Caneta contra obesidade: quais são os riscos e quando ela é indicada?

Não é de hoje que as pessoas procuram a receita milagrosa para emagrecer. Dietas super restritivas, tomar só sopa por alguns dias, cortar todos os carboidratos, chás com várias ervas, água e limão em jejum ou o próprio jejum intermitente por seis, oito, às vezes até 20 horas sem ingerir um grão de comida. A nova fórmula ‘mágica’ que promete derreter a gordura e diminuir o sobrepeso vem em forma de caneta, e já é motivo de preocupação entre médicos, devido ao uso para fins meramente estéticos. Saiba mais detalhes logo abaixo.

Canetas injetáveis são recomendadas para tratar obesidade ou diabetes tipo 2 — Foto: Freepik

Nova moda contra a obesidade

Não é de hoje que as pessoas procuram a receita milagrosa para emagrecer. Dietas super restritivas, tomar só sopa por alguns dias, cortar todos os carboidratos, chás com várias ervas, água e limão em jejum. E agora dois medicamentos: a semaglutida e a liraglutida – substâncias muito parecidas com o hormônio GLP-1, que é produzido pelo nosso intestino, e vendidas em forma de “caneta”.

O que muita gente ignora ou simplesmente prefere não saber, é que essas canetas não são emagrecedoras. Elas são utilizadas para dois tratamentos bem definidos: diabetes tipo 2 e obesidade, duas doenças crônicas que precisam ser controladas e supervisionadas por profissionais capacitados da área médica.

As pessoas estão vendo esses medicamentos como um batom. Você chega na farmácia, compra, pergunta para o amigo como usa e pronto. Não que os fins estéticos não sejam importantes, mas a obesidade é uma doença.

Segundo especialistas em endocrinologia, a caneta tem sido comprada como se fosse um batom, sendo utilizada para fins estéticos, mesmo quando a pessoa não se encontra no grau de obesidade. Os médicos afirmam ainda que o medicamente usado de forma isolada não faz milagre, já que, assim como qualquer outro tratamento, é preciso adotar uma mudança de hábitos, ou então a ferramente valiosa passa a se tornar algo inútil.

Os medicamentos têm a tarja vermelha, ou seja, a venda depende da prescrição médica. Contudo, como a retenção da receita não é obrigatória, muita gente consegue comprar mesmo sem o pedido do profissional de saúde.

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1 – Quem pode usar as canetas?

O Saxenda, que tem a liraglutida como princípio ativo, está disponível e liberado para o uso diário. Já o medicamento com semaglutida aprovado para obesidade no Brasil é o Wegovy, de uso semanal.

Como ele ainda não está disponível no país, pessoas estão recorrendo ao Ozempic (usado para diabetes tipo 2), que contém a mesma substância. No entanto, é sempre importante ressaltar que esse uso é off label, ou seja, fora da bula. Por isso, deve ser combinado entre médico e paciente.

NA BULA: Os dois medicamentos são indicados como coadjuvantes à redução de calorias e aumento da atividade física em adultos com Índice de Massa Corporal (IMC) inicial maior ou igual a 30 (obesidade) ou maior ou igual a 27 (sobrepeso), que tenha alguma comorbidade relacionada, como hipertensão, diabetes, problemas respiratórios durante o sono, artrite.

O uso da caneta só é aconselhável em casos onde a pessoa que possui sobrepeso a nivel de obesidade já tentou todos os meios possíveis para a perda de peso recomendados pelo médico e, mesmo com a mudança de hábitos não conseguiu resultados significativos. Uma avaliação médica pode enxergar que alguém com IMC de 25, um sobrepeso discreto, tem um percentual de gordura muito grande e que essa pessoa pode ter outras comorbidades que indiquem a perda de peso. Não dá para chegar na farmácia e comprar, mesmo porque os medicamentos têm contraindicações.

2 – E quem NÃO pode usar?

  • As canetas são contraindicadas para pessoas que têm alergia a qualquer componente do medicamento.
  • Se a pessoa ou alguém da família teve ou tem um tipo de câncer de tireoide chamado carcinoma medular de tireoide (CMT) também é contraindicado.
  • E claro, ele não é indicado para grávidas e lactantes.

A bula traz outras advertências e precauções, como a síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (NEM 2), e atenção se tiver dor abdominal grave e contínua, retinopatia, problemas renais.

3 – Ter estratégia para não gastar dinheiro à toa

“Precisamos ter cuidado quando falamos sobre medicamentos para tratamento da obesidade. Ele precisa estar inserido em uma estratégia de tratamento da doença chamada obesidade e separar de emagrecimento, que é associado ao lado estético”, ressalta um endocrinologista em entrevista ao g1.

Os especialistas fazem o alerta principalmente para quem procura a semaglutida e a liraglutida apenas para emagrecer alguns quilinhos para entrar no vestido, por exemplo.

Estudos mostraram a eficácia e segurança dos medicamentos para os tratamentos previstos em bula, mas não há garantias que ele vai funcionar para todo mundo.

As pessoas acreditam que vão utilizar a caneta por uma, duas semanas e vão ter resultados milagrosos. Isso não se sustenta. O tratamento deve ser crônico, a obesidade deve ser encarada como uma doença crônica, como hipertensão, diabetes. Daí a importância do acompanhamento médico e do aconselhamento.

Vale lembrar que nem todos irão responder aos medicamentos. Algumas pessoas utilizam as canetas e acabam não perdendo peso. Por isso, é muito importante planejamento antes de ir à farmácia comprar os medicamentos.

Os preços são consideravelmente altos. O Ozempic 1mg (usado off label para obesidade) custa cerca de R$ 1 mil. Já o Saxenda (liraglutida), custa em torno de R$ 700.

4 – O efeito ‘sanfona’

É comum encontrar relatos de pessoas que fizeram uso dos remédios (com ou sem indicação médica), perderam peso, mas tiveram um reganho depois de parar. Os medicamentos devem ser usados como parte do tratamento, que também conta com mudanças de estilo de vida (alimentação, exercício físico, sono de qualidade), e não como uma fórmula mágica.

Os especialistas aconselham que se a pessoa não tiver uma estratégia bem definida com os profissionais de saúde, ela vai gastar dinheiro à toa. E o reganho de peso (ou efeito sanfona) é perigoso para a saúde. O processo constante de emagrece-engorda tem um impacto negativo no coração e pode provocar diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e alteração do metabolismo, mesmo para quem não está acima do peso.

Geralmente, vemos um bom resultado já no primeiro mês. Se você usou o medicamento e em três meses não perdeu 5% do peso inicial, talvez seja hora de mudar a estratégia, pois o remédio não funcionou para você.

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