Notícias

Como plástico reciclado se transforma em novas garrafas com tecnologia

Todos os anos, milhões de toneladas de plástico são descartadas pelo mundo afora, e um bom pedaço desse material acaba nos oceanos, levando séculos para se decompor. Mas, ao mesmo tempo, uma parte significativa desse plástico é reaproveitada na indústria, transformando-se em garrafas, embalagens e outros produtos que usamos diariamente. Essa transição do lixo para novos produtos envolve uma cadeia complexa que inclui coleta, triagem, moagem e processos numa temperatura altíssima.

Dentro das usinas de reciclagem, toneladas de plástico chegam em caminhões lotados. Os caminhões descarregam rapidamente, formando pilhas de garrafas expostas ao sol. O que à primeira vista parece um amontoado de lixo é, na verdade, um bem a ser tratado com cuidado. As garrafas são separadas em diferentes categorias como PET e HDPE, utilizando tecnologia avançada que inclui máquinas, sensores e até câmeras.

Da lixeira às esteiras industriais: a origem das toneladas de plástico

A jornada do plástico começa quando você descarta uma embalagem em lixeiras comuns ou em pontos de coleta seletiva. No seu dia a dia, supermercados, escolas e até bairros residenciais acumulam toneladas de plástico em sacos e contêineres.

Alguns estados têm sistemas de devolução em que a garrafa vazia pode render uma pequena quantia em dinheiro, aumentando a taxa de retorno. Depois, caminhões especializados recolhem todo esse material, transportando até 20 toneladas de plástico por viagem. No momento em que chegam nas usinas, todo esse conteúdo é despejado em esteiras, pois, em vez de ser apenas um problema ambiental, representa uma matéria-prima valiosa.

Triagem mecânica e manual: organizando o caos plástico

Antes do plástico se tornar um novo produto, precisa ser separado com precisão. Começa com uma triagem mecânica, onde um tambor rotativo filtra areia e sujeira, deixando passar apenas as garrafas maiores. Depois disso, entra a triagem manual, onde trabalhadores removem itens indesejados, como latas e papéis. Cortadores automáticos retiram tampas e rótulos, enquanto sensores magnéticos separam metais. O resultado final é um fluxo limpo de garrafas PET e HDPE, com maior controle do que se trata o material.

Moagem e triagem óptica: quando a inteligência artificial assume

Após a triagem, as garrafas são trituradas em uma câmara de moagem, onde lâminas de aço transformam o plástico em flocos menores. O barulho na fábrica é constante, e em questão de minutos, o que era uma pilha de garrafas vira uma areia plástica brilhante.

Em seguida, a triagem óptica entra em ação. Câmeras de alta velocidade analisam cada floco, classificando-o rapidamente por cor e tipo de plástico. O sistema pode desviar com jatos de ar comprimido mais de 10 mil fragmentos por segundo, tornando o processo muito mais eficiente do que o trabalho manual.

Extrusão a 520 ºC: o ponto em que o plástico renasce

Com os flocos prontos, eles entram na fase de extrusão. Aqui, os fragmentos são derretidos a temperaturas acima de 520 ºC, misturados e empurrados com pressão. O plástico derretido passa por telas finas que capturam impurezas antes de ser cortado em pelotas pequenas. Essas pellets são uniformes e prontas para serem utilizadas novamente na produção.

Pré-formas e sopragem: das pelotas às novas garrafas

O próximo passo envolve a produção de pré-formas, que são como mini garrafas. O material é aquecido e injetado em moldes, criando formas robustas e curtas. Essas pré-formas são enviadas para indústrias de bebidas onde, após um novo aquecimento, são moldadas em garrafas pela ação de ar comprimido. Em pouco tempo, o mini tubo se transforma em uma garrafa final.

Controle de qualidade, embalagem e logística em alta velocidade

Assim que saem do molde, as garrafas ainda quentes passam por um resfriamento controlado. Câmeras inspecionam cada unidade em busca de possíveis falhas, e amostras são testadas em laboratório. Apenas as garrafas que passam no controle de qualidade são embaladas e preparadas para transporte.

O ritmo é acelerado e uma linha moderna pode produzir milhares de garrafas por minuto, abastecendo lojas e prateleiras rapidamente.

Energia a partir do lixo: quando as toneladas de plástico viram combustível

Vale lembrar que nem todo plástico passa pelo processo de reciclagem. Em alguns lugares, parte dele é direcionada para usinas de energia, onde o lixo é queimado a altas temperaturas para gerar vapor que aciona turbinas elétricas. Essa tecnologia é uma alternativa interessante para lidar com grandes volumes de plástico que não são reciclados.

Combinando diferentes métodos de reciclagem e aproveitamento energético, as soluções mais sustentáveis para o desafio do plástico estão se moldando a cada dia. Quando vemos o percurso de uma garrafa, percebemos que cada embalagem descartada tem o potencial de se transformar em um insumo valioso, dependendo da forma como gerimos o que antes era considerado resíduo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo