Como os irmãos afetam sua vida amorosa? Para quem pensava que os laços fraternos perdem relevância após a infância, especialistas em psicologia trazem uma nova perspectiva: a dinâmica entre irmãos pode afetar profundamente os relacionamentos pessoais e profissionais na vida adulta. Mais do que uma mera relação de parentesco, o convívio com irmãos se revela como um ‘laboratório de relações humanas’, moldando características da personalidade e do comportamento que ressurgem em diferentes contextos ao longo da vida.
Relação com irmãos
Durante décadas, a psicologia não deu a devida atenção ao impacto dos relacionamentos entre irmãos na formação do caráter e na construção das relações sociais. Inclusive, figuras renomadas como Sigmund Freud dedicaram escassos comentários ao tema em suas extensas obras. No entanto, estudos mais recentes, sobretudo os promovidos por Karen Gail Lewis, PhD e terapeuta de irmãos com meio século de experiência, começam a preencher essa lacuna. Lewis lançou um livro este ano intitulado “Sibling Therapy”, em que aborda como os vínculos entre irmãos podem afetar de maneira decisiva os relacionamentos ao longo da vida adulta.
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A especialista argumenta que o convívio fraterno é um palco inicial para as experiências emocionais e sociais que moldam comportamentos futuros. É durante a infância, na convivência com irmãos, que se aprendem habilidades de negociação, resolução de conflitos e até mesmo a rivalidade. Quando esses indivíduos chegam à idade adulta e enfrentam disputas ou desafios, é comum recorrerem, ainda que inconscientemente, aos padrões comportamentais estabelecidos na fraternidade.
Lewis explora essa influência em várias esferas da vida adulta. Por exemplo, a forma como os pais interagem com seus próprios irmãos pode acabar sendo replicada na educação de seus filhos. Aqueles que tiveram experiências negativas em suas relações fraternas tendem a ser mais intervencionistas, talvez movidos por uma preocupação excessiva, o que pode até criar barreiras entre os irmãos no longo prazo.
Transferência de padrões
Outro aspecto importante é a transferência desses padrões fraternos para o ambiente de trabalho e nas amizades. Em casos extremos, as pessoas que foram vítimas de comportamento abusivo de seus irmãos podem acabar reproduzindo esses padrões em relações profissionais ou pessoais tóxicas. Por exemplo, se uma pessoa se sentiu constantemente intimidada por um irmão durante a infância, ela pode ser mais suscetível a se sentir ameaçada por um colega de trabalho que demonstre características similares.
Segundo Lewis, esses traços também aparecem nos relacionamentos amorosos. A terapeuta descreve o laço entre irmãos como o “primeiro casamento” da vida de uma pessoa, onde padrões de comportamento são fixados e muitas vezes transferidos para futuras relações amorosas. Em casos extremos, experiências traumáticas de abuso entre irmãos podem até levar a escolhas de parceiros abusivos.
Diversos estudos também mostraram que a influência fraterna não se limita à vida pessoal, mas também permeia as relações profissionais. Padrões de auto-sabotagem estabelecidos na infância podem surgir no ambiente de trabalho, refletindo as interações iniciais com irmãos.
O trabalho de Karen Gail Lewis busca justamente enfrentar essas complexas questões em suas terapias. “Acho emocionante ver irmãos se encontrarem em conflito e tensão, orientar suas interações e vê-los partir depois de renovarem suas imagens um do outro e de si mesmos”, conclui a especialista. É um alerta para a importância de entender e resolver as questões emocionais e comportamentais originadas no seio familiar, muitas vezes negligenciadas, mas que carregamos inconscientemente ao longo de toda a vida.
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