Cães de serviço ajudam na prevenção de crises de diabetes

Cães de serviço têm se mostrado grandes aliados no controle da diabetes, ajudando pessoas a evitar crises perigosas. Esses animais, com um olfato extremamente apurado, conseguem detectar alterações químicas no corpo do tutor até 20 minutos antes dos primeiros sinais de um episódio de glicemia. Isso é especialmente fundamental para quem vive com essa condição no dia a dia.
Esses pets podem atuar a qualquer hora e em qualquer lugar: em casa, no trabalho ou até mesmo enquanto a pessoa está dormindo. Por todas essas razões, o papel deles se torna vital na rotina de quem convive com a diabetes.
O segredo desse alerta precoce está no treinamento rigoroso que esses cães recebem. É importante destacar que essa habilidade não é algo que eles nascem sabendo; é uma capacidade que se desenvolve através de técnicas específicas, utilizando o olfato e o reforço positivo.
Atualmente, o uso desses cães está crescendo no Brasil, especialmente entre pessoas com diabetes tipo 1, que enfrentam crises frequentes de hipoglicemia ou hiperglicemia.
Como cães de serviço identificam crises de diabetes?
Quando ocorre uma crise de glicemia, o corpo libera compostos orgânicos pelo suor, saliva ou hálito. Esses compostos formam uma “assinatura de odor” que, embora imperceptível para os humanos, é facilmente percebida pelos cães. O professor Bruno Benetti Torres, da Universidade Federal de Goiás, explica que essas mudanças criam um cheiro químico distinto, que os cães conseguem captar devido ao seu olfato, que é milhares de vezes mais sensível que o dos seres humanos.
Esses cães são tão eficientes que conseguem perceber alterações antes mesmo de sensores eletrônicos detectarem a mudança. Ao identificarem um problema, eles alertam o tutor através de ações como toques com o focinho, latidos ou até mesmo mudanças comportamentais.
O treinamento do cão de alerta para diabetes
Formar um cão de serviço especializado em diabetes pode levar de cinco a oito meses. A seleção dos filhotes já considera fatores como comportamento, empatia e concentração.
Renata Boragini Rodrigues, fundadora do Service Dog Brasil, explica que o treinamento inclui várias etapas:
– Associar o odor das crises a uma reação de alerta;
– Aprender a avisar o tutor de maneira clara;
– Testar esses alertas em diferentes ambientes, como em casa, no carro ou no trabalho.
Os sinais que os cães de serviço usam para alertar
Esses cães não apenas aprendem, mas também se tornam proficientes em emitir sinais confiáveis de que algo não está bem com a glicemia. Os alertas mais comuns incluem:
– Tocar o tutor com a pata ou focinho;
– Segurar um objeto específico na boca;
– Sentar na frente do tutor e olhar fixamente;
– Em situações mais graves, latir insistentemente.
Esses comportamentos são ensinados de forma bem estruturada e testados em situações reais antes que o cão comece a viver com seu tutor.
Uma mudança completa na rotina de quem convive com a diabetes
A gerente financeira Raphaelle Almada Pinheiro compartilha como a vida dela mudou com a chegada de seu cão de serviço. Ela conta que uma vez se descuidou da medicação e o cão percebeu que sua glicemia estava descontrolada. “Ele começou a me chamar de uma forma mais insistente do que o normal. Se eu estivesse sozinha, as consequências poderiam ter sido graves”, relata.
Graças ao monitoramento constante de seu cão, Raphaelle se sente mais segura para trabalhar, viajar e socializar. Outras pessoas também relatam que os animais conseguiram evitar casos graves, como o coma, ao atrair a atenção de terceiros quando o tutor não conseguiu reagir.
Cães de serviço também ajudam em outras condições
Embora este artigo tenha focado na diabetes, é bom lembrar que esses cães também podem ser treinados para ajudar em outras condições de saúde, como:
– Epilepsia;
– Estresse pós-traumático;
– Autismo;
– Ansiedade generalizada.
Esses animais se mostram verdadeiros apoiadores da saúde, oferecendo tanto suporte emocional quanto funcional para pessoas com diversas necessidades.