As redes sociais tornaram-se uma parte permanente do cotidiano da maioria das pessoas em todo o mundo. Para alguns, elas representam uma ferramenta de trabalho, um meio de conexão com outros indivíduos, no entanto, para outros o mesmo espaço virou um ambiente de ‘terrorismo’ alimentar que estabelece um padrão de beleza nas redes sociais e quem tem deixado as pessoas preocupadas o tempo todo com o que comem, o que se reflete inevitavelmente em doenças como depressão e ansiedade, segundo apontam especialistas. Acompanhe a leitura abaixo e entenda os riscos da web em sua saúde.
A ameaça está na web
Ao mergulhar no universo virtual das redes sociais, nos deparamos com um cenário repleto de imagens e depoimentos que exibem vidas aparentemente perfeitas.
Pessoas bem-sucedidas, com roupas deslumbrantes e caras, que acordam cedo com uma grande satisfação e naturalidade, dedicam-se à atividade física, apreciam refeições equilibradas, exibem famílias radiantes nas fotografias e aparentam extrema felicidade em seus trabalhos, inclusive encontrando tempo para viagens constantes.
Entretanto, após contemplar esse desfile incessante de conquistas alheias, uma sensação de inadequação e desconforto pode tomar conta de nós, meros mortais, do outro lado da tela, fazendo com que questionemos nossa própria beleza, sucesso e felicidade.
Siga a leitura e entenda os reais riscos ao se deixar influenciar pelas ilusões que a web nos ‘vende’.
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O mundo das redes sociais e seus impactos na autoestima
Esses sentimentos são frequentes entre os usuários assíduos das redes sociais. Em 2019, o Instagram tomou a iniciativa de eliminar a contagem de curtidas nas publicações, alegando preocupação com a autoestima de seus usuários.
Tal medida reflete a compreensão de que os padrões de beleza impostos pela mídia e pelos influenciadores digitais, juntamente com a crescente utilização de filtros em fotos e vídeos, desempenham um papel significativo na formação da autoimagem.
As redes sociais frequentemente nos colocam em situações de comparação com indivíduos que vivem realidades completamente distintas, como celebridades e influenciadores.
Essa comparação incessante pode gerar uma avaliação negativa de nós mesmos, minando nossa autoconfiança e autoaceitação, componentes essenciais da autoestima. É importante ressaltar que pessoas mais jovens e aquelas que passam mais tempo nas redes sociais são particularmente suscetíveis a esses efeitos.
Terrorismo alimentar nas redes sociais: a ditadura do corpo “ideal”
A busca incessante pelo corpo “ideal” é uma pressão cada vez mais presente nas redes sociais. Os influenciadores digitais encontraram um nicho lucrativo produzindo conteúdo relacionado a emagrecimento, prática de exercícios e um estilo de vida saudável.
No entanto, o que os nutricionistas destacam é que, em um ambiente saturado de informações, é necessário adotar estratégias chamativas e novas para conquistar audiência. É aí que surge o fenômeno denominado de “terrorismo alimentar”.
Afirmações como “o açúcar é tão viciante quanto a cocaína”, “eliminar o glúten é o segredo para perder peso”, “o leite é inflamatório” e “o pão é o vilão da história” são amplamente difundidas na internet, frequentemente em vídeos com títulos provocativos.
É importante ressaltar que essas declarações carecem de embasamento científico, mas inundam as plataformas digitais em busca de atenção. Se você já se deparou com conteúdo desse tipo, está testemunhando o terrorismo alimentar em ação.
De acordo com especialistas, essa abordagem categoriza alimentos como ameaças e instiga o medo em relação à alimentação. Em tempos passados, a contagem de calorias era o foco, porém, a tendência atual nas redes sociais é proibir uma série de alimentos que fazem parte do cotidiano e da cultura alimentar brasileira.
