Fim do rodízio em SP: mais de 200 mil híbridos no trânsito

São Paulo se encaminha para um cenário em que o rodízio municipal pode não ser tão eficaz quanto antes. Com o aumento na quantidade de carros híbridos e elétricos, a cidade pode ver um crescimento no tráfego durante os horários de pico. Isso foi destacado pela colunista Paula Gama em um vídeo no YouTube, onde ela explicou que essa regra, que existe há décadas e ajuda a organizar o trânsito, está se tornando menos eficaz devido à crescente presença de veículos isentos de restrições.
Crescimento da frota eletrificada em São Paulo
Atualmente, São Paulo já conta com mais de 200 mil veículos eletrificados que não precisam seguir as normas de rodízio. E esse número só tende a crescer. Segundo Paula, a maioria dos novos modelos lançados por aqui possui pelo menos uma versão híbrida. As novas regras ambientais que entram em vigor a partir de 2027, previstas na Proconve L8, também vão fazer com que mais montadoras se adaptem e acelerem a eletrificação.
Ela comentou que muitos dos consumidores estão optando por modelos híbridos não tanto pela vantagem energética, mas pela liberdade de poder circular sem restrições em qualquer dia. Essa mudança amplia a quantidade de veículos nas ruas, especialmente nos horários de maior movimento. De acordo com Paula, o rodízio pode se tornar mais uma regra no papel, já que a maioria dos carros novos ficará isenta.
Desigualdade e impacto sobre a mobilidade
Essa transformação também levanta a questão da desigualdade. O rodízio tem sido alvo de críticas justamente por impactar mais quem tem apenas um carro e não pode investir em um modelo que não enfrente restrições. Pessoas com maior renda conseguem, muitas vezes, ter dois veículos ou migrar para carros híbridos, contornando a regra que ainda se impõe à população de menor renda. Como Paula observou, "quem tem menos é quem acaba penalizado de fato".
É interessante lembrar que o rodízio foi criado em 1997 com a intenção de diminuir a poluição. Com o tempo, a legislação mudou e, desde 2018, passou também a visar a redução do fluxo de trânsito nos horários de pico. Com a crescente eletrificação, há um risco real de que o sistema não atinja mais nenhum dos objetivos para os quais foi criado.
Híbridos leves e o descolamento da proposta ambiental
A discussão sobre a presença de híbridos leves também merece destaque. Diferente dos híbridos tradicionais, esses veículos não utilizam motor elétrico para impulsionar o carro, apenas ajudam o motor a combustão. Segundo Paula, esses carros não reduzem significativamente as emissões, mas ainda assim ficam isentos do rodízio. Essa situação cria um descompasso entre a proposta ambiental original do rodízio e sua aplicação real na cidade.
Debate público e ausência de alternativas claras
Enquanto isso, as alternativas para lidar com o crescimento do tráfego continuam sendo debatidas, mas sem um avanço real. Discussões sobre pedágios urbanos e mudanças nas regras do rodízio são comuns, mas parece que a adminstração atual não se compromete a enfrentar o assunto. Isso acontece porque qualquer mudança pode gerar resistência, afetando milhões de motoristas diariamente.
Paula ainda apontou que muitos moradores acreditam que o fim do rodízio seria positivo, até perceberem que isso poderia piorar o trânsito se o número de carros aumentasse ainda mais. Vale lembrar que São Paulo já possui a maior frota do Brasil, e a tendência do mercado automotivo mostra que essa situação só tende a se intensificar.



