A transição do fenômeno El Niño para La Niña sinaliza uma mudança importante no panorama climático do Brasil, com expectativas de alterações significativas nas condições meteorológicas do país. Apesar da promessa de alívio que La Niña traz frente às extremidades climáticas recentemente enfrentadas, especialistas apontam para a continuidade de desafios em várias regiões.
Transição climática e suas implicações
A formação de La Niña no oceano Pacífico aponta para uma diminuição das temperaturas em contraste com o aquecimento provocado pelo El Niño. Esse resfriamento é esperado para trazer um alívio das ondas de calor e das chuvas torrenciais que marcaram o último período no Brasil.
Marcelo Seluchi, do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), sublinha a necessidade de monitoramento dessa transição incomum, especialmente considerando que 2023 foi registrado como o ano mais quente da história.
Previsões iniciais indicam que La Niña pode causar chuvas acima da média em regiões do Norte, Minas Gerais e Bahia a partir de junho, enquanto o Sul do Brasil, recentemente afetado por enchentes históricas, pode experimentar uma redução nas precipitações.
Agricultura sob influência climática
O setor agrícola, especialmente no Rio Grande do Sul, já enfrenta os efeitos da transição. Alencar Rugeri, da Emater, descreve os desafios impostos aos produtores, como atrasos no plantio da soja e doenças no milho, levando a uma previsão de queda de 4,7% na safra nacional de grãos para 2024, de acordo com o IBGE.
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Persistência da seca e alertas
Enquanto La Niña pode mitigar algumas extremidades climáticas, regiões como o Pantanal continuam sob a ameaça da seca. A falta de recuperação adequada dos níveis dos rios e dos solos, mesmo após o término da estação chuvosa, é uma preocupação crescente.
José Marengo, do Cemaden, adverte que o resfriamento trazido por La Niña não significa uma reversão da tendência de aquecimento global. A importância do monitoramento contínuo das mudanças climáticas, tanto em escala global quanto regional, é enfatizada.
Compreendendo El Niño e La Niña
El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas do Pacífico Equatorial, afetando diretamente os padrões climáticos globais, incluindo aumento de temperaturas e alterações nos regimes de chuva.
La Niña, por outro lado, representa o resfriamento dessas águas, também impactando globalmente o clima, mas de maneira oposta, com potencial para temperaturas mais baixas e variações nas precipitações, afetando agricultura, recursos hídricos e ecossistemas.
A transição para La Niña traz uma esperança cautelosa de alívio das condições climáticas extremas no Brasil. No entanto, a persistência de desafios, especialmente em regiões suscetíveis a secas e problemas agrícolas, requer uma vigilância e adaptação contínuas. O fenômeno serve como um lembrete da complexidade das dinâmicas climáticas e da necessidade de estratégias sustentáveis para enfrentar as mudanças no padrão do clima.
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