Um estudo da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) revelou altos níveis de álcool em marcas populares de pão de forma. Três dessas marcas apresentaram quantidades de álcool que poderiam resultar em flagrantes de multa de embriaguez ao volante.
A pesquisa que alertou sobre a “multa” analisou dez marcas de pão de forma vendidas em supermercados pelo Brasil:
Pulmann, Visconti, Bauducco, Wickbold 5 zeros, Wickbold sem glúten, Wickbold leve, Panco, Seven Boys, Wickbold e Plusvita.
Seis dessas marcas apresentaram teores de álcool significativos, sendo que a Visconti registrou 3,37% de álcool e a Bauducco, 1,17%. No Brasil, bebidas com teor de etanol acima de 0,5% são classificadas como alcoólicas, o que coloca esses pães em uma categoria preocupante.
Quantidades de álcool encontradas nas marcas; cuidado com a multa!
Marca | Quantidade de Álcool (%) |
---|---|
Bauducco | 1,17 |
Visconti | 3,37 |
Panco | 0,51 |
Plus Vita | 0,16 |
Seven Boys | 0,50 |
Wickbold 5 zeros | 0,89 |
Wickbold Leve | 0,52 |
Wickbold SG | 0,66 |
Wickbold | 0,35 |
Pulmann | 0,05 |
Causas do álcool no pão de forma
A fermentação no processo de produção de pão de forma gera álcool, que geralmente evapora durante o assamento. No entanto, a Proteste identificou que os altos níveis de álcool persistem devido ao uso de antimofo diluído em álcool, utilizado para aumentar a durabilidade dos produtos.
A associação alerta que cerca de 10% da produção de pães no Brasil é perdida por causa de mofo, levando as empresas a usarem conservantes que deixam resíduos alcoólicos nos produtos finais.
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Implicações para motoristas e “multa”?
Segundo a legislação brasileira, um teste do bafômetro não pode exceder 0,04 mg/l. Valores entre 0,05 mg/l e 0,33 mg/l são considerados infrações gravíssimas e acima disso configura-se crime de trânsito.
A pesquisa mostrou que consumir duas fatias de pão de algumas marcas pode fazer com que motoristas ultrapassem o limite permitido.
Marcas como Visconti, Bauducco e Wickbold 5 zeros representam risco.
Quantidades de álcool em duas fatias de pão
Marca | Álcool em Porção de Duas Fatias (mg/l) |
---|---|
Visconti | 1,69 |
Bauducco | 0,59 |
Wickbold 5 zeros | 0,45 |
Respostas das marcas
A reportagem do site G1 ouviu as marcas envolvidas e elas enviaram as suas respostas, adaptadas aqui:
- Bauducco e Visconti
A Pandurata Alimentos, fabricante dos produtos Bauducco e Visconti, afirmou que segue rigorosos padrões de segurança alimentar e possui certificação BRCGS (British Retail Consortium Global Standard). A empresa afirma seguir todas as legislações e regulamentações vigentes e não foi notificada pela Proteste sobre a pesquisa.
- Panco
A Panco destacou seu compromisso com a qualidade e segurança de seus produtos, afirmando seguir práticas rigorosas de controle de qualidade e homologação de fornecedores. A empresa desconhece a metodologia da Proteste e esclarece que não utiliza etanol na fabricação de pães. A Panco está realizando análises complementares para avaliar os pontos levantados pela pesquisa.
- Wickbold
O Grupo Wickbold, responsável pelas marcas Wickbold e Seven Boys, reforçou que todas as suas receitas e processos seguem protocolos de segurança e qualidade, cumprindo a legislação vigente. A empresa não foi notificada sobre o estudo da Proteste e espera receber detalhes para prestar esclarecimentos.
Contexto e repercussões
A pesquisa da Proteste lança luz sobre a presença de álcool em alimentos comuns como pão de forma, levantando preocupações sobre os impactos na saúde e segurança dos consumidores.
Especialistas recomendam que consumidores, especialmente motoristas, gestantes e crianças, fiquem atentos às informações e busquem alternativas mais seguras.
A revelação de altos teores de álcool em pães de forma vendidos no Brasil sublinha a necessidade de maior transparência e rigor na fiscalização dos alimentos. As marcas envolvidas afirmam seguir as normas vigentes, mas a Proteste alerta para os riscos de consumo inadvertido de álcool.
A continuidade das investigações e análises é essencial para garantir a segurança alimentar e proteger os consumidores brasileiros.