Mulher superação após amputações de mãos e pernas

Uma história que chocou e comoveu muitas pessoas começou a circular em Porto Velho, Rondônia. Cleomar Marques, uma mulher que teve suas mãos e pernas amputadas por conta de complicações médicas, denunciou que seu pedido de benefício pelo INSS foi negado simplesmente porque ela não conseguia assinar documentos. Isso não só expõe a dor dessa mulher em uma situação crítica, como também revela possíveis falhas sérias no sistema de assistência social.
Antes dessa tragédia, Cleomar levava uma vida simples, trabalhando como sinaleira. Tudo mudou depois de uma cirurgia complicadíssima, que resultou em uma infecção. Assim, ela perdeu todos os quatro membros e agora depende completamente da filha em questões como alimentação e higiene. Mesmo enfrentando esse cenário difícil, Cleomar alega que seu pedido de ajuda do INSS foi recusado várias vezes.
Em sua primeira tentativa, em 2018, ao explicar que não podia assinar, a servidora do INSS reagiu com indiferença. Ao saber da incapacidade de Cleomar, ela teria rasgado os documentos e encerrado o atendimento. O INSS negou essa versão, mas a história repercutiu nas redes sociais, gerando indignação e empatia.
Quando o sistema deveria ajudar, mas parece excluir
O caso de Cleomar levanta uma questão importante: até que ponto o sistema de seguridade social está preparado para atender pessoas com deficiências severas? A legislação brasileira prevê alternativas para quem não consegue assinar, como a chamada “assinatura a rogo”, onde outra pessoa pode assinar com testemunhas. No entanto, essa denúncia sugere que esse direito básico não foi garantido.
Para muitos, o atendimento que algumas pessoas recebem do INSS revela uma burocracia que desumaniza o cidadão. Cleomar não é apenas um número ou uma estatística. Ela é uma mulher que viu sua vida mudar drasticamente. E, quando mais precisava de apoio, sentiu-se desprezada por um sistema que deveria cuidar dela.
Embora o INSS tenha justificado as negativas com questões técnicas, como falta de carência ou rendimentos acima do limite, o foco da denúncia vai além do simples indeferimento. É sobre a falta de empatia e o descaso que muitas vezes tornam o que já é uma situação dolorosa ainda mais difícil.
Casos como o de Cleomar não devem ser tratados como exceções. Eles são um sinal claro de que existem falhas estruturais no sistema, que precisam ser revisadas urgentemente para garantir que os direitos fundamentais de todos sejam respeitados.
A luta silenciosa de quem precisa de apoio
Após perder os membros, Cleomar passou a depender totalmente da filha, que cuida dela em todas as suas necessidades. Desde o banho até as refeições, tudo depende da jovem. Sem os benefícios, a sobrevivência da família tem sido viabilizada por doações e ajuda de vizinhos.
Apesar de já ter tentado obter auxílio do INSS três vezes desde 2018, a resposta sempre foi negativa. Mesmo com a utilização de meios digitais e com o auxílio de uma curadoria legal, os benefícios não foram liberados. Para Cleomar, o mais doloroso não é só a dor física, mas a sensação de abandono. Ela expressa isso de forma tocante: “Eu tinha minha vida, trabalhava… e agora dependo dos outros.”
A falta de um suporte público adequado para pessoas em situações vulneráveis revela um problema maior: um sistema despreparado para lidar com casos extremos. Não se trata apenas de direitos; trata-se de dignidade. E, muitas vezes, essa dignidade é negada devido a um emaranhado de normas e atitudes frias.
Enquanto isso, Cleomar segue vivendo de forma limitada, sem autonomia, esperando que sua história, agora exposta ao público, possa ser um alerta para mudanças necessárias.
INSS se pronuncia e promete investigar o caso
Após toda a repercussão que seu caso gerou, o INSS divulgou uma nota afirmando que os pedidos mais recentes de Cleomar foram feitos com a assinatura de um curador legal e por meio digital. Além disso, informou que as negativas foram por critérios técnicos, como carência não cumprida ou renda acima do limite.
Mesmo assim, diante da gravidade das acusações feitas por Cleomar, o INSS declarou que irá abrir um procedimento interno para investigar o atendimento que ela recebeu em 2018. Segundo o órgão, não há registro oficial da denúncia feita na época, mas o caso será analisado.
A abertura dessa investigação é vista como um passo necessário, ainda que tardio. O que se espera é que, se a má conduta da servidora for comprovada, ações corretivas sejam tomadas para evitar que situações semelhantes se repitam. O atendimento humanizado deve ser a norma, e não a exceção.
A história de Cleomar reafirma que, além de processos e documentos, o serviço público precisa enxergar as pessoas como seres humanos, com histórias e dores que não cabem em formulários.



