Equipes de resgate contam como encontraram a aeronave em uma área de mata fechada na cidade de Paraibuna
12 dias de buscas. Cerca de 200 agentes das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros, além da Defesa Civil, Força Aérea e Exército Brasileiro envolvidos na mesma missão.
Uma área inicial de 5 mil km² monitorada. Até que finalmente chegou a notícia: a PM de São Paulo encontrou o helicóptero que caiu numa região de mata fechada na cidade de Paraibuna, que fica no interior do estado, a 120 km da capital paulista.
Helicóptero desaparecido em SP é encontrado
O acesso até chegar aos destroços da aeronave é difícil. Uma trilha foi aberta pela Polícia Ambiental para facilitar a retirada das vítimas, num terreno bem íngreme, com muita subida, e bastante escorregadio por causa da chuva dos últimos dias.
O helicóptero com o piloto e mais três passageiros decolou do Campo de Marte no dia 31 de dezembro. Nele estavam:
- Raphael Torres de Oliveira, de 41 anos;
- Luciana Rodzewics, de 45 anos;
- A filha de Luciana, Letícia Rodzewics, de 20 anos;
- Além do piloto Cassiano “Teté” Teodoro, de 44 anos.
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O acidente
O horário era 14h07, e as câmeras de monitoramento da rodovia dos Tamoios registram o que seria o helicóptero Robinson 44, de prefixo PR-HDB. A aeronave foi encontrada sobrevoando uma área na cidade de Paraibuna. Nas imagens captadas desse momento, é possível ver a nebulosidade do céu.
Quase no mesmo momento, às 14h09, Leticia envia mensagens para o seu namorado. “Tempo ruim. Não dá para passar. Medo”, diz ela. Em seguida, conta que haviam pousado: “Pousamos. No meio do mato”, e envia uma foto.
Pouco tempo depois, na marcação de 14h25, Raphael também envia uma mensagem ao filho: “Acho que vou para Ubatuba, porque Ilhabela está ruim. Não consigo chegar”.
Às 14h48, Letícia registra outra mensagem e volta a falar com o namorado. Ela diz que ainda estavam tentando entrar em Ilhabela e que iriam voltar para a capital paulista por conta das condições. É nessa hora que a jovem manda por mensagem um vídeo exibindo o tempo de chuva e com muita neblina formada.
Em uma ligação por celular, às 14h49, o piloto Cassiano “Teté” Teodoro, de 44 anos, fala com o heliponto de Ilhabela, no litoral norte paulista, e também relata o mau tempo. “Não consigo cruzar, tá tudo fechado”, alerta ele.
Segundo as informações apuradas pelo portal G1, o último contato registrado dos ocupantes do helicóptero aconteceu pouco antes das 15h. Esse contato foi quando o piloto volta a falar por celular com o heliponto de Ilhabela. A ligação é rápida e bastante objetiva: “Vou tentar ir por cima”.
As buscas pelo helicóptero
Foram esses registros feitas por meio de celular, somados às imagens da câmera de monitoramento da rodovia, que permitiram as equipes da Polícia Militar e da Polícia civil encontrar os destroços do helicóptero em uma área de mata.
O primeiro acesso ao local do acidente só foi possível de rapel. O ponto fica em meio a mata fechada e está a 100 km do aeroporto Campo de Marte, de onde o helicóptero havia decolado, e a 42 km de Ilhabela, que seria o destino dos tripulantes.
A queda foi a 11 km do local de onde Leticia havia enviado a foto ao namorado.
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“O grande fator de dificuldade foi exatamente que foi numa área de mata, uma área de serra e de mata atlântica. Mata nativa, com vegetação alta. Tudo isso, somado às condições meteorológicas que também não são constantes”, explicou Clemente Calvo Castilhone Junior, delegado da Divisão de Operações Especiais do Estado de São Paulo.
“A gente tinha um campo gigante de cobertura para a gente ficar executando varreduras. E temos algumas informações que não chegam atráves da quebra do sigilo dos celulares. E essa antena consegue enviar sinais 360 graus. A gente precisava eliminar os graus que não nos interessavam”, detalhou Fábio Rodrigues Pimentel, delegado titular do Serviço Aerotático, segundo matéria do G1.
Tendo a quebra do sigilo dos celulares, dois pontos foram informados como coordenadas – seriam locais onde os aparelhos foram registrados no dia do acidente. A partir deles, uma nova área em formato de cone foi delimitada.
A essa altura, o local fotografado por Letícia e enviado ao namorado já havia sido localizado numa área próxima da represa de Paraibuna. Esse ponto serviu como referência no mapa de buscas.
Quando a aeronave, enfim, foi localizada, começou um novo trabalho – tão complexo quanto o primeiro. Estruturar uma ação de resgate dos corpos das vítimas.
Uma base de apoio das operações foi montada a 3km do local da queda. Por causa da dificuldade de acesso, os agentes precisaram dormir na mata.
“É um trabalho delicado e demorado pela dificuldade do local, o terreno é um terreno bem íngreme, tinha essa vegetação fechada”, — Mayko Meirelles, tenente da Polícia Ambiental.
“Tinham possibilidades de riscos como, por exemplo ter combustível na aeronave, né? Então nós optamos naquele momento por pernoitar no local do acidente e fazer esse trabalho com segurança logo que amanhecesse o dia”, acrescentou Diogo Diniz, capitão do Corpo de Bombeiros da PM-SP.
A retirada dos corpos
Na manhã de sábado (12), as equipes de resgate iniciaram a retirada dos corpos das vítimas. O trabalho foi lento e delicado, pois a aeronave estava em uma área de difícil acesso e com vegetação alta.
O primeiro corpo a ser retirado foi o do piloto, Cassiano Teodoro. Em seguida, foram retirados os corpos de Luciana Rodzewics e Letícia Rodzewics. O último corpo a ser retirado foi o de Raphael Torres.
Todos os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo.
As causas do acidente do helicóptero
As causas do acidente ainda não foram divulgadas. A Polícia Civil investiga o caso.
A comoção
A morte das quatro vítimas causou comoção na cidade de Paraibuna e em toda a região. Os familiares e amigos das vítimas prestaram homenagens nas redes sociais.
“Meus sentimentos à família e amigos. Que Deus conforte o coração de todos”, escreveu uma internauta.
“Que tristeza! Meus sentimentos aos familiares e amigos”, escreveu outra internauta.