Além de extrair recursos naturais, muitas atividades exercidas pelo homem também liberam gases de efeito estufa na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global e eventos climáticos extremos. Para lidar com o problema das emissões de gases de efeito estufa, surgiu o crédito de carbono como uma forma de compensação. Continue a leitura e entenda como funciona, logo abaixo.
Preservação que rende
A utilização de recursos da natureza é essencial para todas as atividades humanas. No entanto, algumas atividades, como aquelas que envolvem o uso de combustíveis fósseis ou o desmatamento, têm impactos negativos no meio ambiente.
Além de extrair recursos naturais, essas atividades também liberam gases de efeito estufa na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global e eventos climáticos extremos.
Para lidar com o problema das emissões de gases de efeito estufa, surgiram os créditos de carbono como uma forma de compensação. Entenda mais detalhes sobre esta nova modalidade, a seguir.
Leia mais: Pesquisa mostra que 40% das empresas usarão IA para contratar funcionários; e agora?
Os créditos de carbono como forma de compensação
Empresas ou países que conseguem reduzir suas emissões de gases de efeito estufa podem vender créditos de carbono, representando a quantidade de emissões que deixaram de ocorrer.
Cada crédito de carbono equivale a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou seu equivalente em outros gases de efeito estufa.
Motivação por trás da criação dos créditos de carbono
Os créditos de carbono foram criados como uma resposta à crescente preocupação com as emissões de gases de efeito estufa e o aquecimento global.
Em 2022, o mundo atingiu um recorde de emissões de 36,8 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa. Essas emissões são resultado de atividades industriais, uso de combustíveis fósseis, queima de carvão, criação de animais para pecuária, desmatamento, entre outras atividades.
Desde 2015, muitos países têm se comprometido a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa como parte do Acordo de Paris. O objetivo é evitar que a temperatura média do planeta ultrapasse 2ºC em relação às temperaturas pré-industriais, o que agravaria os efeitos das mudanças climáticas.
O Brasil, por exemplo, é considerado o quarto maior emissor histórico de gases de efeito estufa, principalmente devido ao desmatamento.
Mercados de crédito de carbono
Os créditos de carbono são negociados em mercados regulados e voluntários. Nos mercados regulados, os governos estabelecem metas ou limites de emissões para as empresas.
Aquelas que conseguem emitir menos do que o limite estabelecido podem vender seus créditos de carbono às empresas que excedem o limite. O preço do crédito é definido pelas instâncias reguladoras.
Nos mercados voluntários, as empresas têm a opção de comprar créditos de carbono para compensar suas emissões, mesmo que não haja obrigações legais para reduzi-las.
O valor do crédito é negociado em contrato com base nas características do projeto e nas demandas do mercado consumidor por empresas comprometidas com o meio ambiente.
O mercado voluntário de créditos de carbono
No mercado voluntário de créditos de carbono, diferentes ‘protagonistas’ estão envolvidos. Os desenvolvedores de projetos são responsáveis por elaborar os projetos, que podem ser implementados em áreas públicas ou privadas.
As certificadoras são organizações sem fins lucrativos que estabelecem critérios e metodologias para registrar projetos e determinar a quantidade de créditos de carbono gerados por eles.
As empresas compradoras, muitas vezes multinacionais com metas de redução de emissões, adquirem os créditos diretamente dos projetos ou por meio de corretoras especializadas.
Projetos de redução do desmatamento e créditos de carbono
No mercado voluntário de créditos de carbono, os setores que mais geram créditos são os de energia e os relacionados à agricultura, florestas e outros usos do solo (AFOLU).
Os projetos voltados para florestas, conhecidos como REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), têm tido um papel significativo no mercado brasileiro.
Esses projetos evitam as emissões que ocorreriam caso a floresta fosse desmatada, pois as árvores e o solo armazenam carbono. Em 2021, quase 75% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil estavam relacionadas ao uso do solo, sendo 49% provenientes do desmatamento e 25% da agropecuária.
Regulamentação do mercado de carbono no Brasil
No Brasil, está em análise um projeto de lei que pretende regulamentar o mercado de crédito de carbono. O projeto visa criar o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).
Segundo a proposta, os projetos no mercado voluntário deverão ter metodologias credenciadas e serem mensurados e verificados por entidades independentes.
O projeto também prevê a inclusão de áreas de comunidades tradicionais no mercado voluntário, com a exigência de consentimento das comunidades e regras para a repartição justa e equitativa dos ganhos da comercialização dos créditos.
A regulamentação do mercado de carbono no Brasil busca promover a transparência e a efetividade das ações de redução de emissões, bem como garantir a participação das comunidades afetadas.
O projeto está sob análise da Comissão de Meio Ambiente do Senado e tem o objetivo de impulsionar a economia de baixo carbono e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas.
Leia também: Mercado livre de energia elétrica pode afetar sua CONTA DE LUZ; entenda