A preocupação uniu de uma vez só, consumidores no varejo e os donos de restaurantes em todo o país, mas o motivo é o mesmo: os preços exorbitantes do azeite de oliva em todo o país. A escalada de 50% no preço médio do produto em dois anos é significativamente superior à inflação, que registrou um aumento acumulado de 15% durante o mesmo período, e os valores podem subir ainda mais. Entenda, logo abaixo, o que está por trás do aumento desenfreado do produto.
O aumento do custo do azeite de oliva causa apreensão entre compradores no comércio e proprietários de estabelecimentos gastronômicos em todo o país. De acordo com depoimentos de consumidores, as embalagens de 500 ml estão sendo comercializadas por até R$ 40 nos supermercados brasileiros.
Uma pesquisa da Horus, baseada em 40 milhões de notas fiscais mensais, revelou que o azeite virgem tinha um preço médio de R$ 20 em julho de 2021. Um ano depois, o valor aumentou para R$ 25, e agora atingiu R$ 30.
Aumento supera à inflação
A escalada de 50% no preço médio em dois anos é significativamente superior à inflação, que registrou um aumento acumulado de 15% durante o mesmo período, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Piorando a situação, há previsões de que a situação se agrave ainda mais.
O fornecimento global do azeite está em níveis historicamente baixos, e isso, junto com as perspectivas desfavoráveis para a próxima colheita na Europa e a previsão de agravamento das alterações climáticas, tende a manter os preços elevados. Analistas afirmam que os consumidores devem considerar esses preços elevados como a “nova normalidade”.
Por que o azeite está tão caro?
A explicação para os aumentos de preço do azeite remonta à safra anterior. Os principais países exportadores de azeite enfrentaram um período de crescimento muito seco das oliveiras. A falta de umidade nas árvores resultou em uma baixa produção de frutos.
“O crescimento das oliveiras foi extremamente seco nos principais países produtores de azeite. Muitas árvores não produziram frutos devido à falta de umidade”, esclareceu Kyle Holland, analista de óleos vegetais da Mintec, em uma entrevista à BBC News Brasil.
Na safra 2022/2023, a Espanha, que normalmente produz entre 1,3 e 1,5 milhão de toneladas métricas de azeite por ano, viu sua produção cair para apenas 610 mil toneladas na última colheita. O esgotamento dos estoques espanhóis em breve é uma possibilidade que está sendo considerada. Para aumentar ainda mais a pressão sobre o mercado, a Turquia, um dos principais produtores alternativos de azeite, impôs uma proibição de exportação até novembro.
Consumo brasileiro vem de importação
O Brasil é o segundo maior importador de azeite de oliva, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Antes da crise atual, o país importava cerca de 100 mil toneladas métricas por ano, de acordo com o Conselho Oleícola Internacional.
Apesar do aumento da produção nacional em 2023, ela ainda representa menos de 1% do consumo total no mercado doméstico, deixando os brasileiros vulneráveis às flutuações globais.
Preços do azeite podem subir ainda mais
Rita Bassi, presidente da Oliva (Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira), destaca que as empresas estão fazendo esforços para não repassar completamente o problema do aumento de preço aos consumidores. No entanto, não é viável manter essa contenção por muito tempo.
Ela também alerta para a possibilidade de aumento da fraude e da exploração diante da escassez e do aumento dos preços. Portanto, ela aconselha os consumidores a terem cuidado ao escolher a marca de azeite, evitando marcas desconhecidas, observando os preços e aproveitando promoções de marcas conhecidas e confiáveis.
Leia também: Mamão está 90% mais caro; o que aconteceu? Entenda