Brasil produz quase 500 mil carros que não chegam às ruas; onde estão?

Responsável por importar milhares de carros todos os anos, o Brasil também produz uma quantidade considerável de veículo, contudo, surpreendentemente, cerca de meio milhão de carros produzidos em território brasileiro não chegam a percorrer nossas estradas. Continue lendo, logo abaixo, e entenda os motivos por trás da inusitada realidade.

Responsável por importar milhares de carros todos os anos, o Brasil também produz uma quantidade considerável de veículo, contudo, surpreendentemente, cerca de meio milhão de carros produzidos em território brasileiro não chegam a percorrer nossas estradas. Continue lendo, logo abaixo, e entenda os motivos por trás da inusitada realidade.
Cerca de meio milhão de carros produzidos em território brasileiro não chegam a percorrer as estradas do país. — Foto: Divulgação / Toyota

Eles não estão nas ruas

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as fábricas automobilísticas do país têm uma capacidade de produção anual de 4,5 milhões de unidades, mas apenas 2,5 milhões de veículos são efetivamente fabricados devido à demanda em baixa.

Isso resulta em um excedente de cerca de meio milhão de veículos. Mas para onde vão esses carros que “sobram”? Continue a leitura a seguir e entenda mais detalhes sobre este curioso dado.

Leia mais: Amados e odiados: estes CARROS deixarão o mercado brasileiro

Destinos da produção brasileira: estoque e exportação

Segundo informou ao Uol, Milad Kalume, diretor da Jato Informações Automotivas, esse excedente é direcionado para dois destinos principais: estoque e exportação. Os países da América Latina, em especial, têm uma forte demanda por modelos brasileiros.

No acumulado até setembro de 2023, o México importou 85.298 unidades, a Argentina 68.303 e o Chile, até agosto, 18.190. Portanto, mais de 323 mil carros “made in Brazil” já estão rodando em outros países.

Modelos exportados e mercados em crescimento

Dentre os modelos exportados, encontramos nomes familiares aos brasileiros, como Renault Kwid, Jeep Compass, Toyota Etios e Corolla, Volkswagen Saveiro e Chevrolet Onix.

Vale ressaltar que, embora o México importe um maior número de unidades, a Argentina é o destino dos modelos mais caros, sendo responsável por 34% da receita de exportação de veículos de passeio do Brasil.

O México fica em segundo lugar, com 25%, seguido pela Colômbia (11%), Chile (5,7%) e Uruguai (5,5%). Essas relações comerciais são resultado de acordos de livre comércio com os países do Mercosul e também com o México.

Análise detalhada das exportações “made in Brazil”

Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços revelam que, nos primeiros nove meses de 2023, o Brasil exportou 3,3 bilhões de dólares em automóveis, representando 1,3% das exportações totais.

Embora seja um número significativo, ele é a metade do que foi exportado em 2017, o auge do setor, quando 570 mil unidades foram enviadas para o exterior.

Queda nas vendas

No entanto, é importante destacar que a exportação de veículos teve uma queda de 11,2% entre janeiro e setembro de 2023 em comparação ao mesmo período do ano anterior, devido à desaceleração dos mercados da Argentina (-16%) e Chile (-10%).

Ao longo do ano, os mercados da Colômbia (-32%) e do Chile (-29%) também enfrentaram quedas nas exportações.

Desafios na exportação: o imposto PAIS e o crescimento do mercado mexicano

Uma preocupação recente para os grandes fabricantes de carros brasileiros é a imposição de um novo imposto na Argentina, o “Para uma Argentina Inclusiva e Solidária” (PAIS), com uma alíquota de 7,5% para produtos importados, incluindo os automóveis fabricados no Brasil.

Isso afetou as relações comerciais entre os dois países, levando o México a ultrapassar a Argentina como o principal mercado para automóveis e comerciais leves brasileiros.

O desafio dos veículos encalhados

Adicionando a esse desafio, a Argentina enfrenta uma crise econômica que pode afetar a venda de carros no país, o que tem implicações diretas na indústria automobilística brasileira, que depende das exportações para aliviar o excesso de veículos nos pátios.

Falando em estoque, entre agosto e setembro de 2023, o número de veículos armazenados em fábricas e concessionárias brasileiras aumentou 8%, passando de 244 mil para 265 mil unidades.

Esses veículos não encontram compradores no mercado interno nem são exportados, portanto, permanecem nos pátios à espera de destinação.

Segundo a Anfavea, esse estoque é suficiente para suprir 40 dias de vendas de veículos no país, e, para efeito de comparação, em setembro de 2019, antes da pandemia, havia 348 mil carros nos pátios.

A situação atual reflete os desafios enfrentados pela indústria automobilística brasileira em um cenário de demanda em baixa e incertezas no mercado de exportação.

Leia também: Mais vendidos dos últimos 20 anos: lista de carros é surpreendente