consumo de frutas, vegetais e leguminosas.
Conclusão
Em resumo, as evidências sobre os óleos de sementes e seus efeitos à saúde são complexas e muitas vezes mal interpretadas. O que os especialistas recomendam é uma dieta balanceada, evitando o excesso de alimentos ultraprocessados. Utilizar óleos de sementes com moderação, especialmente em preparações que estimulam o consumo de vegetais, pode ser uma escolha saudável.