Brasileiros estão mais endividados? A inadimplência se encontra em um patamar alarmante, com mais de 40% da população brasileira em situação de endividamento, segundo um recente levantamento realizado pela Serasa Experience. O impacto dessa realidade sobre a economia brasileira é profundo, com repercussões que vão além da esfera individual e afetam o cenário econômico como um todo.
Qual o número de brasileiros endividados?
Esse número, que se aproxima de 71 milhões de indivíduos, é o maior desde janeiro de 2016, demonstrando que nem mesmo a crise ocasionada pela pandemia de coronavírus conseguiu atingir tal patamar. A soma dos débitos dos brasileiros aos seus credores ultrapassa a marca de R$ 340,6 bilhões. Grande parte dessa dívida se concentra em duas modalidades financeiras: o cartão de crédito e o cheque especial, reconhecidos por suas taxas de juros elevadas.
Veja também: Decisão da JUSTIÇA pode fazer você perder a casa por dívida que não é sua
O cenário de endividamento extensivo é prejudicial à economia nacional, como admitido por membros do Ministério da Fazenda. O alto grau de endividamento compromete a capacidade de consumo das famílias, o que por sua vez afeta a demanda por bens e serviços e pode gerar um círculo vicioso de retração econômica.
A análise do endividamento por faixa etária revela um crescimento exponencial de inadimplentes em todas as idades. Entretanto, é especialmente preocupante o fato de que quase 70% dos negativados têm entre 26 e 60 anos, faixa etária considerada economicamente ativa. Além disso, há um aumento progressivo de idosos com mais de 60 anos em situação de inadimplência, um dado particularmente alarmante considerando as necessidades essenciais de consumo desse grupo, como medicamentos.
Alguns analistas não são otimistas em relação ao futuro dos inadimplentes no Brasil. A política de aperto monetário implementada pelo Banco Central é apontada como um fator que contribui para o aumento da inadimplência. Recentemente, a autoridade monetária decidiu manter a taxa de juros básica (Selic) em 13,75% ao ano, a taxa mais alta do mundo.
A falta de perspectiva para a redução dessa taxa, expressa pelo Banco Central para o mês de agosto, aumenta a preocupação dos membros do Governo Federal. Com a Selic elevada, as taxas de juros cobradas por bancos e outras instituições financeiras tendem a subir, o que agrava a situação dos endividados.
Perspectiva de alívio
No entanto, existem algumas perspectivas de alívio para a situação de endividamento dos brasileiros. No mês de junho, por exemplo, o programa Bolsa Família está realizando pagamentos médios de R$ 705 por família. Apesar de o valor ser considerado insuficiente para a manutenção de uma família durante um mês, o Governo argumenta que esse dinheiro poderá contribuir para o pagamento de parte dessas dívidas.
Outra medida que pode ajudar a reduzir a inadimplência é a antecipação dos pagamentos do 13º salário para os beneficiários do INSS. A expectativa é que essa medida possa auxiliar os mais idosos, que compõem uma parcela significativa do total de endividados. Além disso, em maio, o Governo Federal aumentou o valor do salário mínimo de R$ 1302 para R$ 1320, o que, apesar de um aumento modesto, representa um incremento real.
Uma esperança para os endividados é o lançamento do programa “Desenrola”, confirmado pelo Governo Federal para o mês de agosto. O programa tem o objetivo de facilitar a negociação de dívidas e tem potencial para atender mais de 70 milhões de pessoas. No entanto, ainda há muitas incertezas sobre o funcionamento do programa, e sua efetividade dependerá da adesão de um grande número de empresas, conforme admitido pelo Ministério da Fazenda.
Veja também: Passo a passo para NEGOCIAR suas dívidas no Banco Inter HOJE