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Óleo de cozinha usado é transformado em combustível no Brasil

O óleo de cozinha, aquele que usamos no dia a dia, está ganhando um novo destino em Juiz de Fora, Minas Gerais. Um grupo de estudantes, em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e o Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt), lançou o projeto “De olho no Óleo”. Essa iniciativa já conseguiu transformar 77 litros de óleo descartado em biocombustível, que está sendo testado em veículos da cidade.

A ideia vai muito além da reciclagem simples. O combustível produzido mostra como os resíduos que acumulamos em casa podem ser reaproveitados para gerar energia limpa. Isso não só ajuda a reduzir a poluição urbana, mas também abre novas possibilidades para a matriz energética do nosso país.

Como o óleo usado se transforma em combustível

O primeiro passo desse processo é a coleta do óleo de cozinha usado. Muitas vezes, esse resíduo é descartado de forma inadequada, como em pias e ralos, e isso pode poluir até 20 mil litros de água por litro de óleo descartado. Mas, neste projeto, o óleo recolhido vai para uma miniusina de biocombustível que fica no parque tecnológico da UFJF.

Essa iniciativa nasceu de uma parceria com o Instituto EPROS, focado em educação ambiental. O que acontece a seguir? O óleo passa por processos químicos que o transformam em biodiesel, um combustível renovável que pode substituir parcialmente o diesel comum. Essa tecnologia não é nova; já está em uso em diversos países da Europa e agora começa a ser adotada no Brasil, mostrando que o que consideramos lixo pode se tornar um recurso valioso.

Educação, cidadania e engajamento social

Para além do aspecto técnico, o projeto tem um forte caráter educativo. Os estudantes mobilizaram colegas, professores e funcionários para juntar o óleo usado nas casas. O objetivo é claro: pequenas ações individuais podem gerar grandes mudanças coletivas.

A coordenadora da campanha, Aline Nascimento, destaca a importância dessa experiência. “Quando o aluno percebe que o óleo que trouxe de casa pode virar combustível para um carro da cidade, ele entende seu potencial de transformação. Isso cria um senso de pertencimento e uma maior consciência ambiental”, disse em entrevista.

Impactos ambientais e econômicos da iniciativa

Os impactos ambientais dessa ação são imediatos. Ao evitar que o óleo usado chegue ao esgoto, conseguimos reduzir entupimentos e custos de manutenção, além de proteger recursos hídricos. Economicamente, iniciativas assim podem gerar novos mercados, criar empregos e impulsionar negócios voltados à logística reversa e energia renovável.

A ação incluiu uma feira sustentável com empreendedoras locais do grupo “Só Delas”, mostrando como a economia verde pode se conectar a diferentes áreas e criar oportunidades de renda nas comunidades urbanas.

O futuro da energia no Brasil passa pelo biocombustível?

O Brasil já é um grande player mundial no uso de biocombustíveis, especialmente no que diz respeito ao etanol. O reaproveitamento do óleo reciclado pode abrir novas portas. Sendo um dos maiores produtores de soja do mundo, essa prática pode diversificar nossa matriz energética, reduzir emissões e diminuir nossa dependência de combustíveis fósseis.

Especialistas acreditam que, com o apoio das instituições e políticas públicas adequadas, projetos como o de Juiz de Fora podem ser replicados em outras cidades. Essa colaboração entre universidades, escolas, empresas e a sociedade é fundamental para transformar experiências locais em soluções que atendam todo o país.

Uma mudança que pode começar na cozinha

Tudo começou como um teste com 77 litros de óleo, mas esse projeto já se tornou um símbolo de inovação sustentável. Transformar resíduos domésticos em combustível é mais que uma solução ambiental; é um modelo de desenvolvimento econômico e social que merece mais atenção.

Essa abordagem pode inspirar outras iniciativas pelo Brasil, mostrando que pequenas atitudes podem ter um grande impacto.

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