O incêndio que tomou conta do navio transportador de automóveis Fremantle Highway na última quarta-feira (26), no litoral da Holanda, levantou a questão do perigo por trás dos carros elétricos. Em um período de cinco anos, cerca de oito navios que transportavam carros elétricos arderam igualmente em chamas e autoridades discutem meios de se aumentar a segurança no transporte marítimo de veículos.
Oito incêndios em cinco anos
O incêndio do navio transportador de automóveis no litoral da Holanda não foi um caso isolado e o incidente ocorrido na última quarta-feira (26) ligou o sinal de alerta. Nos últimos cinco anos, oito embarcações de grande porte que transportavam carros também pegaram fogo, causando vítimas fatais entre bombeiros e tripulantes, além de navios perdidos ou seriamente danificados, e um prejuízo de aproximadamente 20.000 veículos queimados.
No entanto, o que chamou mais atenção na maioria dos casos é que grande parte dos navios transportava carros elétricos, o que está apontado como a principal causa desses incêndios, que não costumavam acontecer com tanta frequência, até então. Segundo as autoridades, em ao menos metade dos oito casos, as chamas tiveram início nas baterias dos carros elétricos transportados.
As batérias dos carros elétricos são de íons de lítio, nas quais contém eletrólitos inflamáveis e materiais altamente reativos, podendo facilmente ocasionar curto circuitos ou explosões caso não sejam desativadas antes dos veículos subirem aos navios.
Um pequeno curto-circuito na bateria de um único carro elétrico pode gerar uma reação em cadeia, pois uma vez atingidas pelo fogo, as baterias chegam a atingir temperaturas superiores a 2.700 graus Celsius, aumentando a velocidade de propagação e a intensidade das chamas, tornando-se uma tarefa quase impossível para os bombeiros ao tentarem extinguirem este tipo de incêndio.
O incêndio que atingiu o navio Fremantle Highway, que levava quase 4 mil veículos zero quilômetro da Alemanha para o Egito, sendo 498 deles elétricos, foi apenas o mais recente de uma grande lista de casos envolvendo veículos deste tipo, conforme você poderá relembrar mais abaixo.
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Incêndio no convés
Assim como Fremantle Highway, outro navio também foi tomado por incêndio no último mês. No dia 5 de julho, o navio italiano Grande Costa D´Avorio, que transportava carros e contêineres, pegou fogo no porto de Newark, nos Estados Unidos, quando recebia 1.200 veículos usados que seriam transportados para fins de exportação. No entanto, neste caso, nenhum dos automóveis era elétrico.
O fogo durou seis dias e vitimou dois bombeiros, além de causar ferimentos em seis.
Incêndio de quatro dias
Em fevereiro deste ano, o navio AH Shin, do Panamá, transportava 4.530 carros vindos da Coreia do Sul com destino à Singapura, quando começou a pegar fogo, ficando à deriva a 40 quilômetros da costa vietnamita. A tripulação com 22 marinheiros russos emitiu sinal de socorro, e, após quatro dias, o fogo foi extinto. Dentre os danos causados pelas chamas, nem todos os carros foram perdidos. Neste caso, a suspeita é que o fogo tenha começado a partir da bateria de um dos veículos elétricos.
4.000 veículos perdidos
Em 16 de fevereiro de 2022, o navio especializado no transporte de veículos Felicity Ace, começou a pegar fogo a 160 km da ilha de Açores, e as chamas não puderam mais ser contidas. O incêndio durou impressionantes 13 dias e 4.000 automóveis foram perdidos. Entre os veículos estavam Porsches, Bentleys e Lamborghinis, conhecidos por seu alto luxo e valor. As chamas que tomaram o navio, que acabou afundando, também podem ter começado em um dos carros elétricos era transportado.
Economia de extintores
No dia 4 de junho de 2020, o Höegh Xiamen, da companhia Grimaldi, havia acabado de sair do porto de Jacksonville, no estado americano da Flórida, com 2.420 veículos, quando foram vistas labaredas em seu interior. Apesar da rápida ação dos bombeiros, o navio foi totalmente tomado pelas chamas.
A investigação que se seguiu após o acidente concluiu que o incêndio teve origem, mais uma vez em uma bateria de um dos automóveis, que, não seguindo recomendações da transportadora, havia sido desconectada de forma incorreta para a viagem, causando um curto-circuito. A decisão do comandante da embarcação em não ativar o sistema de extinção de incêndio assim que o fogo começou também foi apontada como decisiva para a perda do navio e todo o seu carregamento.
Dois incêndios no mesmo navio
No dia 15 de maio de 2019, outro navio da empresa Grimaldi, que transportava 1.687 veículos novos e usados, foi vítima de um incêndio, próximo à costa da Espanha.
O desastre tomou proporções ainda maiores por se tratar, não de um, mas de dois incêndios, um após o outro. O primeiro teve início em um dos carros que estava no convés inferior. No entanto, enquanto a equipe continha o primeiro incêndio, o segundo acontecia em outro convés. De acordo com a empresa, os dois veículos que causaram o acidente eram novos, o que levou a empresa Grimaldi a exigir mudanças na forma como os fabricantes preparavam as baterias dos seus carros para o transporte. Mas, ao que tudo indica, o problema continua.
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