Brasil tem SOBRA de energia elétrica: conta vai cair quanto?

O Brasil, um país notável por sua rica matriz energética, enfrenta uma contradição evidente na gestão de seus recursos energéticos. Apesar de produzir energia renovável em quantidade superior à demanda, há momentos em que precisa recorrer às usinas termelétricas, opções mais custosas e poluentes, para atender aos picos de consumo.

Esse paradoxo não apenas eleva o custo para o consumidor, mas também apresenta complexidades operacionais significativas.

Brasil tem SOBRA de energia elétrica conta vai cair quanto | Foto: Jeane de Oliveira / noticiadamanha.com.br

A sobrecarga de energia renovável

As fontes de energia eólica e solar, em expansão nos últimos anos, são incapazes de fornecer energia de forma contínua ao longo do dia. Esse cenário resulta em uma produção excessiva de energia renovável, especialmente durante o dia, que diminui no início da noite, justamente quando o consumo tende a aumentar.

Projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicam que, até 2028, o Brasil terá uma oferta de energia capaz de superar a demanda em 2,5 vezes. O “vertimento” de energia, prática de desperdiçar a capacidade geradora não utilizada, torna-se uma consequência inevitável tanto para as hidrelétricas quanto para as fontes solar e eólica.

Você pode gostar: Eles roubam sua energia elétrica todos os dias e gastam mais que geladeira e TV

Subsídios como Catalisadores do Descompasso

A raiz desse descompasso entre oferta e demanda de energia pode ser atribuída aos subsídios governamentais. Esses incentivos, destinados a promover as fontes renováveis de energia, acabaram por estimular a construção de mais usinas eólicas e solares do que o necessário.

Edvaldo Santana, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), aponta que o planejamento do setor energético deveria equilibrar a oferta e demanda, considerando também as variações climáticas que afetam a produção das hidrelétricas.

Por que recorrer às usinas termelétricas?

A flexibilidade das hidrelétricas e termelétricas, que permite a sua ativação conforme a necessidade de geração, as torna uma espécie de “reserva” do sistema. No entanto, o armazenamento da energia produzida por fontes renováveis é um desafio, o que obriga o sistema a consumir energia no mesmo instante em que é gerada.

Essa limitação faz com que o Brasil ainda dependa das usinas termelétricas para garantir o suprimento energético, especialmente nos períodos de baixa geração eólica e solar.

Impactos e Perspectivas

O crescimento exponencial da energia eólica e solar, embora benéfico para a diversificação da matriz energética, levou a distorções econômicas impulsionadas pelos subsídios. Em 2023, a energia eólica representava 12,8% da matriz elétrica nacional, e a solar, 5%, em comparação com as hidrelétricas, que compõem 47,1%, e as termelétricas, 12,2%.

O desafio para o Brasil reside em equilibrar o incentivo às fontes renováveis, evitando o excesso de oferta que desloca a demanda e mantendo a capacidade de atender aos picos de consumo sem recorrer excessivamente às usinas termelétricas.

A busca por soluções de armazenamento de energia e um planejamento estratégico que alinhe oferta e demanda são essenciais para otimizar o uso dos recursos energéticos do país, minimizando impactos ambientais e custos para os consumidores.

Você pode gostar: Tarifa Social de Energia 2024: quem pode pagar quase zero na conta de luz