Homem prova que está vivo após erro no SUS: “Você que morreu?”

O estudante argentino Matías Roitberg, que vive no Brasil há mais de uma década, passou por uma situação bastante inusitada: ele foi declarado morto por engano no Sistema Único de Saúde (SUS). O episódio aconteceu quando Matías, que estuda Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi buscar sua carteira de vacinação em um Centro de Ciências da Saúde. Para surpresa dele, um funcionário brincou ao entregar o documento, dizendo: “Você que morreu, né?”. Matías ficou tão sem reação que só conseguiu rir junto com os amigos que o acompanhavam.
O susto não parou por aí. Ao conferir o sistema, foi descoberto que uma atualização errada registrava sua morte como ocorrida em 2 de outubro de 2023. Para corrigir esse engano, Matías teve que ir até uma Clínica da Família no Flamengo, na Zona Sul do Rio. Lá, ele conseguiu comprovar que estava, de fato, vivo, mas foi além disso. Ele se deparou com mais informações erradas no seu cadastro.
O estudante revelou que, além do registro de óbito, havia uma informação que o deixou perplexo: seu cadastro indicava que ele era um homem negro, quando na verdade ele é branco. O detalhe curioso foi que essa atualização tinha origem em Ataléia, um município em Minas Gerais, onde Matías nunca tinha colocado os pés. Essa situação levantou muitas perguntas sobre como seus dados foram alterados e por que uma cidade tão distante apareceu em seu registro.
O caso chegou ao conhecimento do Ministério da Saúde, que emitiu uma nota explicativa. Segundo o órgão, o Cadastro Nacional de Saúde (CadSUS) é alimentado por profissionais credenciados em unidades de saúde. O ministério esclareceu que não houve um golpe ou vazamento de dados, mas sim um uso inadequado de credenciais autorizadas. Quando um uso indevido é identificado, o acesso do operador é bloqueado e as informações são corrigidas em um sistema informatizado. Os registros também permitem rastrear quem realizou as alterações.
Embora Matías tenha conseguido regularizar sua situação, o episódio destacou a fragilidade do sistema que atende milhões de brasileiros. É um lembrete de que, mesmo em sistemas essenciais, falhas podem ocorrer e precisam ser corrigidas para garantir a segurança e a confiança de todos.