Por que Lula quer acabar com o cashback dos cartões

Fim do cashback? Mudança de jogo no cenário laboral: trabalhadores brasileiros ganham poder de escolha sobre seus cartões de benefícios de alimentação e refeição. Esta é a nova diretriz apresentada pelo governo federal, uma decisão que pode remodelar o panorama de um setor majoritariamente dominado por algumas grandes empresas. Mas o que realmente isso significa para o trabalhador comum e para o mercado de benefícios como um todo?

Por que Lula quer acabar com o cashback dos cartões
A portabilidade dos cartões de vale-alimentação e vale-refeição oferece flexibilidade aos trabalhadores na escolha de provedores de cashback, sem custos extras. Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / noticiadamanha.com.br

Cashback ameaçado?

O decreto recentemente anunciado pelo governo federal inaugura uma nova era de autonomia para os trabalhadores, ao permitir que escolham a operadora dos seus cartões de vale-alimentação (VA) e vale-refeição (VR). Com essa medida, o poder de decisão, que até então permanecia nas mãos das empresas empregadoras, passa também para o funcionário, que pode agora selecionar o provedor de serviços que considere mais vantajoso em termos de acessibilidade, aceitação em estabelecimentos e outros benefícios associados.

Veja também: Nome sujo? Veja quais cartões de crédito você pode ter

Esta medida governamental surge com o objetivo de tornar o processo transparente e acessível. É fundamental ressaltar que a mudança de operadora não imporá custos adicionais aos funcionários. Portanto, ao contrário do que alguns poderiam supor, a portabilidade será isenta de taxas, fomentando uma verdadeira democratização na escolha dos provedores de benefícios.

No entanto, a essência dos cartões VA e VR permanece a mesma: são benefícios destinados exclusivamente para a aquisição de alimentos e refeições. O decreto garante que os valores depositados continuem a ser direcionados para este fim específico, mantendo a integridade e o objetivo inicial desses benefícios trabalhistas.

O anúncio desse decreto se alinha com outros esforços anteriores de dar mais autonomia aos trabalhadores, como a regra de portabilidade salarial já existente. O decreto vem ainda para preencher um vácuo deixado por um projeto de lei sobre o mesmo tema que estava em tramitação no Congresso, mas que acabou não sendo aprovado.

O novo cenário fomenta a competição em um mercado até então dominado por algumas grandes empresas, como Alelo, Sodexo, Ticket e VR. Com a possibilidade de troca, essas operadoras serão desafiadas a melhorar seus serviços e benefícios para manterem-se competitivas e atraentes para os trabalhadores. Esta dinâmica competitiva pode levar a melhorias significativas no setor, beneficiando não apenas os trabalhadores, mas também as empresas que oferecem esses serviços.

Preocupações

Contudo, apesar do otimismo, existem preocupações legítimas. A Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT) sinaliza a necessidade de uma regulamentação mais detalhada e prazos bem definidos para a implementação da nova regra. A portabilidade é uma mudança complexa que poderá ter impactos em toda a cadeia de valor desse setor e, se mal gerida, poderia resultar em efeitos negativos.

Finalmente, vale sublinhar que o processo de portabilidade pode ser revertido pelo trabalhador a qualquer momento. Se, por algum motivo, ele decidir retornar ao provedor original ou optar por um terceiro, basta solicitar o cancelamento com até cinco dias úteis de antecedência em relação à data do próximo depósito dos benefícios.

Como citamos anteriormente, o decreto apresenta um avanço significativo na busca por mais escolha e flexibilidade para os trabalhadores brasileiros. No entanto, o sucesso desta iniciativa dependerá de sua implementação cuidadosa e transparente, a qual deverá ser monitorada tanto pelos reguladores como pelas partes interessadas.

Veja também: Por que o Itaú está cancelando cartões? Entenda a notícia