Tem notado o mundo um pouco mais preto e branco do que antes? Não, isso não é apenas fruto de sua imaginação. Uma pesquisa recente liderada pelo Science Museum Group, com suporte financeiro do Creative Industries Policy and Evidence Centre (PEC), sugere um notável esmaecimento de cores em objetos ao longo da história do Reino Unido. Prepare-se, vamos mergulhar nessa fascinante revelação que, além de nos deixar de queixo caído, nos faz refletir sobre mudanças históricas e culturais.
A metodologia inovadora empregada pela pesquisadora Cat Sleeman baseou-se na minuciosa análise da paleta de cores presente em mais de sete mil fotografias do acervo da Science Museum Group Collection, datadas de diferentes períodos, a partir do início do século XIX até a atualidade. O que trouxe perplexidade foi a transição paulatina de tons vibrantes para uma paleta progressivamente cinza ao longo dos anos.
Pesquisa revela: um mundo progressivamente mais cinza
Ao analisar a paleta de cores dos objetos examinados, foi possível revelar uma tendência crescente para tons cinza, com um declínio visível nas cores amarelas e marrons. Não se trata de uma mera modificação estética. Essa mudança denota profundas transformações nos materiais utilizados na fabricação de objetos ao longo dos anos, com mais plástico e aço inoxidável surgindo, enquanto o uso da madeira diminui.
Suponha compararmos dois objetos com uma distância temporal significativa, como um telégrafo de 1844 e um iPhone de 2008. As cores do telégrafo são reflexo direto dos seus materiais e design complexo, enquanto o iPhone, com sua estética minimalista, apresenta predominância de cores cinzas e pretas.
O minimalismo, como escolha de estilo de vida e estética, está se tornando cada vez mais popular por várias razões. Primeiramente, ele atende à crescente conscientização sobre a sustentabilidade e a redução do consumismo. Ao optarmos por menos itens, mas de maior qualidade, estamos também rejeitando a cultura do “descartável”, escolhendo, em vez disso, abraçar opções duráveis e tomadas de decisões conscientes.
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Um fenômeno além dos objetos cotidianos
Surpreendentemente, essa mudança não se restringe a objetos do dia a dia, permeando setores diversos, como a indústria automotiva e design de interiores. Um exemplo disso é a comparação entre rodovias dos anos 80 e atualidade. Onde antes predominavam carros vibrantes, vemos agora uma onda de tons prateados, pretos e brancos. O mesmo ocorre com décors domésticos, que ao longo do século XX foram perdendo sua exuberância de cores, texturas e estampas.
Entretanto, parece haver uma retomada do colorido nos últimos anos, puxada pela geração Z. Essa moçada está sacudindo as paletas cromáticas e desafiando a estética minimalista dominante, introduzindo cores e texturas de volta aos ambientes.
Parece que voltamos a uma busca mais colorida e variada, onde os aspectos estéticos não se dissociam do contexto sócio-econômico-cultural e as cores dos objetos são profundamente ligadas às especificidades de cada período e lugar. Assim, fica a provocação: será que estamos passando por uma redescoberta cromática no mundo? Só o tempo dirá.
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