Alerta! Software de empresa americana pode escutar suas conversas e personalizar anúncios

O Cox Media Group, um dos maiores conglomerados de mídia dos Estados Unidos, está no centro de uma polêmica tecnológica. A empresa foi acusada de desenvolver um software capaz de escutar e identificar áudios de celulares e outros dispositivos eletrônicos, como smart TVs e assistentes virtuais.

A ferramenta, chamada Active Listening (escuta ativa), teria como objetivo principal personalizar anúncios com base nas conversas dos usuários.

A denúncia veio à tona por meio do site especializado em tecnologia, 404 Media, que conseguiu acesso a uma apresentação interna do Cox Media Group destinada a potenciais clientes.

Nessa apresentação, o funcionamento do software foi descrito de forma detalhada, revelando a captura de áudios e a utilização dessas informações para direcionar anúncios altamente personalizados.

E agora? Existe um software que pode ler as suas mensagem pelo celular, ou melhor, ele pode ouvi-las.
E agora? Existe um software que pode ler as suas mensagem pelo celular, ou melhor, ele pode ouvi-las – foto: noticiadamanha.com.br.

Como funciona o software de escuta ativa?

De acordo com o 404 Media, o software Active Listening captura dados de microfones presentes em diversos dispositivos, como celulares, notebooks, smart TVs e assistentes virtuais como Alexa e Google Home.

A inteligência artificial por trás do sistema coleta e analisa vastas quantidades de dados diários para mapear o comportamento dos usuários. Assim, são geradas listas de público-alvo com base nas conversas e interações online das pessoas.

Embora o documento vazado não especifique exatamente todos os dispositivos capturados, o princípio é claro: as pessoas deixam um “rastro digital” de informações que podem ser usadas para direcionar anúncios, muitas vezes sem o seu conhecimento direto.

Segundo a apresentação, a ferramenta analisa mais de 1,9 trilhão de dados de comportamento diariamente, criando um extenso banco de dados para refinar campanhas publicitárias e atingir consumidores “prontos para comprar”.

Passo a passo do processo de captura

O funcionamento do software segue uma linha de ações automáticas e estratégicas:

  1. O microfone de dispositivos, como celulares e TVs, capta sons do ambiente.
  2. As conversas e dados coletados são processados e cruzados com o comportamento online dos usuários.
  3. A partir disso, o sistema cria listas de públicos-alvo com perfis detalhados, levando em conta localização e interesses.
  4. As empresas, então, utilizam esses perfis para enviar anúncios direcionados com maior chance de conversão.

Além disso, a ferramenta oferece um alcance impressionante: ela pode mapear consumidores em um raio de até 16 quilômetros, monitorando seu comportamento em centenas de sites populares.

Esse mapeamento permite que marcas construam campanhas publicitárias precisas e extremamente segmentadas, utilizando feedback em tempo real para ajustar anúncios e estratégias de vendas.

Parcerias com gigantes da tecnologia

Um ponto controverso da denúncia envolve grandes nomes da tecnologia, como Amazon, Google e Meta (responsável por Facebook, Instagram e WhatsApp).

Segundo o material divulgado, essas empresas estariam de alguma forma envolvidas com o Cox Media Group na implementação de tecnologias semelhantes, mas o nível de envolvimento ainda é incerto.

No entanto, as gigantes tecnológicas rapidamente se manifestaram. O Google informou que havia recentemente removido o Cox Media Group de seu programa de parcerias.

A Meta, por sua vez, reconheceu uma parceria geral com o grupo, mas negou veementemente o uso do software para publicidade direcionada. Já a Amazon afirmou não ter nenhuma parceria atual ou futura com o grupo em relação à ferramenta de escuta ativa.

Você precisa saber disso ainda hoje:

Implicações de privacidade e segurança

As revelações sobre o Active Listening levantam uma série de preocupações em torno da privacidade dos usuários. A ideia de que nossas conversas possam ser captadas por dispositivos do dia a dia e utilizadas para fins publicitários sem consentimento direto é alarmante. Embora o marketing direcionado seja uma prática comum na internet, o uso de dados tão pessoais, como as conversas faladas, representa uma invasão que ultrapassa as fronteiras da privacidade.

Especialistas em segurança digital também alertam para os riscos associados a esse tipo de tecnologia. Em muitos casos, os consumidores não estão cientes do alcance dos dados que fornecem, voluntária ou involuntariamente. Além disso, essa prática levanta questões legais: até que ponto as empresas podem utilizar as informações pessoais dos usuários sem infringir leis de proteção de dados, como o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados) na Europa ou a LGPD no Brasil?

O que esperar no futuro com essa revelação de software?

Com a repercussão dessas denúncias, é possível que o Cox Media Group enfrente investigações e processos legais sobre o uso de tecnologias de monitoramento e coleta de dados. A pressão pública também pode forçar a empresa a se pronunciar de maneira mais clara sobre os detalhes do funcionamento da ferramenta.

Enquanto isso, para os usuários de dispositivos conectados, o episódio serve como um lembrete de que é fundamental ficar atento às permissões concedidas a aplicativos e dispositivos, bem como adotar práticas seguras no uso da tecnologia.

Em um mundo cada vez mais conectado, a privacidade se torna um bem cada vez mais valioso — e vulnerável.