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Cidade vende igreja centenária para enfrentar dificuldades financeiras

No coração da antiga cidade mineradora de Lens, na França, a história da Igreja Saint-Édouard ganhou um novo capítulo. Construída em 1901 para atender a comunidade operária, a igreja foi colocada à venda pela Diocese em fevereiro de 2025, pedindo cerca de 362.500 euros. Essa notícia surpreendeu os moradores, já que a venda de uma igreja é algo bem raro.

Venda motivada pela urgência financeira e declínio de uso

A igreja fazia parte de um complexo que abrigava diversas estruturas para os mineiros, mas, ao longo das últimas décadas, o número de fiéis nas missas caiu consideravelmente. Enquanto isso, os custos de manutenção, que eram altos, só aumentavam. O padre local chegou a afirmar: “quando tínhamos quinze pessoas na missa, era um bom domingo”, refletindo a dura realidade da igreja, que estava perdendo seu espaço na vida comunitária.

Com essa situação, a diocese tomou a decisão inesperada de anunciar a igreja em um site de classificados. O anúncio a descrevia como uma “casa de quatro quartos, muito bem localizada”, gerando preocupação e inquietação entre os moradores.

Reações da comunidade e salvaguarda do patrimônio

A iniciativa gerou um forte movimento local. Muitas pessoas assinaram petições, criaram grupos nas redes sociais e se manifestaram contra a venda. O receio era que o prédio, que já era um monumento histórico desde 2009, pudesse perder suas características ou ser convertido em um empreendimento comercial comum.

Por outro lado, a diocese enxergou a venda como “triste, mas necessária”. Eles disseram que não era apenas a diminuição das celebrações, mas que 90% das igrejas da França viviam uma situação similar. A manutenção dos prédios tornou-se insustentável com tão poucos frequentadores.

Um investidor, um novo uso e uma “segunda vida” para o edifício

Em setembro de 2025, uma boa notícia surgiu: o grupo NA Group anunciou a compra da igreja através de uma de suas filiais, que é especializada em formação profissional. O plano é transformar o templo em um centro de formação voltado a profissionais que cuidam de patrimônio histórico.

As adaptações já estão em andamento, com a expectativa de que as primeiras turmas comecem no dia 5 de janeiro de 2026. A nova estrutura será descrita como “um centro de formação vivo, que combina pedagogia, imersão em campo e preservação do patrimônio”. Tanto a diocese quanto a prefeitura de Lens demonstraram apoio à iniciativa, considerando-a um “final aceitável” diante da fragilidade da manutenção religiosa e patrimonial.

Significado simbólico e desdobramentos para a cidade e o patrimônio

A reabertura da igreja Saint-Édouard representa diversas mudanças que estão acontecendo. Reflete o declínio da prática religiosa em áreas operárias, o aumento dos custos de manutenção de edificações históricas e a busca por novos modelos de uso que valorizem o patrimônio e ainda sejam financeiramente viáveis.

Para a comunidade local, a situação é um tanto complexa: embora o abandono e uma conversão comercial desenfreada tenham sido evitados, ainda existe uma saudade de que o espaço se mantivesse dedicado à fé. As pessoas demonstram um certo cuidado para que essa nova fase respeite o que a igreja sempre representou.

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