Robô do INSS – Em meio a um cenário tecnológico cada vez mais em evolução, o robô do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ganha protagonismo, sendo responsável por um terço das solicitações de aposentadoria, pensão e auxílios ao órgão. Este índice, para muitos especialistas, aponta para vantagens de agilidade, mas também sinaliza alertas quanto ao risco de exclusão digital e erros operacionais.
INSS possui um robô para análise de benefícios?
A transição da burocracia manual para o digital no INSS começou em 2017, com a introdução do aplicativo Central de Serviços. Com o tempo, o MeuINSS tornou-se o principal canal para solicitações, substituindo pilhas de papéis que exigiam verificação meticulosa. “Antes, cada etapa do pedido do cidadão era gerenciada por um sistema diferente. Atualmente, integramos diversas plataformas e utilizamos o CPF como identificador único para compilar informações dos contribuintes”, relata Ailton Nunes, diretor de tecnologia de informação do INSS.
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No entanto, para que a aposentadoria seja concedida pelo sistema automatizado, o processo precisa estar impecável. O Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) não deve conter inconsistências, e todos os vínculos trabalhistas precisam estar corretamente registrados. Mas, a realidade mostra que erros de cadastro são comuns e, ao invés de serem enviados para revisão humana, muitas vezes são sumariamente indeferidos pelo robô. Adriane Bramante, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), menciona que essa automação, em muitos casos, apenas desloca as pessoas de uma fila de espera para outra, a de recursos.
Números recentes indicam que cerca de 1,7 milhão de pessoas estão na fila de aposentadoria e outras 7,6 milhões aguardam análise de tarefas pendentes. O INSS, por sua vez, argumenta que a taxa de concessão do robô se mantém em consonância com a média histórica, concedendo aproximadamente metade dos pedidos na fase inicial. Todavia, especialistas como Adriana Abramante, do IBDP, defendem que, antes de uma negação automática, os erros deveriam ser identificados e encaminhados para correção humana.
Outra preocupação reside no fato de que muitos registros de beneficiários ainda não foram digitalizados. Algumas informações, inclusive, nem estão disponíveis nos sistemas, forçando os trabalhadores a apresentar documentos físicos, como a carteira de trabalho, para inserção no MeuINSS. Por outro lado, Ailton Nunes destaca que o cidadão tem a liberdade de incluir dados faltantes, permitindo uma análise mais personalizada.
Redução de servidores
A implementação tecnológica também ocorre em um cenário de redução drástica no efetivo de servidores do INSS. Em apenas cinco anos, entre 2015 e 2020, o órgão viu sua força de trabalho diminuir quase 20%. Atualmente, faltam servidores para ocupar 23 mil cargos, enquanto apenas 19 mil estão ativos. Embora a automação desempenhe um papel crucial, a contratação de mais servidores ainda é vista como essencial para lidar com questões mais complexas.
Um dos desafios iminentes é a realidade do analfabetismo digital. Muitos dos que buscam benefícios, em especial os idosos, não possuem familiaridade com tecnologias e enfrentam dificuldades para interagir com o sistema, escanear documentos ou mesmo realizar um simples agendamento por telefone.
Finalmente, os frequentes problemas técnicos agravam a situação. Só neste ano, o INSS registrou 51 instabilidades em seus sistemas, afetando servidores e beneficiários. Entretanto, a instituição ressalta que tem trabalhado para aprimorar seus sistemas, modernizando infraestruturas e incorporando operações assíncronas, que processam informações fora do horário comercial, garantindo assim um melhor funcionamento durante as operações diárias.
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