Recentemente, um vídeo viralizou nas redes sociais, onde a dupla de cantores sertanejos Munhoz e Mariano encoraja um adolescente de 15 anos a beber uísque direto da garrafa. A moda tem se tornado comum em shows desse estilo musical e virou motivo de preocupação entre especialistas da área da saúde que alertam para os riscos no consumo de bebidas alcoólicas de forma desenfreada. Saiba mais detalhes, a seguir.
Tendência que não deveria pegar
Um show divulgado recentemente nas redes sociais, trouxe sérios problemas com a justiça para os cantores sertanejos Munhoz e Mariano após aparecerem oferecendo uísque a um adolescente de apenas 15 anos. As imagens divulgadas amplamente mostram os artistas realizando uma contagem regressiva em segundos antes de virarem uma garrafa de bebida alcoólica diretamente na boca do jovem.
Essa cena, embora chocante, não é um caso isolado em shows sertanejos, onde alguns artistas têm o costume de convidar fãs para subirem ao palco e participarem desse ritual de consumo de álcool. Alguns músicos até mesmo percorrem a primeira fila da plateia, distribuindo goles de bebida alcoólica aos espectadores. Continue a leitura, logo abaixo, para saber mais casos da moda do momento, e o que dizem especialistas em saúde sobre a perigosa prática.
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Sertanejos ditam a moda do perigo
Em fevereiro, durante um show de Gusttavo Lima, um fã passou mal após participar desse tipo de momento no palco. Vídeos publicados em suas redes sociais mostram o homem recebendo “viradas de garrafa” por cerca de 10 segundos consecutivos. Em seguida, ele pede por mais, e mais 10 segundos se passam até que Gusttavo Lima interrompa, expressando preocupação com o estado do fã. O vídeo também mostra o fã recebendo atendimento médico após a ingestão excessiva de álcool.
Outros artistas sertanejos também são conhecidos por beberem diretamente da garrafa ou até mesmo tomarem banho de cerveja, além de oferecerem bebidas aos fãs. Maiara e Maraísa são exemplos frequentes desse comportamento.
Especialistas alertam sobre riscos
Em uma entrevista ao G1, a psiquiatra Alessandra Diehl, membro do conselho consultivo da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD), explicou que a rápida absorção do álcool nessas situações não dá ao organismo tempo suficiente para metabolizá-lo adequadamente.
Essa absorção rápida resulta em níveis mais elevados de álcool no sangue, aumentando os riscos à saúde. Alessandra alerta que a grande quantidade de álcool que entra rapidamente no sistema nervoso pode predispor a quadros clínicos graves, como coma e morte por parada cardiorrespiratória. Além disso, há o risco de quedas, traumatismo craniano, perda de consciência e vulnerabilidade a acidentes e abuso sexual. O álcool também prejudica a capacidade cognitiva, memória e atenção.
Vale lembrar que a relação entre música sertaneja e o consumo de álcool não é nova. Em 2013, o G1 reportou que esse tema havia se tornado objeto de estudo acadêmico em diversas áreas, como Letras, Psiquiatria e Artes, explorando a conexão entre as letras das músicas sertanejas e o consumo de álcool no Brasil.
O consumo excessivo de álcool
A prática vista nos shows de artistas sertanejos, como Munhoz e Mariano e Gusttavo Lima, se encaixa no que é conhecido como “binge drinking”, que é a prática de ingerir grandes quantidades de bebida alcoólica em um curto espaço de tempo. Essa forma de consumo infelizmente é comum entre jovens e adultos em festas open bar e baladas, representando sérios problemas e riscos à saúde.
Os riscos do Binge Drinking
Os riscos associados ao “binge drinking” aumentam de acordo com dois fatores principais:
- Velocidade de consumo: Quanto mais rápido a bebida alcoólica é ingerida, maior é o risco para o indivíduo.
- Quantidade consumida: Quanto maior a quantidade de álcool ingerida, maiores são os riscos à saúde.
É importante ressaltar que há uma diferença nos efeitos de “binge drinking” para homens e mulheres. Para os homens, significa consumir cinco doses ou mais de álcool em um período de duas horas, enquanto para as mulheres, a quantidade é reduzida para quatro doses no mesmo período. Isso ocorre devido a diferenças biológicas nas enzimas responsáveis pelo metabolismo do álcool.
O que diz a lei?
O consumo excessivo de álcool, especialmente por adolescentes, é uma questão que preocupa as autoridades. De acordo com a Lei nº 13.106, de 2015, é crime vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar bebida alcoólica a crianças ou adolescentes, mesmo que de forma gratuita. As penalidades para esse tipo de infração variam de dois a quatro anos de prisão, além de multas.
No caso de Munhoz e Mariano, a defesa da dupla alegou que o adolescente se apresentou como sendo maior de idade para subir ao palco e participar do momento com a garrafa de uísque. Entretanto, a legislação coloca a responsabilidade sobre os adultos envolvidos em situações desse tipo, visando proteger os menores de danos relacionados ao consumo de álcool.
Morte por Binge Drinking em aposta
Para quem não se lembra, recentemente, um trabalhador rural morreu ao aceitar uma aposta em que precisaria virar uma garrafa inteira de cachaça, em um bar de uma cidade no interior de Goiás. O homem, que segundo a irmã, enfrentava um caso de depressão por conta do fim de seu casamento, estava se tornando alcoólatra e no dia de sua morte já estava no estabelecimento da região desde o início da manhã.
*Com informações do G1.
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