Escondida durante 34 milhões de anos, paisagem é achada na Antártida

Pesquisadores da Universidade de Durham, nos Estados Unidos, divulgaram informações sobre o subsolo de uma região de 32 quilômetros, localizada sob o manto de gelo da Antártida.

No passado, esta área era caracterizada por vales, colinas e a presença de rios. No entanto, há mais de 34 milhões de anos, esta paisagem ficou oculta sob uma camada de gelo, situada a uma profundidade superior a 2,5 quilômetros.

A análise do terreno foi realizada por meio da detecção dos ecos de ondas de rádio emitidas por um avião que sobrevoou a região, uma técnica conhecida como “eco-sondagem”. A seguir, saiba todos os detalhes sobre esta descoberta surpreendente.

Antártida: paisagem oculta durante 34 milhões de anos é finalmente revelada
Antártida: paisagem oculta durante 34 milhões de anos é finalmente revelada/ Foto: Divulgação Nasa

Paisagem escondida na Antártida: importância científica única

De acordo com informações do The Guardian, a descoberta tem importância única para a Ciência, uma vez que o solo da Antártida Oriental, coberto por uma espessa camada de gelo, é menos conhecido do que a superfície de Marte.

É importante salientar que o estudo recente se limitou a mapear uma área de 32 quilômetros, enquanto a Antártida é um continente maior do que toda a Europa.

Vale ressaltar que o aquecimento global tem causado o derretimento de áreas anteriormente congeladas, expondo objetos e paisagens que permaneceram ocultos por longos períodos de tempo.

Cientistas utilizaram técnicas de detecção remota

A antiga paisagem oculta sob a camada de gelo da Antártida Oriental, há pelo menos 14 milhões de anos, foi revelada através de dados de satélites e a utilização de aeronaves equipadas com radar de penetração no gelo.

Os cientistas aplicaram técnicas de detecção remota para mapear uma área de terra de aproximadamente 32 mil quilômetros quadrados, equivalente em tamanho à Bélgica.

O resultado da pesquisa apontou para uma paisagem que, antes da formação da camada de gelo na Antártida Oriental, se assemelhava a colinas e vales, semelhante à região de North Wales.

As descobertas científicas foram publicadas em um estudo na revista Nature Communications, em uma pesquisa conduzida pelo professor Stewart Jamieson, do departamento de geografia da Universidade de Durham, que buscou traçar a história da camada de gelo e sua evolução ao longo do tempo.

Jamieson destacou que a terra sob o manto de gelo da Antártida Oriental é menos explorada do que a superfície de Marte, enfatizando que compreender esta paisagem é essencial para o entendimento do fluxo de gelo na Antártida e sua resposta às mudanças climáticas passadas, presentes e futuras.

Preservação da paisagem sob o gelo surpreendeu cientistas

A expressiva preservação da paisagem sob o gelo a torna uma descoberta muito especial, já que paisagens inalteradas são raras sob camadas continentais de gelo, já que o movimento do próprio gelo tende a erodir e destruir estas formações.

A sobrevivência desta paisagem pode fornecer informações valiosas sobre o futuro da camada de gelo da Antártida Oriental, que contém o potencial de elevar o nível do mar em cerca de 60 metros, à medida que o planeta se aquece.

O estudo sugere que o clima da Terra caminha em direção a temperaturas similares às da época em que esta paisagem se formou, entre 34 e 14 milhões de anos atrás, quando as temperaturas eram de 3ºC a 7ºC mais altas do que atualmente.

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Paisagem data de 34 milhões de anos atrás

A camada de gelo na Antártida Oriental se formou há, aproximadamente, 34 milhões de anos, mas flutuou em tamanho ao longo do tempo, expondo ocasionalmente a terra abaixo dela.

Jamieson explicou que a sobrevivência da paisagem sugere temperaturas excepcionalmente frias e estáveis na base da camada de gelo nestas áreas, mesmo durante períodos de aquecimento climático intermitentes, o que contrasta com outras regiões onde se espera que a água líquida entre o gelo e o leito tenha desgastado as formações.

Os dados geofísicos coletados revelaram a presença de vales interligados sob a camada de gelo, oferecendo um vislumbre da paisagem que existiu há milhões de anos.

Embora não seja possível afirmar quais plantas e animais habitavam a área, a evidência de rios sugere a existência de água corrente, tornando provável a presença de vegetação naquela época.

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