Notícias

Megaconstrução da primeira cidade florestal sustentável avança

Imagine entrar em uma cidade onde a natureza não é apenas um cenário, mas a verdadeira protagonista. Visualize uma cidade inteligente que respira em harmonia com o planeta, funcionando com energia limpa e uma mobilidade urbana que parece saída de um filme de ficção científica. Essa nova “The Line da América do Sul” está tomando forma a apenas 100 km de Cancún, em um lugar onde a tecnologia e a floresta se tornam vizinhas inseparáveis.

O projeto já está em fase de construção acelerada e promete colocar o México no centro das conversas sobre desenvolvimento sustentável. Com entrega prevista para 2026, essa megaobra se destaca como um dos experimentos urbanos mais ousados do século XXI.

A cidade-floresta renasce na era da construção sustentável

Idealizada pelo arquiteto italiano Stefano Boeri, conhecido pelos seus arranha-céus vegetais, a proposta vai muito além. Ele visa recuperar a essência das antigas cidades-florestas maias e trazer esse conceito para o futuro. Não estamos falando de algumas árvores soltas por aí, mas de 7,5 milhões de plantas, incluindo 260 mil árvores de 400 espécies diferentes, espalhadas por incríveis 557 hectares.

Esse montante de vegetação representa a devolução de cerca de 400 hectares de vida verde ao ambiente. Na prática, cada um dos habitantes da cidade terá, em média, 2,3 árvores à sua disposição, colocando o projeto entre os maiores experimentos de reflorestamento urbano do mundo.

De acordo com Boeri, o objetivo é “criar um modelo de cidade verdadeiramente sustentável, integrando a biodiversidade ao cotidiano das pessoas”. A Organização das Nações Unidas, por meio de estudos do UN Environment Programme, afirma que estruturas verdes assim são essenciais para reduzir temperaturas, filtrar poluentes e fortalecer a resiliência climática. Por isso, essa cidade no México estima absorver 116 mil toneladas de CO₂ por ano e armazenar outras 5.800 toneladas, funcionando como um grande pulmão urbano.

Energia limpa em todos os cantos: um círculo solar que alimenta a cidade

O núcleo energético do projeto será um vasto anel de painéis solares, cercando toda a área urbana. Com esse sistema, cada prédio, praça e rua será alimentado por eletricidade renovável, eliminando a dependência de combustíveis fósseis.

A proposta está alinhada com as orientações do World Resources Institute sobre cidades de baixo carbono, que têm o potencial de diminuir até 20% das emissões globais até 2050, caso adotem sistemas semelhantes.

Além disso, a gestão de resíduos segue uma lógica circular. Todo resíduo será reaproveitado ou reciclado, formando um ciclo fechado de consumo. A engenheira ambiental Maria Lopez comentou que “estamos criando um ecossistema onde cada recurso é valorizado”.

A cidade também terá áreas agrícolas irrigadas em sua volta, produzindo alimentos suficientes para abastecer seus moradores. Isso deve reduzir custos e emissões de transporte, um ponto que se alinha com recomendações do IPCC para cadeias de abastecimento mais curtas.

A água como protagonista: dessalinização e canais navegáveis

Para cuidar da demanda por água, a cidade contará com uma torre avançada de dessalinização, que verá o mar como fonte. A água do mar será tratada e distribuída, enquanto um sistema de canais navegáveis levará esse recurso até os bairros e as áreas agrícolas.

Esses canais não vão servir apenas para a distribuição da água, mas também serão um elemento estético e de conexão entre os moradores, criando novos espaços de circulação. Além disso, jardins aquáticos irão atuar como barreiras naturais contra enchentes, uma solução apoiada por estudos da ONU que destacam a infraestrutura verde como fundamental para cidades tropicais vulneráveis a eventos climáticos extremos.

Mobilidade urbana do futuro: do MIC aos barcos elétricos

Na questão da mobilidade, o projeto investe no Mobility in Chain (MIC), um sistema que promete acabar com os engarrafamentos e reduzir emissões. Carros convencionais só poderão penetrar nos limites da cidade. Dentro dela, o transporte será feito por barcos elétricos, lanchas e veículos sustentáveis.

Carlos Mendez, especialista da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), explicou que “queremos que as pessoas se desloquem de forma limpa e eficiente, sem poluir”. Isso ecoa tendências adotadas em grandes metrópoles e debatidas em centros de pesquisa dedicados a transporte sustentável.

Um polo global de inovação científica e tecnológica

Longe de ser apenas uma cidade verde, esse projeto também quer se tornar um hub internacional de inovação. Universidades, laboratórios e startups de tecnologia estão previstas para se instalar no complexo. Como disse a reitora Ana Torres, “é uma oportunidade única para jovens cientistas colaborarem em projetos que podem mudar o mundo”.

O objetivo é que o local se torne um centro de estudos em energia limpa, biodiversidade, agricultura regenerativa, cidades inteligentes e mobilidade urbana, criando um impacto global comparável a polos como Singapura e Shenzhen.

Por que essa cidade “The Line da América do Sul” importa?

Em um cenário de eventos climáticos extremos, onde cidades enfrentam calor intenso, enchentes e poluição do ar, iniciativas como essa mostram que é possível criar um equilíbrio entre urbanização e natureza. O projeto posiciona o México no debate mundial sobre as cidades do futuro e reforça tendências que indicam que áreas urbanas sustentáveis podem transformar radicalmente a vida de milhões de pessoas nas próximas décadas.

Assim, a cidade florestal mexicana não é apenas uma construção impressionante. É um ambiente de teste onde arquitetura, ciência, tecnologia e meio ambiente se entrelaçam para remodelar a vida humana no século XXI.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo