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Lixo de IA no YouTube e redes sociais: como solucionar o problema?

Hoje em dia, navegar pela internet sem cruzar com os chamados “lixos de IA” é quase impossível. Esse termo se refere a conteúdos de má qualidade gerados por inteligência artificial que estão pipocando em redes sociais como Instagram e YouTube. Embora alguns desses vídeos sejam bem curiosos e até engraçados, eles levantam uma grande preocupação para muitas marcas que temem que suas imagens fiquem manchadas ao aparecer ao lado desse tipo de material.

No YouTube, a situação é mais preocupante. Anúncios de empresas renomadas estão sendo exibidos perto de vídeos que misturam o bizarro com a desinformação. Uma análise feita em canais que publicam esse tipo de conteúdo mostrou que as marcas estão arriscando suas reputações quando aparecem associadas a materiais questionáveis.

Casos e Canais em Destaque

Um exemplo notável é o canal Pan-African Dreams, que ganhou notoriedade por um vídeo deepfake do Papa Leão XIV elogiando Ibrahim Traoré, um líder militar de Burkina Faso. Esse conteúdo enganoso teve mais de um milhão de visualizações até maio, e o Vaticano precisou se pronunciar sobre a questão. Por curioso que pareça, nesse canal, anúncios de empresas como HBO Max e Amazon Hub Delivery estavam sendo exibidos.

Outro canal interessante é o Banana Adventure, conhecido por vídeos estranhos com personagens como os Minions. Ali também apareceram anúncios do Amazon Hub Delivery e da Android. O canal Mikey, que posta dublagens de Mickey e Minnie geradas por inteligência artificial, tinha anúncios da Adobe. E o que pode parecer surpreendente é que, segundo o porta-voz do Google, Nate Funkhouser, o YouTube não permite que os anunciantes escolham evitar esse tipo de conteúdo, já que eles se baseiam no tipo de material, não na forma como ele foi produzido.

O que as Marcas Estão Dizendo?

Até agora, marcas como Android, HBO Max e Samsung não se manifestaram sobre o assunto. Após um contato com o YouTube, os canais Banana Adventure e Pan-African Dreams foram removidos. Já o canal Mikey continua, pois não violou as regras da plataforma.

Um Jogo de Acertos Difíceis

Monitorar onde os anúncios aparecem no YouTube é similar a um jogo de “acerte na toupeira”. Muitas marcas já foram vistas ao lado de conteúdos ofensivos, como material racista ou desinformação, mesmo usando ferramentas de segurança. Para Anirudh Dhebar, professor de marketing, anunciar perto de vídeos gerados por IA pode impactar negativamente a reputação das empresas. Ele observa que, mesmo que a marca não tenha resistência à tecnologia, os riscos aumentam quando o material envolve temas sensíveis e potencialmente prejudiciais.

Desafios de Engajamento e Moderação

Tyler Folkman, gerente geral da TubeBuddy, acredita que canais de “slop” de IA têm um tempo limitado para prosperar, já que frequentemente geram baixo engajamento. Contudo, ele ressalta que remover vídeos desse tipo é um grande desafio devido à imensidão de conteúdo na plataforma. Desde março de 2024, o YouTube começou a exigir que os criadores indiquem quando utilizam IA em seus vídeos, reforçando políticas firmes contra spam e desinformação.

O Dilema dos Anunciantes

Segundo Dhebar, o aumento do “lixo” de IA traz novos desafios para os anunciantes. Eles precisam encontrar um equilíbrio entre obter um retorno rápido sobre o investimento e o risco de prejudicar sua reputação a longo prazo. Essa situação exige um gerenciamento cuidadoso de onde as campanhas publicitárias estão aparecendo, refletindo a complexidade do cenário atual da propaganda digital.

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