Não precisa devolver! TCU livra Lula de grande embaraço

TCU Isenta Lula de Devolver Relógio de Ouro, mas Debate Sobre Presentes Presidenciais Continua.

A decisão, que afastou o risco de um possível embaraço para o atual chefe de Estado, se baseia na ausência de uma norma clara que regulamente a devolução de presentes recebidos por presidentes da República.

O caso ganhou destaque após os ministros do TCU seguirem o voto do ministro Jorge Oliveira. Ele defendeu que, sem uma legislação específica, a Corte não pode exigir a devolução de itens como o relógio de ouro recebido por Lula.

Segundo Oliveira, a criação de regras para o tratamento desses presentes é responsabilidade do Congresso Nacional, e não do TCU

Lula foi isentado de devolver o relógio, mas o debate sobre o tratamento desses presentes está longe de terminar.(Foto: Google creative Commons-Noticiadamanha.com.br).

A grande decisão

Em uma decisão marcante, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou nesta última quarta-feira (7) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não precisará devolver um relógio de ouro da marca Cartier, presente recebido em 2005.

Essa decisão tem potencial para influenciar outros casos de grande repercussão, como o processo envolvendo joias e armas recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) do governo da Arábia Saudita.

Em 2023, o TCU decidiu que Bolsonaro deveria devolver os presentes, mas a recente decisão sobre o caso de Lula pode abrir caminho para uma nova discussão sobre o tratamento desses bens.

Ausência de norma legal

O ministro Jorge Oliveira foi enfático ao argumentar que a ausência de uma norma legal clara impede a Corte de determinar a incorporação de presentes ao patrimônio público.

Segundo ele, a falta de uma definição precisa sobre o que constitui um bem “personalíssimo” ou de “elevado valor de mercado” dificulta qualquer imposição legal.

Oliveira afirmou que a criação de uma norma que diferencie claramente os presentes que podem ser incorporados ao patrimônio privado ou público deve ser responsabilidade do Legislativo, e não do Judiciário.

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A favor de Lula

A decisão foi acompanhada pelos ministros Vital do Rêgo, Jonathan de Jesus, Aroldo Cedraz e Augusto Nardes. Esses ministros concordaram com o argumento de que, sem uma norma clara, não é possível impor a devolução de presentes recebidos por presidentes.

Eles também destacaram que a decisão não se aplica automaticamente a outros casos, como o de Bolsonaro, embora possa influenciar futuras deliberações.

Sem retroatividade

Por outro lado, os ministros Antonio Anastasia e Marcos Bemquerer votaram pela não devolução do relógio com base em outro argumento: as normas não podem retroagir.

Anastasia havia seguido o parecer técnico, que indicava que a regra de devolução de presentes não poderia ser aplicada retroativamente. Esse entendimento, embora também favorável a Lula, não abriria margem para revisões em outros processos, como o de Bolsonaro.

Contra Lula

O único ministro que se posicionou a favor da devolução foi Walton Alencar. Em seu voto, Alencar argumentou que permitir que presidentes mantenham presentes de alto valor poderia configurar uma “remuneração incontrolada” e aumentar indevidamente o patrimônio pessoal do chefe de Estado.

Alencar alertou para o risco de confusão entre o patrimônio pessoal do presidente e o patrimônio público, ressaltando a importância de manter uma separação clara entre os dois.

A decisão do TCU levanta questões sobre a necessidade de regulamentação mais rígida e clara para presentes recebidos por presidentes da República.

Brechas para interpretações

A falta de uma legislação específica deixa brechas para interpretações variadas, o que pode gerar instabilidade jurídica em casos futuros. Com a decisão de ontem, Lula foi isentado de devolver o relógio, mas o debate sobre o tratamento desses presentes está longe de terminar.

Agora, o foco volta-se para o Congresso Nacional, que pode ser instado a criar uma legislação que regule de forma clara e inequívoca o tratamento dos presentes recebidos por autoridades públicas.

Essa regulamentação seria essencial para evitar futuras controvérsias e garantir a transparência nas ações dos representantes do poder executivo.

Apenas um capítulo

A decisão sobre o relógio de Lula é apenas um capítulo de uma discussão maior sobre ética e moralidade na administração pública.

À medida que o Brasil busca fortalecer suas instituições democráticas, o papel do TCU, do Congresso e do Judiciário na preservação da integridade das ações dos governantes será cada vez mais fundamental.

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