No dia 1º de setembro, a Globo reestreia a novela “Terra Nostra”, um dos grandes sucessos do autor Benedito Ruy Barbosa. Originalmente exibida em 1999, a trama agora volta ao ar no quadro “Edição Especial”. Escrita em colaboração com Edmara e Edilene Barbosa e dirigida por Jayme Monjardim, a novela aborda a chegada dos imigrantes italianos ao Brasil no final do século XIX. Esse período foi marcante para a economia cafeeira e as transformações na vida rural do país.
A história é centrada no coronel Gumercindo, papel interpretado por Antonio Fagundes. Ele é proprietário de uma fazenda de café que enfrenta dificuldades após a abolição da escravidão. A vinda dos imigrantes italianos traz tanto esperança quanto conflitos. Acostumado a ser temido, Gumercindo deve se adaptar à nova realidade, lidando com trabalhadores que exigem direitos e não aceitam sua autoridade de forma passiva. Ao longo da trama, a evolução de Gumercindo reflete as mudanças que o Brasil estava passando na época.
Gumercindo é casado com Maria do Socorro, interpretada por Débora Duarte, e é pai de duas filhas: Rosana e Angélica. O personagem apresenta uma postura rígida e autoritária, frequentemente culpando a esposa pela falta de um herdeiro homem, o que causa conflitos familiares. Antonio Fagundes, que dá vida a esse complexo personagem, revelou que seu interesse pela época começou na década de 70, o que lhe forneceu uma base histórica importante para sua interpretação.
Além do reencontro com Débora Duarte, com quem já havia atuado na novela “Corpo a Corpo” de 1984, Fagundes compartilhou a tela com outros nomes de peso, como Raul Cortez, Maria Fernanda Cândido e Ângela Vieira. O ator recorda com carinho a colaboração em “Terra Nostra” e comentara sobre a atmosfera descontraída das gravações.
Durante a entrevista, Fagundes também mencionou como a novela se conectou a um momento significativo de sua carreira. Na época, ele estava em cartaz com a peça “Últimas Luas”, e havia passado sete anos apresentando “Morte Acidental de um Anarquista,” uma obra do dramaturgo italiano Dario Fo. Essa vivência com a dramaturgia italiana, segundo ele, enriqueceu sua performance em “Terra Nostra”.
O ator ainda relembrou outras experiências formativas, como sua participação no filme “Gaijin – Os Caminhos da Liberdade” (1979), que tratava da imigração e que teve similaridades com a história italiana abordada na novela. Para Fagundes, cada papel na sua trajetória o preparou para contar essas histórias.
Ele também comentou as boas lembranças que guarda da produção, destacando o talento do elenco e o ambiente de trabalho harmonioso.
Dupla presença na Globo
Curiosamente, o retorno de “Terra Nostra” coincide com outra atuação de Fagundes nas tardes da emissora. Atualmente, ele também pode ser visto como Otávio em “A Viagem,” que está sendo reexibida no programa “Vale a Pena Ver de Novo.” Essa oportunidade de transitar entre dois papéis tão distintos traz grande satisfação para o ator, que considera isso um privilégio na carreira.
Legado e impacto cultural
A novela “Terra Nostra” conquistou reconhecimento internacional, sendo vendida para mais de 80 países, incluindo Itália, Portugal, Rússia e Estados Unidos. Esse sucesso ajudou a consolidar as produções brasileiras no exterior, abrindo caminho para outras obras de Benedito Ruy Barbosa, como “O Rei do Gado” e “Esperança.”