A nutricionista Marina Nogueira, em entrevista ao g1, destacou que esse tipo de conteúdo, aliado ao uso excessivo de imagens de corpos inatingíveis, a motivou a criar o projeto “Não Conto Calorias”.
Através das redes sociais, seu blog e podcast, ela conscientiza o público sobre os perigos do terrorismo alimentar, restrições extremas nas dietas e incita, especialmente as mulheres, a refletirem sobre a pressão estética online.
A obsessão pela dieta na web
Realizando uma rápida pesquisa no Instagram, é possível encontrar cerca de 35 milhões de publicações com a hashtag “dieta”.
Grande parte desse conteúdo apresenta vídeos nos quais indivíduos compartilham suas “rotinas saudáveis” de perda de peso, oferecendo dicas para emagrecer e até recomendando produtos supostamente emagrecedores, muitas vezes sem a devida identificação de que se trata de publicidade.
O fenômeno do terrorismo alimentar nas redes sociais está em pleno vigor, impactando a forma como as pessoas se relacionam com a comida e seu próprio corpo.
A ilusão nas redes sociais
Ao ‘zapear’ nosso feed nas redes sociais, somos imersos em um mar de imagens de corpos perfeitos, rostos imaculados, viagens espetaculares, produtos de luxo e famílias felizes.
A comparação com nossas próprias vidas se torna praticamente inevitável, e as dúvidas surgem: “O que estou fazendo de errado para não atingir esses padrões?”.
É fundamental entender que as redes sociais oferecem um vislumbre enviesado e distorcido da realidade. Influenciadores selecionam suas melhores fotos, aplicam filtros e edições minuciosas, escolhem ângulos e iluminação favoráveis, muitas vezes após uma produção meticulosa com maquiagem e preparação dos cabelos.
Mesmo com todos esses esforços, são necessárias inúmeras tentativas para obter uma única imagem verdadeiramente excepcional. Raramente vemos retratos de pessoas em momentos de completa espontaneidade, pois esses momentos não costumam resultar em imagens dignas do Instagram.
Como comprovação, tente fotografar amigos e familiares em uma festa sem aviso prévio, e perceberá a dificuldade de obter uma imagem “instagramável”.
Nas redes sociais, os aspectos menos atraentes da vida raramente são compartilhados. Estrias, olheiras, varizes, celulites, pele oleosa ou seca, cabelos danificados por procedimentos químicos, dentes manchados, momentos de vulnerabilidade e desafios cotidianos são deliberadamente omitidos.
Questões financeiras também permanecem escondidas, como dívidas, cartões de crédito estourados e outros percalços que podem estar por trás das fotos de bolsas de luxo ou viagens paradisíacas. Em essência, as redes sociais oferecem uma perspectiva unilateral e parcial da vida das pessoas.
Utilizando as redes sociais de maneira saudável
As redes sociais tornaram-se uma parte inseparável do cotidiano da grande maioria das pessoas em todo o mundo. Para alguns, elas representam uma ferramenta de trabalho, um meio de conexão com outros indivíduos, um espaço para compartilhar habilidades, como dança, canto ou fotografia, ou uma maneira de explorar novos lugares e criar laços.
Portanto, afirmar que a solução para manter uma autoestima saudável nos tempos atuais é simplesmente afastar-se das redes sociais não é uma abordagem realista.
Em vez disso, é fundamental estabelecer limites de tempo e investir no autoconhecimento como estratégia para preservar e fortalecer a autoestima.
Reflexões para a sua vida real
Não há dúvidas de que as redes sociais podem influenciar profundamente a maneira como nos enxergamos. Porém, a conscientização de que as imagens ali compartilhadas são muitas vezes uma representação distorcida da realidade é o primeiro passo para resistir às pressões e mantê-la intacta.
A autoestima é um ativo precioso, que merece ser nutrido e protegido, independentemente das ilusões virtuais que se apresentem.
*Com informações do g1 / Fonte adicional: Psicóloga Karla Cardozo
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