Qualquer tipo de dengue tende a deixar qualquer pessoa com receio de pegar a doença. E, agora, os brasileiros têm mais um motivo para se preocupar nesse sentido.
Ocorre que, por meio de um estudo realizado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), tendo sido coordenado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e pela Fiocruz da Amazônia, foi possível descobrir que o sorotipo 3 do vírus atrelado a esta doença ressurgiu no país.
Trata-se de um sorotipo viral que há pelo menos 15 não causava nenhuma epidemia em solo brasileiro e, assim sendo, fez com que um sinal de alerta fosse aceso, em relação ao risco de surgimento de uma possível nova epidemia.
O estudo realizado registrou nada menos que 4 casos de pessoas com infecções ligadas a este tipo de dengue: as descobertas foram feitas no decorrer deste ano nas regiões Sul e Norte, mais especificamente em Roraima e no Paraná.
Felipe Naveca, que atua como virologista da Fiocruz, alerta que novas epidemias podem, sim, surgir. Porém, isso pode levar meses e até mesmo anos para acontecer.
Vale ressaltar que houve uma caracterização genética completa, de modo a atestar que de fato se trata do sorotipo 3 em cada uma das infecções estudadas.
É possível se contaminar com mais de um tipo de dengue
Um fato importante, e que infelizmente não é de conhecimento de toda a população, é que o vírus da dengue se divide em 4 sorotipos. Ou seja: existem 4 tipos da doença.
E o mais curioso, como apontado pela própria Fiocruz, é que uma pessoa que acaba sendo infectada por um tipo específico acabará desenvolvendo imunidade, mas somente a respeito do tipo em questão.
Ou seja: ela ainda poderá contrair dengue outras vezes, caso entre em contato com outro sorotipo. Isso, basicamente, significa que para ser completamente imune à doença é preciso passar por 4 contaminações, cada uma delas sendo de um sorotipo.
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O risco de uma nova epidemia de dengue é real
De fato existe o risco de que uma nova epidemia envolvendo o sorotipo 3 da dengue aconteça, e isso se dá principalmente por conta da população estar com a imunidade consideravelmente baixa. Afinal, nas últimas epidemias foram poucas as pessoas que realmente contraíram o vírus e, por isso, muitas ainda podem acabar tendo a doença.
Há, ainda, o grande perigo da chamada “dengue grave”, que é aquela que acontece com uma frequência muito maior nas pessoas que já adquiriram a doença e acabaram passando pela contaminação de novo, por outro tipo de dengue.
Para que as informações fossem compartilhadas de forma mais rápida, os resultados do estudo tiveram divulgação feita na plataforma medRxiv, sem que houvesse revisão por pares. Lembrando que todo o trabalho foi enviado para ser publicado em periódico científico.
Ainda de acordo com Naveca, todas as análises levam à conclusão de que esse tipo de dengue ressurgiu nas Américas (e consequentemente no Brasil) a partir da Ásia, entre os anos de 2018 e de 2020. Ele aponta que a linhagem tem circulado pela América Central e já infectou cidadãos dos Estados Unidos. Agora, chegou a vez de o nosso país receber o vírus novamente.
Vale frisar, inclusive, que o caso identificado no Paraná está ligado a uma pessoa que havia voltado do Suriname. Já no caso de Roraima o paciente não tinha nenhum histórico de viagem.
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