WhatsApp pode deixar de ser grátis em breve? Muita coisa deve mudar

WhatsApp será cobrado? Um alerta para quem está acostumado a navegar à vontade em aplicativos como WhatsApp, Twitter, Waze e YouTube sem gastar seu pacote de dados: a maré parece estar mudando para os planos de “zero rating”. Essa prática, que exclui determinados apps do desconto na franquia de internet, tem seus dias contados, segundo especialistas e grandes empresas do setor. Mas o que está por trás dessa possível reviravolta? Será o fim do “zero rating” uma mudança positiva ou negativa para o usuário comum?

WhatsApp pode deixar de ser grátis em breve? Muita coisa deve mudar
Pacotes de telefonia móvel que incluem uma quantidade limitada de dados para acessar a internet e liberam da contagem aplicativos como WhatsApp, Twitter, Waze e YouTube se tornaram populares no Brasil. Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / noticiadamanha.com.br

WhatsApp e outros apps podem se tornar pagos?

O fenômeno do “zero rating” não é uma exclusividade do Brasil. Entretanto, aqui, as três maiores operadoras de telefonia móvel – Claro, TIM e Vivo – anunciaram este ano que estão reconsiderando essa estratégia. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) também vem criticando fortemente a prática, alegando que ela limita as escolhas do consumidor ao favorecer determinados aplicativos em detrimento de outros, além de prejudicar a competição no mercado.

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Em diversos painéis e apresentações de resultados financeiros, executivos dessas operadoras demonstraram interesse em descontinuar a oferta de planos de “zero rating”. João Félix, presidente do grupo Claro Brasil, expressou durante o Telebrasil Innovation que considera o “zero rating” um “equívoco”, e que “não há nada que não possa ser consertado”. Alberto Griselli, CEO da TIM, mencionou que, devido à mudança nos padrões de consumo de dados e no valor percebido pelos clientes, a presença de produtos “zero rating” deve diminuir nos próximos anos. Já Christian Gebara, diretor-presidente da Telefônica Brasil, a dona da Vivo, declarou que a empresa está avaliando a possibilidade de mudar essa política.

O “zero rating” não apenas canaliza os usuários para determinados aplicativos, mas também restringe o acesso a serviços de utilidade pública, como saúde, educação e bancos, de acordo com o Idec. Um levantamento do instituto revelou que 52% dos usuários com internet restrita pelo “zero rating” têm acesso limitado a serviços públicos e encontram dificuldades para exercer outros direitos. Segundo Luã Cruz, pesquisador do programa de Telecomunicações e Direitos Digitais do Idec, essa prática “contribui para a falta de competitividade entre plataformas digitais, o que é prejudicial para a economia nacional e para a soberania digital do país”.

Alternativas

Enquanto a descontinuação do “zero rating” pode trazer preocupações sobre o acesso ilimitado a aplicativos populares, o Idec defende que alternativas devem ser buscadas. O instituto já notificou diversas secretarias nacionais, pedindo a adoção de medidas como o aumento dos pacotes de dados disponíveis e a continuação do serviço com velocidade reduzida após o término da franquia, visto que a internet é um serviço essencial para o exercício de diversos direitos.

O debate sobre o fim do “zero rating” no Brasil está alinhado a uma tendência global de questionamento sobre a prática. Países europeus e a Índia já abandonaram o “zero rating”, resultando em pacotes de dados mais abrangentes que permitem aos usuários maior liberdade de escolha. Portanto, se o fim está próximo para os planos de “zero rating” no Brasil, talvez seja a hora de os consumidores e as empresas se prepararem para um novo cenário em que a liberdade de escolha e a competição sejam as palavras de ordem.

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