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Ramal do Salgado: água e futuro para 54 municípios no Ceará

No sertão do Ceará, onde cada período de seca traz desafios antigos, está em pleno andamento a construção do Ramal do Salgado. Esse projeto ambicioso está destinado a levar água, segurança e previsibilidade para nada menos que 54 municípios. Com um investimento superior a R$ 600 milhões, essa obra complexa combina canais, túneis em rocha, aquedutos elevados e um sistema de controle em tempo real.

Derivado do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco, o Ramal tem a missão de aumentar o abastecimento do açude Castanhão, o principal reservatório do estado. Se tudo correr como planejado, a entrega está prevista para 2027, podendo beneficiar diretamente até 4,7 milhões de pessoas. Isso significa uma grande redução no risco de crises hídricas tanto em áreas urbanas quanto rurais.

O que é o Ramal do Salgado e onde passa

O Ramal do Salgado é um prolongamento do PISF, criado especificamente para diminuir em cerca de 150 km a distância que a água precisa percorrer até o Castanhão. O trajeto iniciado no reservatório Jati atravessa regiões críticas do sul do Ceará, incluindo municípios como Lavras da Mangabeira e Ipueiras/Palmeir, antes de se conectar ao Cinturão das Águas, que redistribui a água pelo estado.

Com uma extensão total de quase 36 km, sendo aproximadamente 34 km de percurso efetivo, o Ramal busca criar uma rede de segurança hídrica. Ele vai ajudar a reduzir perdas durante o transporte e aumentar a confiabilidade do abastecimento, especialmente em tempos de seca severa.

Quanto custa e quem está por trás

O projeto tem um financiamento estimado de mais de R$ 600 milhões, utilizando recursos do Novo PAC em parceria com as estruturas estaduais de recursos hídricos. O canteiro principal, localizado próximo a Lavras da Mangabeira, atua como um hub logístico, garantindo que o cimento, o aço e outros materiais essenciais cheguem constantemente às obras.

Atualmente, mais de 1.000 trabalhadores e diversos equipamentos estão na ativa. A fiscalização é intensa, com auditorias regulares e uma série de controles para garantir que a obra seja realizada com qualidade e transparência.

Como a engenharia faz a água chegar

A engenharia envolvida no Ramal combina canais a céu aberto, túneis escavados em rocha, sifões invertidos e aquedutos elevados. Essas estruturas permitem que a água atravesse vales e desníveis de forma eficiente. É um trabalho meticuloso, onde cada parte exige uma coordenação entre geologia, hidráulica e engenharia de estrutura.

O controle operacional do Ramal é bem avançado: ele integra comportas metálicas, telemetria e sistemas automatizados, que permitem o monitoramento de vazões, níveis e pressões em tempo real. Tudo isso é gerenciado pelo SECOI, o centro de controle que coordena essas operações no estado.

Cronograma, avanço físico e marcos já entregues

Atualmente, o avanço das obras não é consenso. As estimativas federais indicam que já se passou de 20%, enquanto os dados estaduais falam em cerca de 10,45%. Ambas as estimativas, no entanto, concordam que o projeto ainda está em fase inicial. Espera-se que a obra seja finalizada em junho de 2027, dependendo de fatores como clima e geologia.

Entre os marcos já alcançados estão as escavações de túneis, a montagem de pilares para os aquedutos e a concretagem de trechos de canal. A estratégia de construção é segmentada, com frentes independentes, visando evitar atrasos em um terreno que pode ser difícil de prever.

O impacto esperado para o Ceará

O Ramal do Salgado promete estabilizar o abastecimento de água em áreas urbanas e rurais. Com essa segurança hídrica, espera-se que setores como a agroindústria e outros serviços essenciais possam prosperar. Isso pode abrir espaço para novos investimentos e desenvolvimento econômico no semiárido.

Para os moradores, o impacto mais imediato será a redução do racionamento de água e a resiliência do sistema durante longos períodos de seca. A água contínua pode trazer um aumento na renda agrícola, diversificando as atividades e melhorando indicadores sociais.

Desafios técnicos e de governança

Os trechos onde a água passa por rochas cristalinas exigem técnicas sofisticadas, como perfurações com explosivos e revestimentos duráveis. As travessias por sifões precisam de montagens de precisão. Fatores externos como ventos fortes e cheias podem complicar ainda mais o trabalho.

Do ponto de vista institucional, a complexidade do projeto requer fiscalização constante e ajustes frequentes no cronograma. É fundamental ter metas claras, indicadores de desempenho e uma comunicação aberta com os municípios que serão beneficiados.

O que muda na vida real

Se o cronograma for seguido com qualidade, o Ceará poderá contar com um novo sistema que garante mais confiabilidade na distribuição de água. Para quem reside no semiárido, isso significa maior capacidade de planejar safras, evitar perdas e garantir o funcionamento de serviços essenciais sem interrupções.

Essa transformação pode ser silenciosa, mas certamente fixa famílias no território e abre portas para novas oportunidades. O Ramal do Salgado representa uma política de segurança hídrica que visa um futuro melhor e mais sustentável para o estado, com um foco na qualidade de vida das pessoas que ali vivem.

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