C/2025 V1 Borisov é detectado e não apresenta cauda

Um novo objeto foi detectado atravessando o nosso Sistema Solar, e isso só aumenta a lista de visitantes cósmicos que têm deixado os astrônomos intrigados desde a aparição do ‘Oumuamua em 2017. Essa descoberta ocorreu em 2 de novembro de 2025, quando o astrônomo Gennadiy Borisov, do Observatório Margo, na Crimeia, avistou o objeto, que agora é chamado de C/2025 V1 Borisov.
O que torna essa descoberta tão interessante é o seu timing e algumas características únicas. Assim como aconteceu anteriormente com o cometa 3I/ATLAS, este novo cometa não apresentava a famosa “coma”, que é a cauda de gelo e poeira típica dos cometas. Essa ausência chamou atenção e coincidiu com o momento em que o 3I/ATLAS estava escondido atrás do Sol, gerando muitos questionamentos sobre a verdadeira natureza desses visitantes cósmicos.
A descoberta de Gennadiy Borisov
Gennadiy Borisov não é um novato nesse mundo. Ele é o mesmo que descobriu o 2I/Borisov em 2019. Na noite de 2 de novembro de 2025, ele vislumbrou algo inédito em seu telescópio. O que ele viu não era o 3I/ATLAS, nem o 2I/Borisov, mas algo novo e totalmente diferente, o que o intrigou. O mais curioso era a falta da cauda cometária.
Ciente do potencial que descobertas como essa podem ter, Borisov foi cauteloso. Logo, envolveu colegas na pesquisa para validar a observação e esclarecer qualquer dúvida. Para os cientistas sérios como ele, o foco está no trabalho rigoroso da astronomia, que muitas vezes passa despercebido pelo grande público.
O que é o C/2025 V1 Borisov?
O C/2025 V1, agora confirmado, seguia uma trajetória silenciosa. Normalmente, a cauda dos cometas se forma quando o gelo e a poeira de seu núcleo são aquecidos pela proximidade ao Sol. Essa falta de signo típico o fez parecer curioso e o ligou às enigmaticidades do 3I/ATLAS.
Poucos dias após a descoberta de Borisov, astronomos ao redor do mundo conseguiram confirmar que o cometa era real e já estava a caminho de nosso sistema. Com a maior aproximação da Terra prevista para 11 de novembro, ele passou a cerca de 103 milhões de quilômetros, que equivale a quase 270 vezes a distância da Terra até a Lua. Com uma magnitude aparente de 13,8, ele não podia ser visto a olho nu, sendo necessário um telescópio potente para observá-lo. Para os observadores dedicados, ele se apresentou discretamente na constelação de Virgem, antes do nascer do Sol.
A sombra do 3I/ATLAS e as teorias de Avi Loeb
A coincidência temporal entre as duas descobertas gerou um turbilhão de especulações. O C/2025 V1 foi detectado exatamente quando o 3I/ATLAS, conhecido por suas anomalias, estava oculto atrás do Sol. Alguns portais de notícias chegaram a sugerir, sem embasamento científico, que o novo cometa poderia ser uma “sonda de apoio” enviada pelo 3I/ATLAS.
Essas especulações ganharam força, especialmente com as teorias do astrofísico Avi Loeb, de Harvard, que sugeriu que certos objetos interestelares poderiam ser tecnologias alienígenas. Ele chegou a descrever o C/2025 V1 como um “objeto quase interestelar”. Embora esse termo cause estranheza, ele se refere a uma órbita extremamente excêntrica, o que sugere que o objeto poderia ser originário de fora do Sistema Solar, mas ainda assim sob a influência gravitacional dele.
Apesar do burburinho, Loeb se afastou de teorias mais audaciosas. Ele escreveu que, se o cometa não apresentar sinais de propulsão não gravitacional, não há razão para acreditar que seja uma sonda alienígena. Além disso, cálculos mostraram que a distância mínima entre o 3I/ATLAS e o C/2025 V1 foi de 225 milhões de quilômetros, muito longe para qualquer tipo de contato físico.
De onde vêm tantos visitantes cósmicos?
A astronomia está vivendo um momento fascinante. Desde o ‘Oumuamua em 2017 e o 2I/Borisov em 2019, passando pelo 3I/ATLAS e agora o C/2025 V1, nunca houve tantos objetos cósmicos novos sendo monitorados em um período tão curto. O Sistema Solar é bastante movimentado; segundo a NASA, existem cerca de 3.650 cometas e 210.000 asteroides catalogados, além de muitas luas e outros objetos.
A maioria dos cometas que conhecemos, como o famoso Cometa Halley, que atravessa nosso céu a cada 76 anos, é “periódica”. Por outro lado, os que vêm de fora, como os interestelares, são oportunidades únicas de estudo. O consenso entre os cientistas é que o C/2025 V1 não é uma nave e não está em rota de colisão. A explicação mais plausível é que ele venha da Nuvem de Oort, uma região distante do Sistema Solar repleta de bilhões de fragmentos de gelo e rocha, de onde muitos cometas de longo período se originam.
Enquanto o C/2025 V1 Borisov continua sua viagem silenciosa, o 3I/ATLAS voltou a ser visível após seu periélio em 29 de outubro, mostrando novamente mudanças misteriosas em brilho e cor.
O C/2025 V1 Borisov é mais um lembrete de que o espaço está cheio de surpresas. A recente onda de objetos curiosos traz à tona uma pergunta intrigante: será que estamos apenas observando rochas geladas ou esses objetos poderiam, de fato, ser artefatos de inteligências distantes?



