A moda “cabelo maluco” entrou de vez para o cenário político mundial. Após cenas um tanto hilárias com Donald Trump e sua intocável peruca enquanto era presidente dos Estados Unidos, novos líderes da extrema direita igualmente com visuais capilares diferenciados entraram em cena, como o recém eleito presidente da Argentina, Javier Milei. Para alguns, o visual é uma expressão extrema do liberalismo, desafiando as normas e reafirmando suas posições como líder. Acompanhe a leitura abaixo e saiba mais detalhes sobre o assunto.
Diferentes, mas nem tanto
No livro “Uma história maluca da peruca”, Luigi Amara descreve como Andy Warhol, o renomado artista, transformou sua marca pessoal em torno de um peculiar corte de cabelo, que, na verdade, era uma peruca.
Essa “mecha de cabelo platinado estilo vassoura” foi leiloada por US$ 10.800 (R$ 52.607) em 2006, destacando a importância de um visual icônico para criar fama.
Surpreendentemente, líderes da extrema direita do século XXI, como Javier Milei na Argentina e Geert Wilders na Holanda, parecem seguir essa estratégia, dando origem a memes e questionamentos sobre a conexão entre a extrema direita e penteados peculiares. Continue lendo, a seguir, e entenda as possíveis coincidências.
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A história da peruca: de Sífilis a símbolo de status
No século XVI, a moda da peruca teve origem nas cortes europeias afetadas pela sífilis, que deixou muitos homens carecas. Luís XIII da França, enfrentando a alopecia, popularizou o uso de perucas, transformando-as em símbolos de ostentação.
A Revolução Francesa, em 1792, aboliu as perucas, marcando uma mudança na moda capilar. Com o século XIX, os cabelos curtos tornaram-se padrão na Europa, simbolizando a limpeza e a renúncia aos padrões antigos.
Rebelião capilar: Milei, o revolucionário argentino
Ana Velasco Molpeceres, autora de “A História da moda na Espanha”, compara o estilo capilar de Javier Milei aos rebeldes revolucionários do passado. Para ela, a estratégia capilar de Milei está ligada à ideia de não conformidade com os padrões contemporâneos, transmitindo uma mensagem de diferença.
O cabelo do argentino é visto como uma expressão extrema do liberalismo, desafiando as normas e reafirmando sua posição como líder.
Geert Wilders: estética bizarra na direita neoliberal
Assim como Milei, Geert Wilders escolheu um penteado desconcertante. Velasco Molpeceres e Antoni Gutiérrez-Rubí, diretor da Ideograma, acreditam que essa escolha visa ser amigável à mídia, incorporando uma estética bizarra e rupturista na direita neoliberal.
O cabelo se torna um dispositivo digital que simboliza liderança vigorosa e inclassificável, uma estratégia adotada por líderes como Trump.
Cabelo e poder: uma relação decodificada
O sociólogo Luis Arroyo destaca a relação histórica entre cabelo masculino e poder, onde a ausência de cabelo é decodificada como o oposto, explicando o esforço de Donald Trump para esconder sua calvície com uma peruca peculiar.
A busca pela diferença e a ideia de personalidades neuróticas são apontadas na literatura sobre novas lideranças, onde o desalinho capilar desafia o establishment.
Boris Johnson: desafio à etiqueta britânica
Boris Johnson, ex-premier do Reino Unido, também desafiou as normas sociais com seu cabelo e estilo excêntrico. A literatura sobre hiperlideranças destaca a busca pela diferença como uma característica de personalidades consideradas especiais.
Significados profundos e variações globais
Os penteados têm significados culturais profundos, variando de país para país. Na Argentina, líderes inclassificáveis, como Carlos Ménem, destacaram-se por cortes que desafiavam os cânones.
A Bolívia viu em Evo Morales o uso da pluma negra como símbolo de orgulho. A diferença na escolha de cabelos entre homens e mulheres também é destacada, mostrando preocupações distintas.
Cabelos como manifesto e ícones
Em meio a diferentes significados culturais, os penteados dos líderes da extrema direita tornam-se manifestos visuais.
Seja Milei na Argentina ou Wilders na Holanda, a estética capilar peculiar desses líderes se torna um meio de expressão, desafiando normas e transmitindo mensagens de diferença em uma era digital.
*Com informações do O Globo e El Pais.
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