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Famílias habitam cova natural em Wulong, Chongqing, há décadas

Em um vale escondido nas montanhas de Wulong, na região de Chongqing, cinco famílias transformaram uma cova natural em um verdadeiro refúgio. Ao contrário da correria das grandes cidades, ali, a vida flui de maneira tranquila, cercada por plantações e um silêncio que parece abraçar quem chega. Visualmente, essa cova é um espetáculo: com suas casas simples espalhadas nas encostas, formando um anfiteatro natural, ela é um pedaço de tranquilidade que se destaca na agitação do mundo moderno.

Esse lugar, conhecido como tiankeng de Wankuntuo, se tornou um lar onde as famílias levam uma vida quase completamente autossuficiente. Elas trabalham em suas hortas, cuidam de pequenas criações e têm uma relação direta com a natureza que as rodeia. O tempo parece desacelerar ali, permitindo que cada dia seja vivido de forma plena e conectada.

Um buraco gigante que virou moradia permanente

Ao se aproximar da localidade, um buraco gigante no relevo chama atenção imediatamente. Rodeado por vegetação abundante, esse espaço peculiar é acessível por uma estradinha que leva até as casas e hortas. Se olharmos do alto, veremos que o vale é mais do que um buraco na terra; é um lar vibrante e cheio de vida.

Localizado na cidade de Baima, dentro do distrito de Wulong, o Wankuntuo tiankeng é um exemplo único. Diferente de outras formações geológicas, como as encontradas em Yunnan, Guizhou e Sichuan, que são apenas curiosidades naturais, este é habitado por pessoas que encontraram no interior do buraco um lar acolhedor.

Cinquenta entre hortas, frutas e colheitas

O segredo para a sobrevivência dessas cinco famílias é a terra. Praticamente cada pedacinho do tiankeng é aproveitado para o cultivo de alimentos. É um mosaico agrícola rico, com plantações de batata-doce, repolho, cebola e até árvores frutíferas como laranja e toranja. Para essas famílias, o supermercado é substituído por um quintal produtivo, onde tudo que consumem é colhido a poucos passos de casa.

Água de nascente canalizada em bambu

E a água? Vem da montanha! Uma das cenas mais impressionantes do local é o sistema de abastecimento construído com bambu, onde troncos são usados como canos para trazer a água fresquinha das fontes que brotam nas encostas. Não há contas de água ou redes públicas; apenas a gravidade fazendo seu trabalho. Esse recurso é essencial, irrigando as plantações e garantindo que as famílias tenham água potável.

Uma caverna enorme que completa o cenário

No fundo do vale, a caverna natural é um espetáculo à parte. Com dimensões semelhantes a um campo de futebol, seu chão plano e teto alto fazem dela um espaço impressionante. Embora não seja usada como moradia principal, a caverna em si é uma testemunha silenciosa da vida ao redor, contribuindo para a atmosfera quase mágica daquele lugar.

Gerações que permaneceram e jovens que foram embora

As raízes da história dessas cinco famílias estão entrelaçadas com a história do tiankeng. Algumas pessoas que vivem lá hoje nasceram e cresceram na cova, assim como suas gerações anteriores. Com o tempo, muitos optaram por se mudar para a cidade, buscando novas oportunidades, enquanto os mais velhos continuam a manter a tradição. Essa dinâmica gera um contraste interessante: quem ficou vive de forma mais rural e autossuficiente, enquanto os mais jovens se aventuram pelas oportunidades urbanas.

Trabalho diário, criações e rotina autossuficiente

A vida dessas famílias é recheada de tarefas que garantem a sobrevivência. Plantar milho, cuidar das hortas, alimentar galinhas e até criar abelhas são parte do cotidiano. Quase tudo que precisam é obtido nas proximidades de suas casas, em um ciclo que envolve plantar, colher e processar os alimentos. Mesmo com essa vida simples, a eletricidade e alguns eletrodomésticos estão presentes, mostrando que eles não estão desconectados do mundo moderno.

Isolamento relativo e acesso menos difícil do que parece

Embora viver em uma cova possa parecer isolado, a realidade é bem mais equilibrada. O acesso ao vale é feito através de uma estrada, e o trajeto até as casas dura apenas alguns minutos. Os moradores consideram que o transporte na região é bom, e visitantes, curiosos e turistas têm feito aparições frequentes, atraídos pelas belezas naturais e pela simplicidade de vida.

Um paraíso escondido que desafia o modelo urbano

O dia a dia dessas cinco famílias em Wulong faz a gente refletir sobre o que é qualidade de vida. Sem shopping, trânsito caótico ou poluição, elas têm à disposição hortas, árvores frutíferas e a paz do campo. O vale oferece um modelo de vida focado na auto-suficiência, contrastando com a rotina das grandes cidades.

O futuro desses moradores dependerá de como as novas gerações enxergarão seu lar: como um patrimônio a ser preservado ou um mero conto do passado.

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