Saúde das mulheres – Viver mais tempo nem sempre é sinônimo de uma vida mais saudável. No Brasil, a expectativa de vida das mulheres supera a dos homens em quase sete anos, mas os números escondem uma realidade preocupante: maior prevalência de doenças como depressão, Alzheimer e osteoporose entre elas. O que está por trás dessa disparidade de gênero na saúde e o que ela nos revela sobre os desafios e riscos enfrentados pelas mulheres ao longo da vida?
Mulheres têm mais doenças do que os homens?
Em termos de expectativa de vida, as mulheres estão em vantagem em relação aos homens. Segundo dados, elas vivem, em média, até 80,5 anos, enquanto eles até 73,6 anos. Além disso, a taxa de mortalidade feminina tem sido consistentemente menor. Em 2000, as taxas brutas de mortalidade para homens e mulheres eram de 5 e 2,2 por mil habitantes, respectivamente. Dez anos depois, esses números caíram para 4,6 e 2,1. Estudos recentes do Ministério da Saúde confirmam essa tendência, mostrando que, em 2012, 74,5% das mortes masculinas eram por causas evitáveis, comparado a 69,5% no caso das mulheres. Em 2021, as taxas ajustadas foram de 78,6% para homens e 77,4% para mulheres.
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No entanto, a longevidade feminina esconde vulnerabilidades sérias. Uma das razões para a maior expectativa de vida das mulheres é o autocuidado. De acordo com dados do Programa Longevidade D’Or na unidade Itaim do Hospital São Luiz, em São Paulo, 66% dos idosos inscritos são mulheres, e a faixa etária mais representada é a de 70 a 79 anos, com 88,6% sendo do sexo feminino. Especialistas em saúde e pesquisadores apontam que as mulheres tendem a levar mais a sério os sintomas de doenças, realizar exames periódicos e buscar atendimento médico de forma mais proativa.
Contudo, esse autocuidado não as protege de certas enfermidades. As mulheres são mais suscetíveis a doenças como depressão, Alzheimer e osteoporose. Luciana Barrancos, gerente executiva do Instituto Cactus, afirma que o gênero define o poder que homens e mulheres têm sobre os determinantes socioeconômicos de sua saúde mental e de suas vidas, o que torna o ambiente mais perigoso para a saúde da mulher.
Fatores biológicos, como o estrogênio, também desempenham um papel significativo. Este hormônio sexual feminino tem efeitos protetores para a saúde, mas sua diminuição com a idade deixa as mulheres mais vulneráveis a certas condições. O médico Sérgio Rocha, especialista em psiquiatria, por exemplo, destaca a relação entre a redução do estrogênio e a prevalência de transtornos mentais como depressão e ansiedade em mulheres.
Além disso, a sobrecarga de tarefas, cansaço físico e mental, desigualdades no mercado de trabalho e violência são fatores sociais que contribuem para o cenário. Dados de um levantamento do Instituto Cactus em parceria com o Instituto Veredas lançado em 2021 destacam a dupla opressão para mulheres negras, onde preconceitos de gênero e raça afetam sua saúde mental.
Outras complicações
A situação é ainda mais complicada no que diz respeito a doenças ósseas e cardiovasculares. Enquanto doenças cardíacas são mais prevalentes em homens, mulheres jovens são mais propensas a morrer após um evento cardíaco, segundo a Federação Mundial do Coração. A osteoporose, por sua vez, afeta 21,2% das mulheres em todo o mundo, em comparação com 6,3% dos homens, de acordo com a Fundação Internacional de Osteoporose.
Portanto, apesar da longevidade, as mulheres enfrentam desafios únicos em sua saúde. Enquanto algumas dessas questões podem ser mitigadas através do autocuidado, como alimentação saudável e prática de exercícios, é fundamental reivindicar políticas públicas amplas de cuidado que incluam combate à violência, acesso à educação e inclusão laboral. É uma questão que envolve complexas interações entre biologia, comportamento e estruturas sociais, exigindo uma abordagem multidisciplinar para sua solução.
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