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Vendedor devolve Pix de R$ 275 mil recebido por engano

O que você faria se visse R$ 275 mil na sua conta, de um dia para o outro? Para o vendedor Daniel Franco de Oliveira, de 35 anos, a resposta foi clara: devolver. E foi isso que ele fez em uma sexta-feira, 1º de abril de 2022. Ao receber um Pix inesperado no valor de R$ 275.307,01, a princípio, Daniel pensou que era uma brincadeira de 1º de abril. Mas, para sua surpresa, o dinheiro era de fato real, resultado de um erro bancário.

Daniel, que trabalha em uma empresa de produtos veterinários e ganha um salário mínimo, ficou sem palavras ao ver a quantia de repente na sua conta. “Pensei que era algum golpe, não fazia sentido. Depois, cheguei a achar que era uma piada”, comentou, sentindo um misto de assombro e desconfiança a ponto de considerar reiniciar o celular, achando que o aplicativo poderia estar com problemas.

Após alguns minutos, ele percebeu que o dinheiro tinha sido enviado por uma empresa com a qual nunca havia feito transações. Logo, Daniel foi atrás da verdade. “Não consegui me imaginar usando um dinheiro que não era meu. Fiquei pensando em quem poderia estar desesperado procurando essa quantia”, explicou.

O dia em que um erro bancário virou exemplo de caráter

Assim que verificou que houve realmente um erro e o valor era legítimo, Daniel imediatamente procurou sua gerente no banco para comunicar o ocorrido. A equipe do banco confirmou que foi um engano e acionou o departamento jurídico para organizar a devolução.

Embora ele não tivesse nenhuma obrigatoriedade de devolver o dinheiro — já que a transação tinha sido realizada —, Daniel insistiu que o valor fosse estornado rapidamente. Em uma entrevista, ele ressaltou que não foi por medo que tomou essa decisão, mas sim por princípios. “Não conseguiria dormir sabendo que fiquei com algo que não era meu. Imagina alguém que depende desse dinheiro para pagar contas, dívidas, ou aluguel. Seria muito injusto”, afirmou.

O gesto de Daniel fez sucesso nas redes sociais. Muitos elogiaram sua honestidade, dizendo que valia muito mais do que os R$ 275 mil que recebeu. Em tempos em que histórias de fraudes digitais e apropriações indevidas são cada vez mais comuns, a atitude de Daniel se tornou um verdadeiro símbolo de caráter e humanidade.

Enquanto boa-fé como a dele pode ser rara, o Brasil tem visto um aumento nos casos de disputas judiciais relacionados a transferências erradas. Entre 2024 e 2025, tribunais pelo país julgavam muitos processos em que quem recebeu um Pix irregular gastou o dinheiro ou se recusou a devolver, alegando tudo, desde erro do banco até presente de alguém desconhecido. Os juízes têm penalizado esses casos com multas pesadas, incluindo correções e danos morais.

Recentemente, uma história chamou a atenção: uma construtora transferiu R$ 48 mil por engano para uma mulher que usou a quantia para reformar a casa e acabou se tornando ré em um processo judicial. Em outro caso, um trabalhador que recebeu R$ 10 mil indevidamente bloqueou o remetente e alegou estar desempregado, mas perdeu a disputa e teve que devolver tudo com multa.

Daniel, por outro lado, tomou um rumo diferente. Sua escolha reforça uma mensagem importante em tempos de ganância: honestidade ainda é valiosa.

“Não consigo me imaginar usando dinheiro que não é meu”

A frase que Daniel disse ressoa como um verdadeiro mantra: mesmo com uma vida simples e um salário baixo, ele não hesitou em devolver a quantia. O banco confirmou que a devolução foi finalizada no mesmo dia. A empresa que havia cometido o erro até agradeceu a ele pessoalmente.

O ato de Daniel se destaca em meio a muitos outros que escolhem se aproveitar de situações semelhantes. Ao invés de tirar vantagem, ele agiu conforme suas convicções — sem esperar retorno ou reconhecimento. “Faria de novo, com qualquer valor. Não é porque alguém errou que eu posso tirar proveito disso”, declarou.

Uma história que se tornou exemplo

O gesto de Daniel ganhou elogios de economistas e juristas que ressaltaram a importância de atos individuais em tempos de crise ética. O advogado especializado em direito financeiro, André Fernandes, comentou que, embora devolver o dinheiro errado seja uma obrigação legal, “a rapidez e a boa-fé do recebedor marcam o tom da situação”. A postura de Daniel foi considerada “rara e admirável”, pois evitou que o caso se transformasse em um trâmite judicial.

A sua história é um lembrete de que, mesmo diante de tentações, há quem opte pelo caminho da integridade. A devolução dos R$ 275 mil não só evitou complicações legais, mas também fez dele um exemplo de caráter. “Não é questão de ser bonzinho. É só fazer o que é certo”, concluiu.

Em um mundo repleto de notícias sobre desonestidade, o gesto desse vendedor se destaca pela simplicidade. Daniel Franco de Oliveira mostrou que, às vezes, o melhor lucro é manter a consciência tranquila — e que a honestidade ainda pode inspirar muitos.

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