Como a China pode deixar os carros MAIS BARATOS no Brasil

Carros mais baratos no Brasil – A indústria automobilística brasileira tem assistido a um suspense digno de Hollywood, com a BYD, JAC e a Caoa Chery travando uma guerra de preços para garantir o título de carro elétrico mais barato do país. No entanto, além do frenesi imediato, esse embate sinaliza uma mudança de cenário, apontando para um futuro onde o mercado de carros elétricos e híbridos poderá ser dominado por veículos de preço competitivo e alta tecnologia.

Como a China pode deixar os carros MAIS BARATOS no Brasil
As montadoras chinesas estão trazendo carros elétricos para o Brasil com preços baratos e tecnologia avançada. Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / noticiadamanha.com.br

Carros baratos

Recentemente, a BYD, fabricante chinesa de automóveis, lançou o Dolphin, um compacto elétrico vendido por R$ 149.800. O veículo foi apresentado como o mais barato de sua categoria no Brasil. Contudo, a liderança não durou muito, já que a JAC e a Caoa Chery responderam rapidamente, reduzindo os preços de seus modelos rivais em R$ 6 mil e R$ 10 mil, respectivamente. Com isso, o título passou para o iCar, da JAC, cujo preço caiu para R$ 139.990.

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A competição não se restringirá apenas ao segmento de entrada. Isso porque a BYD e a GWM, outra fabricante chinesa, têm planos ambiciosos de começar a produção de carros no Brasil, trazendo ao mercado veículos elétricos de alto nível tecnológico com preços consideravelmente inferiores aos dos concorrentes do mesmo segmento.

Ricardo Bacellar, consultor automotivo, argumenta que as fabricantes chinesas estão em uma posição diferente das montadoras tradicionais. Elas estão atraídas pelo tamanho do mercado brasileiro e pelo segmento de veículos de alto volume, que tem sido negligenciado pelas montadoras locais. “As empresas chinesas têm um grande volume de produção global, obtendo suprimentos a preços mais competitivos”, analisa Bacellar.

Milad Kalume, da Jato Informações Automotivas, também argumenta que as fabricantes chinesas conseguem competir oferecendo um produto comparável ao segmento superior, porém com preços mais acessíveis. “Essas montadoras conseguem esses preços por terem um processo de manufatura muito mais econômico do que o de qualquer outro mercado mundial. Além disso, têm volume de produção, já que são as maiores fabricantes de carros eletrificados do mundo”, afirma Kalume.

Os dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) mostram que o primeiro semestre de 2023 foi recorde em vendas, com 26.014 unidades comercializadas, um aumento de 59% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ricardo David, sócio-diretor da Elev, empresa especializada em soluções para eletromobilidade, acredita que esse crescimento pode ser ainda maior com a produção de modelos mais populares no Brasil.

Nos mercados internacionais, principalmente China e Índia, já se observa a venda de modelos elétricos a preços inferiores aos de seus concorrentes a combustão. Segundo David, aliado ao baixo custo de manutenção dos veículos elétricos, isso representa uma revolução para a indústria.

BYD no Brasil

Uma das novidades da BYD é o compacto Seagull, que será lançado antes da inauguração da fábrica da marca em 2024. O carro, que terá um preço estimado entre R$ 100 mil e R$ 110 mil, será o elétrico mais acessível do Brasil. David também chama a atenção para a importância do diálogo em relação aos condomínios, que precisarão resolver questões como o fornecimento de carregamento e os espaços reservados para os veículos elétricos.

As parcerias com o bloco dos Brics e do Mercosul, especialmente com a modernização da relação entre os países, podem representar um marco importante na produção nacional desses veículos. “Temos que pensar na eletrificação não apenas como algo para fornecer o melhor dos elétricos para o mercado nacional, mas também como uma forma de expansão do leque de produtos oferecidos pelo Brasil para o mercado externo”, destaca David.

Apesar do otimismo, o Brasil enfrenta desafios significativos na transição para a eletrificação. Um dos principais é a infraestrutura para abastecer esses veículos. Segundo a Jato, o Brasil está muito atrás dos países europeus quando se trata do número de carregadores. A Holanda, líder nesse quesito, tem 90 mil carregadores elétricos, uma média de 2,1 para cada quilômetro quadrado. No Brasil, existem apenas 2,5 mil carregadores, uma média de 0,00029 por km². Isso limita os carros puramente elétricos a circularem apenas em grandes centros, onde a maior parte dos carregadores está concentrada.

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