Lula emite alerta: aumento no preço de alimentos confirmado após queimadas e secas; como se preparar?

O Brasil está vivenciando um dos períodos mais críticos no setor agrícola em décadas, com secas severas e queimadas intensas prejudicando a produção de alimentos.

O presidente Lula emitiu um alerta sobre a iminente alta nos preços dos alimentos, decorrente das condições climáticas adversas, principalmente após as queimadas e a falta de chuvas. Esse cenário é preocupante, especialmente para as regiões mais afetadas pela seca, onde o impacto na produção agrícola e pecuária já é sentido.

O Índice Integrado de Seca (IIS) revela que diversas regiões do Brasil enfrentam seca severa, com algumas afetadas há mais de um ano. O CEMADEN e o MCTI confirmam que a estiagem prolongada ameaça a produção de alimentos. Em agosto, 963 municípios relataram que 80% de suas áreas produtivas estão comprometidas pela seca e queimadas.

O IBGE revisou a previsão de colheita de cereais, leguminosas e oleaginosas para agosto de 2024, estimando 296,4 milhões de toneladas, uma queda de 6% em relação a 2023. Também houve retração de 0,6% comparado a julho. Esses dados indicam uma crise agrícola que pode afetar o custo dos alimentos.

As queimadas agravam a inflação dos alimentos, reduzindo a oferta agrícola e pressionando os preços, afetando diretamente o custo de vida da população. (Foto: Jeane de Oliveira /noticiasmanha.com.br).

Como os preços afetam a inflação dos alimentos

O cenário atual está pressionando a inflação, especialmente no setor de alimentos. A seca severa e as queimadas estão reduzindo a oferta de produtos agrícolas, gerando um descompasso entre oferta e demanda. Esse desequilíbrio está refletindo diretamente no bolso do consumidor, que deverá pagar mais por alimentos básicos.

O setor agrícola, que depende fortemente de condições climáticas estáveis, está sofrendo com a intensificação dos fenômenos climáticos extremos, o que, por sua vez, agrava a inflação causada por choques de oferta.

A inflação alimentar esperada para 2024, inicialmente projetada em 5%, foi revisada para 4,5% devido à seca persistente. Economistas atribuem essa instabilidade a fatores como condições climáticas adversas, alta do PIB, balança comercial favorável e um mercado de trabalho aquecido.

Produção de cana e alta do açúcar

A seca e as queimadas estão afetando a produção de cana-de-açúcar no Sudeste, responsável por 64,2% do total no Brasil. A CONAB projeta 442,8 milhões de toneladas, com queda de 27,22% na capital paulista. A crise também atinge o Sul, com previsão de 34,21 milhões de toneladas.

O mercado de açúcar foi diretamente impactado, com o preço do açúcar cristal branco subindo 4,02% no início de setembro, segundo o Cepea, atingindo R$ 136,47 por saca de 50 kg. No cenário internacional, o açúcar bruto aumentou 1,8%, enquanto o açúcar branco subiu 2,1%, chegando a 540,10 dólares por tonelada.

Esses aumentos são reflexo da diminuição na produção de cana-de-açúcar, que impacta diretamente o preço do açúcar e também do etanol. Conforme relatado pelo grupo industrial Unica, a quantidade de cana destinada à produção de açúcar caiu 6% no final de agosto, agravando ainda mais a situação.

Consequências para o consumidor e a economia

A escassez de cana não afeta apenas o preço do açúcar, mas também o etanol, combustível largamente utilizado no Brasil. A CONAB projeta uma redução de 4,1% na produção de etanol em 2024, com uma estimativa de 28,47 bilhões de litros.

Essa redução deve elevar os preços do combustível, que já acumulam uma alta de 35% em 2024. O Bank of America estima que os preços do etanol devem subir outros 10% até o final de 2024, devido ao desequilíbrio entre oferta e demanda.

Além disso, a alta no preço do etanol também pode influenciar o custo da gasolina, já que o álcool anidro, que compõe 27% da gasolina comum, também está ficando mais caro. Com isso, o consumidor deverá sentir o impacto dessa alta em diversos setores, desde o abastecimento de veículos até o custo de alimentos e produtos transportados.

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O momento exige cuidado de todas as partes

A situação, portanto, exige cautela tanto dos governos quanto dos consumidores. É fundamental que sejam tomadas medidas para mitigar os efeitos da crise climática no setor agrícola e evitar que o aumento dos alimentos continue a pressionar a inflação e o orçamento das famílias.

Para os consumidores, a dica é buscar alternativas mais econômicas e estar atento às variações nos preços dos alimentos e combustíveis.

Com esses fatores combinados, o Brasil enfrenta uma tempestade perfeita de desafios econômicos e climáticos que impactam diretamente o cotidiano da população. As projeções não são otimistas, mas é essencial que o país se prepare para os próximos meses de incertezas no campo e na economia.

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