Conhecida pela superpopulação felina com pouco mais de um milhão de gatos, Chipre tem alerta de coronavírus felino, que já dizimou quase 80% dos animais de rua da ilha. Doença que já nasce em 90% do gatos, no entanto, não é transmitida aos humanos, mas ainda é motivo de preocupação para agentes de saúde da ilha e para moradores da região do mediterrâneo. Saiba mais detalhes logo abaixo.
A ilha dos gatos ‘mutantes’
Uma mutação de um coronavírus felino tem causado estragos no Chipre, país conhecido por sua superpopulação de gatos de rua. O número de animais que habita a ilha mediterrânea, inclusive, pode até mesmo ultrapassar o número de habitantes da região, segundo afirmam especialistas.
Para conter a pandemia felina, os defensores dos animais da região exigem que o governo tome medidas urgentes para conter o surto.
Segundo veterinários locais, o vírus vem de uma mutação de um coronavírus intestinal, presente em 90% dos gatos, e é altamente contagioso entre os felinos. No entanto, não é transmitido aos humanos. Os sintomas que o vírus apresenta são febre, inchaço no abdômen, fraqueza e às vezes agressividade.
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Doença já atingiu 300 mil gatos
O presidente da Cats PAWS Cyprus e vice-presidente da Cyprus voice for Animals (CVA), Dinos Ayiomamitis, estimou que pelo menos 300 mil gatos morreram da doença desde janeiro.
Há 25 anos, ele alimenta cerca de 60 gatos em um cemitério de Nicósia. Dinos conta que os animais estão bem, mas o perigo de contágio entre outros felinos segue sendo motivação de preocupação entre a população do Chipre.
O vírus está presente em várias grandes cidades da ilha, mas também em países vizinhos como Líbano, Israel e Turquia. A falta de estudos, no entanto, dificulta a confirmação de dados. Apenas 107 casos foram registrados oficialmente no sul da ilha, segundo os serviços veterinários do Ministério da Agricultura – mas esse número não reflete a realidade. Especialistas apontam dificuldades para diagnosticar a doença e denunciam a falta de recursos.
Moradores que costumam alimentar gatos disseram à agência AFP que eles simplesmente desaparecem e poucos corpos são encontrados. Incidente que acontece porque, ao adoecerem, os animais se isolam e morrem sozinhos.
Solução clandestina para conter a epidemia
Duas opções são consideradas para conter a epidemia: o uso de um medicamento aprovado para o coronavírus humano na Índia, o molnupiravir, e um antiviral veterinário aprovado na Inglaterra, chamado “GS-441524”.
Atualmente, foi autorizada somente a importação do GS ao Chipre, com restrições. No entanto, o preço do tratamento é exorbitante, podendo alcançar 7 mil euros (US$ 7,7 mil ou R$ 37,6 mil) por animal. Por conta do valor impraticável, algumas pessoas recorrem a mercados clandestinos na internet ou em grupos de Facebook para comprar medicamentos a custos mais acessíveis.
Por outro lado, outras tentam buscar soluções dentro da lei, fazendo um apelo ao governo para que autorize o uso do medicamento molnupiravir, cujo tratamento custaria cerca de 200 euros (US$ 220 ou R$ 1.076) por gato.
Em resposta à população e à imprensa local, o Ministério da Agricultura afirma que estuda “possíveis formas de resolver o problema”, com tratamentos “disponíveis no mercado da União Europeia”.
Com tantas indefinições e a demora do governo para resolver a questão sanitária que atinge a ilha, os moradores afirmam que a situação dos gatos está sendo tratada de forma negligente e cruel pelo governo cipriota, e que a preocupação maior passa a ser a possibilidade de novas mutações da doença surgirem, levando a chamada “ilha dos gatos” a se tornar a “ilha dos gatos mortos”, segundo uma moradora local afirmou.
Uma história de amor milenar
A história de amor entre a ilha e os gatos vem de longa data. Foi nesta localização do mar mediterrâneo que as evidências mais antigas da domesticação de felinos foram encontradas, com a descoberta de um esqueleto de gato ao lado de restos humanos datados em mais de 9 mil anos. Segundo arqueólogos, era comum, dentro de civilizações antigas, que gatos fossem enterrados junto aos seus donos.
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